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A esquina do Rio
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A esquina do Rio
Sinto-me tentado a dizer que daqui a um ano o panorama dos canais portugueses no cabo vai ser diferente, para pior, em quantidade e qualidade, relativamente à oferta que hoje em dia existe.
Back to basics
Seja onde for que eu vá, acabo por descobrir que antes de mim já lá esteve um poeta
Sigmund Freud
Mediáticos
Sinto-me tentado a dizer que daqui a um ano o panorama dos canais portugueses no cabo vai ser diferente, para pior, em quantidade e qualidade, relativamente à oferta que hoje em dia existe. A Altice já iniciou as renegociações sobre os valores que a PT pagava aos operadores portugueses pelos canais que distribuía e tem a expectativa de obter grandes reduções. A NOS, mas também a Vodafone, observam com atenção o que se passa para, se a Altice for bem sucedida, poderem elas próprias renegociar também em baixa os valores que pagam aos mesmos operadores. Não é arriscado dizer que os operadores que detêm canais no cabo e que beneficiaram de contratos generosos dos dois antigos principais operadores de distribuição, a PT/MEO e a TV Cabo/ZON, podem ver as suas receitas diminuir de forma acentuada. Nalguns casos, estes operadores, nomeadamente a RTP, a SIC e a TVI, tinham nas operações de cabo subsidiadas pelos distribuidores uma fonte de receitas que ajudava ao fecho de contas. Esta situação corre o risco de começar a ser um gerador de resultados negativos, a não ser que se tomem drásticas medidas de cortes de custos - e previsivelmente os canais de informação serão dos mais atingidos. O que me preocupa quando olho para este panorama é pensar que se pode entrar num ciclo vicioso: menos orçamento, menos meios de produção, perda de qualidade, deterioração de audiências, queda das receitas publicitárias. Os media não valem nada sem audiência. Se desprezam a qualidade, arriscam perder valor - porque o único valor que têm é o poder da comunicação que conseguem estabelecer. Vamos ter pela frente tempos complicados na paisagem mediática.
Semanada
• Cinco milhões seiscentos e quatro mil é, actualmente, o número de portugueses que utilizam Internet, dos quais 2,2 milhões declaram usar "tablets", revela um estudo da Marktest • Em quatro anos, emigraram seis mil bombeiros, o que significa metade do total que existiam • Entre 1 de Janeiro e 15 de Julho, registaram-se 8.753 incêndios florestais, que atingiram 23.702 hectares, mais que em anos anteriores, no mesmo período • Portugal tem a segunda maior taxa de emigração da Europa, atrás de Malta • 2,3 milhões de portugueses residiam fora do país em 2013 • Até final de Junho, 480 empresas tinham salários em atraso, no valor de 1,8 milhões de euros • Um em cada dois trabalhadores portugueses trabalha em "part-time", contra um em quatro, que é a média da UE • Cada família portuguesa pagou mais 1.415 euros de IRS em dois anos • todos os dias, 96 famílias portuguesas pedem ajuda para pagarem as dívidas • O nível de incumprimento das empresas portuguesas à banca nunca foi tão elevado como agora, e atingiu um rácio de crédito malparado de 15,7% dos empréstimos • Segundo o Eurostat, Portugal tem a 3.ª maior dívida pública da União Europeia - 129,6% do PIB • o Tribunal de Contas indica 2.691 milhões de euros de custos para o Estado com o BPN, mais 495 milhões que o previsto em 2014 • O Ministério da Saúde enviou para investigação, nos últimos três anos, 416 processos, no âmbito do combate à fraude, que equivalem a um montante de 372 milhões de euros.
Dixit
Talvez tenha sobrestimado a competência do governo grego. Nunca calculei que pudessem tomar uma posição e exigir melhores condições sem ter um plano alternativo.
