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Viagem à Polónia
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Viagem à Polónia
Um dos segredos mais mal guardados de Lisboa, no seu aeroporto, é que se queremos descansadamente apanhar um táxi quando chegamos, devemos ir fazê-lo à zona das partidas. Isto de facto é bizarro e merece uma análise futura mais detalhada.
Um período estival merece um artigo estival. E é assim que começará o presente artigo acreditando que não terminará assim. Pois bem, há duas semanas gozei com a minha mulher uma semana de férias. E contrariando todas as expetativas, porque decidimos sempre um pouco em cima da hora, optámos pela Polónia.
O zloty
Primeira questão: na Polónia usam o euro? Claro que não. Têm uma moeda própria cuja denominação e origem se perdem na Idade Média. Na União Europeia desde 2004, é interessante um país que sentimos pertencer de pleno direito nesta comunidade ter uma moeda própria e percebermos que não é intenção dos polacos prescindirem facilmente dessa autonomia. Quando se fala do zloty reconhece-se localmente uma economia pujante, o que se torna um pouco assustador: de facto, estar num país, mais propriamente nas cidades de Varsóvia (a capital) e Cracóvia (a cidade onde Karol Wojtyla viveu cerca de 40 anos da sua vida, antes de ser o Papa João Paulo II) cujo PIB nominal per capita está a cerca de 2.400 dólares do português, e que com a dinâmica existente, a juventude da população, a riqueza dos recursos naturais e a centralidade na Europa rapidamente se percebe que temos aqui bem perto de Portugal um país que no prazo de 10 a 15 anos será um dos motores desta Europa em crise de meia-idade. E que Portugal tem de acelerar e promover a sua centralidade e reforçar a aposta nos seus recursos humanos e materiais.
A Joaninha
Sinal desta dinâmica passa por uma marca que é também portuguesa – a Biedronka. Fundada em 1995 pela Jerónimo Martins, com parceiros locais, é um símbolo da dinâmica que atrás refiro. Sentimos algum orgulho pela forma como em cada esquina surge uma destas lojas que têm vindo a desempenhar um papel importante na criação de emprego e da oferta de um conjunto de produtos de baixo preço mas de bom valor, a exemplo do bom vinho português que por lá se vende. A propósito do vinho português, em lado nenhum (restaurante, entenda-se) o vi disponível para consumo. Assim como também não vi vinho polaco. Nestas alturas é que se percebe o valor a dar aos produtos para os quais temos características únicas e em que podemos e devemos investir com valor acrescentado elevado. Fazer a viagem Varsóvia – Cracóvia num excelente comboio (igual aos "nossos", mas sem Wi-Fi, logo bem pior!!!) e ver campos de cultivo e floresta a perder de vista que, segundo me dizem, têm uma produtividade tremenda, fazem-me perceber que, efetivamente, a produção de cereais em Portugal só surge de uma perspetiva de autonomia que surge num período de isolacionismo e que o nosso foco se deve claramente centrar nos produtos que façam a diferença – cortiça, vinha, frutas e hortícolas de elevada qualidade e, claro, floresta. Se a coisa tem vindo a melhorar, o Alqueva terá certamente um papel que poderá alterar esta equação.
Sinais de prioridade
Uma das coisas que reparei, sem perceber muito bem porquê (até porque não conduzi nenhuma viatura na Polónia), foi a proliferação de sinais de prioridade, daqueles amarelos e brancos, que simplesmente desapareceram da nossa paisagem viária. Porque será? Será que nos focámos tanto nos alertas, nas proibições, nas cautelas e com isso perdemos a noção do que é prioritário e que nos dá a segurança de irmos numa via em que os outros têm de nos ceder passagem?
Auschwitz-Birkenau
Estive lá. Todos lá deveriam ir. E no fim, ouvir o guia falar dos genocídios e perseguições que ainda ocorrem no Mundo e pedir que nós nunca, mas mesmo nunca, nos calemos, faz-me sentir vergonha pela indiferença que nos assiste, vezes demais. Importa lembrar sempre o poema de Martin Niemöller.
Táxis no aeroporto de Lisboa
Um dos segredos mais mal guardados de Lisboa, no seu aeroporto, é que se queremos descansadamente apanhar um táxi quando chegamos, devemos ir fazê-lo à zona das partidas. Isto de facto é bizarro e merece uma análise futura mais detalhada.
Literatura de férias
Nesta semana de férias, o livro que li foi "O jantar" de Herman Koch. Um murro no estômago! Aconselho.
