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A direita em união de facto
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A direita em união de facto
A coligação surpreendeu tudo e todos e transformou-se num exército disciplinado
Enquanto se aguarda o atrasadíssimo programa da coligação ou os pormenores das listas conjuntas com que os dois partidos se hão-de apresentar às legislativas, é extraordinário constatar como foi possível PSD e CDS não só terem conseguido levar o Governo até ao fim da legislatura, como renovar os votos deste ‘casamento’ através de uma aliança em que ninguém acreditava. Não eram as birras e as fugas de informação em momentos cruciais, as ameaças de demissão e as farpas com destinatário incerto, o distanciamento higiénico de temas incómodos ou os silêncios prolongados a contrariar este desfecho surpreendente, após quatro anos de convivência em comum. É sobretudo a história atribulada de quase quatro décadas de encontros e desencontros entre os dois partidos, mais recheadas de ódios e de traições, do que de cenas de amor e fidelidade. A actual coligação “Portugal à frente” teve percursoras. Logo em 1979, foi a Aliança Democrática protagonizada por Sá Carneiro, Freitas do Amaral e o PPM, de Gonçalo Ribeiro Teles, cujo fim foi sinalizado pelo trágico acidente que vitimou o então líder do PSD no acidente de Camarate e cuja morte foi uma espécie de combinação fatal entre intriga, golpes palacianos e derrota eleitoral (autárquicas de 1982). Desde então, os dois partidos estiveram mais afastados do que nunca, com os dez anos de cavaquismo a cavar um fosso que parecia inexpugnável de ultrapassar até finais dos anos 90, quando Marcelo Rebelo de Sousa ensaiou a Alternativa Democrática com o CDS, então liderado por Paulo Portas, travestido de Partido Popular. Não teve um fim edificante esta nova tentativa, que sucumbiu em acusações mútuas de falta de confiança política entre os dois líderes. Mas as inesperadas eleições de 2002, ganhas pelo PSD sem maioria absoluta, propiciaram novos entendimentos. Um acordo de incidência parlamentar levou à formação do Governo. Portas assumiu a pasta da Defesa neste Executivo que caiu dois anos depois, quando Durão decidiu sair para a Comissão Europeia. A sombra da desconfiança mútua marcou um período que só o peso de Durão foi disfarçando, mas na equipa que se seguiu, chefiada por Santana Lopes, tudo piorou. O fim desta história não foi propriamente edificante.
Hoje, tudo mudou. Enquanto a esquerda continua a odiar-se cordialmente, Passos Coelho e Portas parecem irmãos siameses, um e outro sempre juntos; os dois partidos vivem em união de facto – do topo à base a palavra de ordem é unidade! Até a histórica festa social-democrata do Pontal será comemorada a dois, caso nunca visto nem sonhado até há pouco. Com as sondagens a afastarem a hipótese de maioria absoluta, a exibição de um bloco alternativo sólido pode ser factor decisivo para uma fatia importante do eleitorado do centro, que tem medo de arriscar. É isso que explica este exército disciplinado à direita, disposto a lutar no terreno por cada voto na esperança de uma conversão surpreendente desses votos em mandatos.
DIRECÇÃO EDITORIAL
20/07/2015 - 07:49
Público
Enquanto se aguarda o atrasadíssimo programa da coligação ou os pormenores das listas conjuntas com que os dois partidos se hão-de apresentar às legislativas, é extraordinário constatar como foi possível PSD e CDS não só terem conseguido levar o Governo até ao fim da legislatura, como renovar os votos deste ‘casamento’ através de uma aliança em que ninguém acreditava. Não eram as birras e as fugas de informação em momentos cruciais, as ameaças de demissão e as farpas com destinatário incerto, o distanciamento higiénico de temas incómodos ou os silêncios prolongados a contrariar este desfecho surpreendente, após quatro anos de convivência em comum. É sobretudo a história atribulada de quase quatro décadas de encontros e desencontros entre os dois partidos, mais recheadas de ódios e de traições, do que de cenas de amor e fidelidade. A actual coligação “Portugal à frente” teve percursoras. Logo em 1979, foi a Aliança Democrática protagonizada por Sá Carneiro, Freitas do Amaral e o PPM, de Gonçalo Ribeiro Teles, cujo fim foi sinalizado pelo trágico acidente que vitimou o então líder do PSD no acidente de Camarate e cuja morte foi uma espécie de combinação fatal entre intriga, golpes palacianos e derrota eleitoral (autárquicas de 1982). Desde então, os dois partidos estiveram mais afastados do que nunca, com os dez anos de cavaquismo a cavar um fosso que parecia inexpugnável de ultrapassar até finais dos anos 90, quando Marcelo Rebelo de Sousa ensaiou a Alternativa Democrática com o CDS, então liderado por Paulo Portas, travestido de Partido Popular. Não teve um fim edificante esta nova tentativa, que sucumbiu em acusações mútuas de falta de confiança política entre os dois líderes. Mas as inesperadas eleições de 2002, ganhas pelo PSD sem maioria absoluta, propiciaram novos entendimentos. Um acordo de incidência parlamentar levou à formação do Governo. Portas assumiu a pasta da Defesa neste Executivo que caiu dois anos depois, quando Durão decidiu sair para a Comissão Europeia. A sombra da desconfiança mútua marcou um período que só o peso de Durão foi disfarçando, mas na equipa que se seguiu, chefiada por Santana Lopes, tudo piorou. O fim desta história não foi propriamente edificante.
Hoje, tudo mudou. Enquanto a esquerda continua a odiar-se cordialmente, Passos Coelho e Portas parecem irmãos siameses, um e outro sempre juntos; os dois partidos vivem em união de facto – do topo à base a palavra de ordem é unidade! Até a histórica festa social-democrata do Pontal será comemorada a dois, caso nunca visto nem sonhado até há pouco. Com as sondagens a afastarem a hipótese de maioria absoluta, a exibição de um bloco alternativo sólido pode ser factor decisivo para uma fatia importante do eleitorado do centro, que tem medo de arriscar. É isso que explica este exército disciplinado à direita, disposto a lutar no terreno por cada voto na esperança de uma conversão surpreendente desses votos em mandatos.
DIRECÇÃO EDITORIAL
20/07/2015 - 07:49
Público
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