Paul Krugman
Folhear
Nos últimos tempos, tem-se notado um ressurgir das revistas de viagem - não os álbuns de postais ilustrados, habituais no início deste século, mas publicações que se baseiam em relatos mais ou menos extensos, a meio caminho da literatura de viagem tradicional. A revista Monocle, que nos últimos anos fez edições especiais em formato de jornal no Verão e no Inverno (respectivamente a Monocle Alpino e a Monocle Mediterraneo), decidiu, em finais de 2014, avançar para um novo conceito. E assim, no final do ano, edita uma publicação dedicada a perspectivar o futuro ("The Forecast") e agora lançou uma consagrada às viagens e à descoberta, "The Escapist", que se pretende uma leitura de férias inspiradora de viagens, com o habitual peso hedonista da publicação mãe. "The Escapist" percorre o mundo, do Alaska ao Japão, passando pela América do Sul, o Médio Oriente, África, Ásia e a Europa - ou, se quisermos, de Varsóvia a Addis Abeba, passando pelo Djibouti ou Sapporo. Como sempre, há indiscutivelmente boas ideias editoriais e um cuidado estilo gráfico, além de uma edição fotográfica que parece ingénua, mas que no fundo é muito sofisticada. Como curiosidade, refira-se que os dois grandes anunciantes desta edição são diversas regiões e temas do turismo de Espanha e a rede de alojamento partilhado "airbnb", que aliás publica um destacável - nos dois casos, numa cuidada composição entre o editorial e o comercial. Existe uma lista dos 50 melhores restaurantes de 2015, com duas referências portuguesas, ambas inesperadas, mas justas - o Gambrinus, em Lisboa, na 42ª posição, e a Mercearia Gadanha, em Estremoz, na 49.ª. O primeiro lugar foi para o Beard, em Tóquio, e o segundo para o incontornável River Café, em Londres, e o terceiro para o Pa & Co, em Estocolmo.
Gosto
Deste diálogo do Bartoon, a propósito da compra do Autódromo do Estoril pela Câmara de Cascais: "Espantoso este País, não acha? - as pistas de corrida passam para o sector público e as redes de transporte público para o sector privado".
Não gosto
Que a ASAE conceda um tratamento especial de tolerância na inspecção de locais e eventos, quando lá se deslocam membros do Governo.
Ver
Hoje destaco duas exposições bem diferentes que estão na Gulbenkian até meados de Outubro. A mais cativante, "Todos os livros" (na imagem), é a que agrupa cerca de meia centena de livros de artista produzidos por Lourdes Castro, desde os anos 50 até hoje, muitos deles nunca antes expostos. Destaque para uma das obras até agora inéditas, "Un Autre Livre Rouge", realizado em Paris no início dos anos de 1970, em colaboração com Manuel Zimbro, numa clara evocação do título do livro de pensamentos de Mao Zedong e num exercício bem humorado em torno da cor vermelha. Muitos dos livros são únicos, outros tiveram edições limitadas, feitas em serigrafia e alguns resultaram da colaboração com escritores, como Benjamin Patterson, ou de artistas como René Bertholo, que esteve com Lourdes Castro na revista KWI. A outra exposição, "Olhos nos Olhos - o retrato na colecção do Centro de Arte Moderna", percorre o universo do retrato ao longo do século XX, ao longo de 140 obras de autores como Amadeo de Souza-Cardoso, Almada Negreiros, Milly, Eduardo Viana, Francis Smith, Paula Rego, Gilbert & George, Jane & Louise Wilson, John Coplans, Nikias Skapinakis, Pedro Cabrita Reis, António Areal, Jorge Molder, Cruzeiro Seixas, Mário Cesariny, Mário Botas, João Hogan, Maria Beatriz, Ana Hatherly, Victor Palla, José Escada e Helena Almeida, entre outros.
Ouvir
O realizador Ruben Alves, autor do filme "A Gaiola Dourada", é o autor do projecto "Amália - As Vozes do Fado", um CD que agrupa 13 dos mais importantes fados de Amália Rodrigues, reinterpretados por outras vozes, em gravações actuais. O projecto envolveu uma obra do industrial de graffiti e obras urbanas Vhils, baseada numa fotografia de Amália e executado em calçada portuguesa, na zona de Alfama - na realidade, a acção promocional da imagem do disco, aproveitada aliás para a respectiva capa. Este CD mostra que Ruben Alves é melhor a realizar filmes do que a conceber discos: a produção é irregular, algumas escolhas de intérpretes são incompreensíveis e as opções de quem supervisionou a produção, em matéria de enquadramento dos intérpretes, são, na maioria, estranhas - nalguns casos, solicitou ou permitiu o pastiche puro e simples e noutros lá deixou o talento aparecer, como na interpretação de "Grito" por Ricardo Ribeiro, no "Medo", por Gisela João ou, em menor escala, em "Abandono" por Camané.