Administrador ISG
Este artigo está em conformidade com o novo Acordo Ortográfico
26 Julho 2015, 19:30 por Carlos Vieira | cfvieira@ensinus.pt
Negócios
Um período estival merece um artigo estival. E é assim que começará o presente artigo acreditando que não terminará assim. Pois bem, há duas semanas gozei com a minha mulher uma semana de férias. E contrariando todas as expetativas, porque decidimos sempre um pouco em cima da hora, optámos pela Polónia.
O zloty
Primeira questão: na Polónia usam o euro? Claro que não. Têm uma moeda própria cuja denominação e origem se perdem na Idade Média. Na União Europeia desde 2004, é interessante um país que sentimos pertencer de pleno direito nesta comunidade ter uma moeda própria e percebermos que não é intenção dos polacos prescindirem facilmente dessa autonomia. Quando se fala do zloty reconhece-se localmente uma economia pujante, o que se torna um pouco assustador: de facto, estar num país, mais propriamente nas cidades de Varsóvia (a capital) e Cracóvia (a cidade onde Karol Wojtyla viveu cerca de 40 anos da sua vida, antes de ser o Papa João Paulo II) cujo PIB nominal per capita está a cerca de 2.400 dólares do português, e que com a dinâmica existente, a juventude da população, a riqueza dos recursos naturais e a centralidade na Europa rapidamente se percebe que temos aqui bem perto de Portugal um país que no prazo de 10 a 15 anos será um dos motores desta Europa em crise de meia-idade. E que Portugal tem de acelerar e promover a sua centralidade e reforçar a aposta nos seus recursos humanos e materiais.
A Joaninha
Sinal desta dinâmica passa por uma marca que é também portuguesa – a Biedronka. Fundada em 1995 pela Jerónimo Martins, com parceiros locais, é um símbolo da dinâmica que atrás refiro. Sentimos algum orgulho pela forma como em cada esquina surge uma destas lojas que têm vindo a desempenhar um papel importante na criação de emprego e da oferta de um conjunto de produtos de baixo preço mas de bom valor, a exemplo do bom vinho português que por lá se vende. A propósito do vinho português, em lado nenhum (restaurante, entenda-se) o vi disponível para consumo. Assim como também não vi vinho polaco. Nestas alturas é que se percebe o valor a dar aos produtos para os quais temos características únicas e em que podemos e devemos investir com valor acrescentado elevado. Fazer a viagem Varsóvia – Cracóvia num excelente comboio (igual aos "nossos", mas sem Wi-Fi, logo bem pior!!!) e ver campos de cultivo e floresta a perder de vista que, segundo me dizem, têm uma produtividade tremenda, fazem-me perceber que, efetivamente, a produção de cereais em Portugal só surge de uma perspetiva de autonomia que surge num período de isolacionismo e que o nosso foco se deve claramente centrar nos produtos que façam a diferença – cortiça, vinha, frutas e hortícolas de elevada qualidade e, claro, floresta. Se a coisa tem vindo a melhorar, o Alqueva terá certamente um papel que poderá alterar esta equação.
Sinais de prioridade
Uma das coisas que reparei, sem perceber muito bem porquê (até porque não conduzi nenhuma viatura na Polónia), foi a proliferação de sinais de prioridade, daqueles amarelos e brancos, que simplesmente desapareceram da nossa paisagem viária. Porque será? Será que nos focámos tanto nos alertas, nas proibições, nas cautelas e com isso perdemos a noção do que é prioritário e que nos dá a segurança de irmos numa via em que os outros têm de nos ceder passagem?
Auschwitz-Birkenau
Estive lá. Todos lá deveriam ir. E no fim, ouvir o guia falar dos genocídios e perseguições que ainda ocorrem no Mundo e pedir que nós nunca, mas mesmo nunca, nos calemos, faz-me sentir vergonha pela indiferença que nos assiste, vezes demais. Importa lembrar sempre o poema de Martin Niemöller.
Táxis no aeroporto de Lisboa
Um dos segredos mais mal guardados de Lisboa, no seu aeroporto, é que se queremos descansadamente apanhar um táxi quando chegamos, devemos ir fazê-lo à zona das partidas. Isto de facto é bizarro e merece uma análise futura mais detalhada.
Literatura de férias
Nesta semana de férias, o livro que li foi "O jantar" de Herman Koch. Um murro no estômago! Aconselho.
Administrador ISG
Este artigo está em conformidade com o novo Acordo Ortográfico
26 Julho 2015, 19:30 por Carlos Vieira | cfvieira@ensinus.pt
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