Carminho e Ana Moura confirmam-se irrelevantes imitadoras e António Zambujo desilude. Os duetos da segunda parte do disco são particularmente penosos - percebe-se a intenção comercial e o piscar de olhos a vários mercados, mas nenhum deles é mais do que uma curiosidade irrelevante, por vezes de mau gosto, até.
Arco da velha
O fornecimento das cantinas escolares de Guimarães nos próximos três anos foi adjudicado pela autarquia a uma empresa que reconhece ter cortado, na dimensão das doses, alimentos, como o peixe, que estavam previstas nas condições do concurso.
Os outros concorrentes reclamaram e a autarquia desvaloriza a questão.
Provar´
A imprensa regional de Lisboa noticiou a abertura de um restaurante que se pretende tipicamente italiano - tão típico que todos os empregados e o próprio dono ouvem em português mas falam em italiano. Seduzido pelas descrições da paróquia, lancei-me ao caminho para jantar num dia de semana. Apesar de estar em frente à escadaria do Parlamento (felizmente sem ópera nessa noite), tive a boa sorte de não encontrar por lá nenhum deputado - que, na sua maioria, são um mal necessário da democracia. As massas frescas foram-me muito louvaminhadas, mas embora as próprias pareçam, de facto, frescas e sejam de boa confecção, o cozinhado do seu condimento envolvente era algo sem história. Melhores eram as entradas - sobretudo a bresaola e o presunto, ambos de boa estirpe -, o queijo pecou por escasso, apesar de menos aliciante. O serviço é muito simpático e sorridente mas algo atabalhoado e, sobretudo, esquecido em relação a pedidos suplementares e até a sugestões do próprio dono - situação que a simpatia tende a não resolver. O Il Matriciano fica na Rua de S. Bento 107 e tem o telefone 213952639. Se quiserem ir, o melhor será marcar que o sítio anda na moda vá-se lá saber porquê.
24 Julho 2015, 10:16 por Manuel Falcão
Negócios
Back to basics
Seja onde for que eu vá, acabo por descobrir que antes de mim já lá esteve um poeta
Sigmund Freud
Mediáticos
Sinto-me tentado a dizer que daqui a um ano o panorama dos canais portugueses no cabo vai ser diferente, para pior, em quantidade e qualidade, relativamente à oferta que hoje em dia existe. A Altice já iniciou as renegociações sobre os valores que a PT pagava aos operadores portugueses pelos canais que distribuía e tem a expectativa de obter grandes reduções. A NOS, mas também a Vodafone, observam com atenção o que se passa para, se a Altice for bem sucedida, poderem elas próprias renegociar também em baixa os valores que pagam aos mesmos operadores. Não é arriscado dizer que os operadores que detêm canais no cabo e que beneficiaram de contratos generosos dos dois antigos principais operadores de distribuição, a PT/MEO e a TV Cabo/ZON, podem ver as suas receitas diminuir de forma acentuada. Nalguns casos, estes operadores, nomeadamente a RTP, a SIC e a TVI, tinham nas operações de cabo subsidiadas pelos distribuidores uma fonte de receitas que ajudava ao fecho de contas. Esta situação corre o risco de começar a ser um gerador de resultados negativos, a não ser que se tomem drásticas medidas de cortes de custos - e previsivelmente os canais de informação serão dos mais atingidos. O que me preocupa quando olho para este panorama é pensar que se pode entrar num ciclo vicioso: menos orçamento, menos meios de produção, perda de qualidade, deterioração de audiências, queda das receitas publicitárias. Os media não valem nada sem audiência. Se desprezam a qualidade, arriscam perder valor - porque o único valor que têm é o poder da comunicação que conseguem estabelecer. Vamos ter pela frente tempos complicados na paisagem mediática.
Semanada
• Cinco milhões seiscentos e quatro mil é, actualmente, o número de portugueses que utilizam Internet, dos quais 2,2 milhões declaram usar "tablets", revela um estudo da Marktest • Em quatro anos, emigraram seis mil bombeiros, o que significa metade do total que existiam • Entre 1 de Janeiro e 15 de Julho, registaram-se 8.753 incêndios florestais, que atingiram 23.702 hectares, mais que em anos anteriores, no mesmo período • Portugal tem a segunda maior taxa de emigração da Europa, atrás de Malta • 2,3 milhões de portugueses residiam fora do país em 2013 • Até final de Junho, 480 empresas tinham salários em atraso, no valor de 1,8 milhões de euros • Um em cada dois trabalhadores portugueses trabalha em "part-time", contra um em quatro, que é a média da UE • Cada família portuguesa pagou mais 1.415 euros de IRS em dois anos • todos os dias, 96 famílias portuguesas pedem ajuda para pagarem as dívidas • O nível de incumprimento das empresas portuguesas à banca nunca foi tão elevado como agora, e atingiu um rácio de crédito malparado de 15,7% dos empréstimos • Segundo o Eurostat, Portugal tem a 3.ª maior dívida pública da União Europeia - 129,6% do PIB • o Tribunal de Contas indica 2.691 milhões de euros de custos para o Estado com o BPN, mais 495 milhões que o previsto em 2014 • O Ministério da Saúde enviou para investigação, nos últimos três anos, 416 processos, no âmbito do combate à fraude, que equivalem a um montante de 372 milhões de euros.
Dixit
Talvez tenha sobrestimado a competência do governo grego. Nunca calculei que pudessem tomar uma posição e exigir melhores condições sem ter um plano alternativo.
Paul Krugman
Folhear
Nos últimos tempos, tem-se notado um ressurgir das revistas de viagem - não os álbuns de postais ilustrados, habituais no início deste século, mas publicações que se baseiam em relatos mais ou menos extensos, a meio caminho da literatura de viagem tradicional. A revista Monocle, que nos últimos anos fez edições especiais em formato de jornal no Verão e no Inverno (respectivamente a Monocle Alpino e a Monocle Mediterraneo), decidiu, em finais de 2014, avançar para um novo conceito. E assim, no final do ano, edita uma publicação dedicada a perspectivar o futuro ("The Forecast") e agora lançou uma consagrada às viagens e à descoberta, "The Escapist", que se pretende uma leitura de férias inspiradora de viagens, com o habitual peso hedonista da publicação mãe. "The Escapist" percorre o mundo, do Alaska ao Japão, passando pela América do Sul, o Médio Oriente, África, Ásia e a Europa - ou, se quisermos, de Varsóvia a Addis Abeba, passando pelo Djibouti ou Sapporo. Como sempre, há indiscutivelmente boas ideias editoriais e um cuidado estilo gráfico, além de uma edição fotográfica que parece ingénua, mas que no fundo é muito sofisticada. Como curiosidade, refira-se que os dois grandes anunciantes desta edição são diversas regiões e temas do turismo de Espanha e a rede de alojamento partilhado "airbnb", que aliás publica um destacável - nos dois casos, numa cuidada composição entre o editorial e o comercial. Existe uma lista dos 50 melhores restaurantes de 2015, com duas referências portuguesas, ambas inesperadas, mas justas - o Gambrinus, em Lisboa, na 42ª posição, e a Mercearia Gadanha, em Estremoz, na 49.ª. O primeiro lugar foi para o Beard, em Tóquio, e o segundo para o incontornável River Café, em Londres, e o terceiro para o Pa & Co, em Estocolmo.
Gosto
Deste diálogo do Bartoon, a propósito da compra do Autódromo do Estoril pela Câmara de Cascais: "Espantoso este País, não acha? - as pistas de corrida passam para o sector público e as redes de transporte público para o sector privado".
Não gosto
Que a ASAE conceda um tratamento especial de tolerância na inspecção de locais e eventos, quando lá se deslocam membros do Governo.
Ver
Hoje destaco duas exposições bem diferentes que estão na Gulbenkian até meados de Outubro. A mais cativante, "Todos os livros" (na imagem), é a que agrupa cerca de meia centena de livros de artista produzidos por Lourdes Castro, desde os anos 50 até hoje, muitos deles nunca antes expostos. Destaque para uma das obras até agora inéditas, "Un Autre Livre Rouge", realizado em Paris no início dos anos de 1970, em colaboração com Manuel Zimbro, numa clara evocação do título do livro de pensamentos de Mao Zedong e num exercício bem humorado em torno da cor vermelha. Muitos dos livros são únicos, outros tiveram edições limitadas, feitas em serigrafia e alguns resultaram da colaboração com escritores, como Benjamin Patterson, ou de artistas como René Bertholo, que esteve com Lourdes Castro na revista KWI. A outra exposição, "Olhos nos Olhos - o retrato na colecção do Centro de Arte Moderna", percorre o universo do retrato ao longo do século XX, ao longo de 140 obras de autores como Amadeo de Souza-Cardoso, Almada Negreiros, Milly, Eduardo Viana, Francis Smith, Paula Rego, Gilbert & George, Jane & Louise Wilson, John Coplans, Nikias Skapinakis, Pedro Cabrita Reis, António Areal, Jorge Molder, Cruzeiro Seixas, Mário Cesariny, Mário Botas, João Hogan, Maria Beatriz, Ana Hatherly, Victor Palla, José Escada e Helena Almeida, entre outros.
Ouvir
O realizador Ruben Alves, autor do filme "A Gaiola Dourada", é o autor do projecto "Amália - As Vozes do Fado", um CD que agrupa 13 dos mais importantes fados de Amália Rodrigues, reinterpretados por outras vozes, em gravações actuais. O projecto envolveu uma obra do industrial de graffiti e obras urbanas Vhils, baseada numa fotografia de Amália e executado em calçada portuguesa, na zona de Alfama - na realidade, a acção promocional da imagem do disco, aproveitada aliás para a respectiva capa. Este CD mostra que Ruben Alves é melhor a realizar filmes do que a conceber discos: a produção é irregular, algumas escolhas de intérpretes são incompreensíveis e as opções de quem supervisionou a produção, em matéria de enquadramento dos intérpretes, são, na maioria, estranhas - nalguns casos, solicitou ou permitiu o pastiche puro e simples e noutros lá deixou o talento aparecer, como na interpretação de "Grito" por Ricardo Ribeiro, no "Medo", por Gisela João ou, em menor escala, em "Abandono" por Camané.
Carminho e Ana Moura confirmam-se irrelevantes imitadoras e António Zambujo desilude. Os duetos da segunda parte do disco são particularmente penosos - percebe-se a intenção comercial e o piscar de olhos a vários mercados, mas nenhum deles é mais do que uma curiosidade irrelevante, por vezes de mau gosto, até.
Arco da velha
O fornecimento das cantinas escolares de Guimarães nos próximos três anos foi adjudicado pela autarquia a uma empresa que reconhece ter cortado, na dimensão das doses, alimentos, como o peixe, que estavam previstas nas condições do concurso.
Os outros concorrentes reclamaram e a autarquia desvaloriza a questão.
Provar´
A imprensa regional de Lisboa noticiou a abertura de um restaurante que se pretende tipicamente italiano - tão típico que todos os empregados e o próprio dono ouvem em português mas falam em italiano. Seduzido pelas descrições da paróquia, lancei-me ao caminho para jantar num dia de semana. Apesar de estar em frente à escadaria do Parlamento (felizmente sem ópera nessa noite), tive a boa sorte de não encontrar por lá nenhum deputado - que, na sua maioria, são um mal necessário da democracia. As massas frescas foram-me muito louvaminhadas, mas embora as próprias pareçam, de facto, frescas e sejam de boa confecção, o cozinhado do seu condimento envolvente era algo sem história. Melhores eram as entradas - sobretudo a bresaola e o presunto, ambos de boa estirpe -, o queijo pecou por escasso, apesar de menos aliciante. O serviço é muito simpático e sorridente mas algo atabalhoado e, sobretudo, esquecido em relação a pedidos suplementares e até a sugestões do próprio dono - situação que a simpatia tende a não resolver. O Il Matriciano fica na Rua de S. Bento 107 e tem o telefone 213952639. Se quiserem ir, o melhor será marcar que o sítio anda na moda vá-se lá saber porquê.
24 Julho 2015, 10:16 por Manuel Falcão
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