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Em viagem
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Em viagem
Avizinha-se, a passos rápidos, o mês de férias por excelência, apesar de, cada vez mais, os períodos de paragem estarem segmentados ao longo do ano. Tal como a maioria dos portugueses, também o OJE em versão impressa vai de férias. Associadas às férias estão as viagens que imaginamos fazer ou que realmente concretizamos. Na verdade, este período do ano é propício a viagens no espaço, mas também no tempo, sobretudo, quando podemos libertar a imaginação naqueles raros momentos de usufruto da paisagem e do bom tempo.
É também altura de leituras retemperadoras. Pensando na cidade de Lisboa e na atração que esta vem a exercer sobre os turistas, que cada vez mais escolhem esta cidade como destino, não posso deixar de lembrar e recomendar uma viagem pelo tempo. O que Lisboa era e como se transformou, os seus hábitos e locais privilegiados, a cultura que aí florescia. O livro de Paula Magalhães Gomes, “Belle Époque: a Lisboa de finais do século XIX e início do século XX”, publicada em 2014 pela Esfera dos Livros, proporciona uma agradável viagem por essa Lisboa desconhecida, em que algumas fotos nos ajudam a reconstruir os cenários que a autora habilmente nos descreve.
Chegados ao início do século XX, outro livro poderá guiar-nos numa viagem, sobretudo pela Lisboa intelectual que se seguiu a este período. Trata-se do livro de Orlando Raimundo, intitulado “António Ferro: o inventor do Salazarismo”, publicado pela D. Quixote este ano. A par da biografia de uma das personalidades que mais marcou a cultura portuguesa, vamos viajando pela cidade de Lisboa, pela sua vida intelectual, e também perscrutando o país em que se vivia. Uma vez mais, viajamos no tempo e no espaço, acompanhando, através da vida de António Ferro, a vida de outros intelectuais portugueses. Da Lisboa cosmopolita à Lisboa bairrista e evocadora da ruralidade, encontramos os paradoxos de uma cidade que vai construindo e procurando o seu espaço.
Mas caso o leitor prefira viajar através da literatura, também poderá fazê-lo, arriscando-se por latitudes e longitudes mais distantes e podendo ainda usufruir de narrativas em português. Aterremos, pois, noutras cidades. Neste caso, sugiro Angola. Dois livros, publicados em 2014 pela editora Guerra e Paz, proporcionam essa deslocação. Num caso, trata-se do livro de Adriano Mixingue, intitulado “O ocaso dos pirilampos”, que proporciona uma deslocação a um espaço imaginário que o leitor poderá construir por si próprio, a partir da narrativa do autor, repleta de pistas para uma sociedade que afinal até existe. No outro caso, trata-se do livro de Tempestade Celestino, com o título “A Virgem”, que nos leva até ao Lobito, descrevendo a sociedade local, sempre num registo bem-disposto e trazendo à presença do leitor algumas contradições da sociedade pós colonial.
Num tempo em que Lisboa e Angola são notícia por motivos diversos, vale a pena viajar por estes espaços, se não fisicamente, pelo menos através de leituras que nos ajudam a melhor entender essa realidade que, por vezes, nos escapa. Porque realidade e imaginário tocam-se muito mais do que pensamos. É ainda bom lembrar que, para além de tudo isto, temos este privilégio de ler sem tradução o português de diferentes regiões e sensibilidades.
Cátia Miriam Costa
Investigadora do Centro de Estudos Internacionais, ISCTE – IUL
Por Oje
Data:Julho 30, 2015
É também altura de leituras retemperadoras. Pensando na cidade de Lisboa e na atração que esta vem a exercer sobre os turistas, que cada vez mais escolhem esta cidade como destino, não posso deixar de lembrar e recomendar uma viagem pelo tempo. O que Lisboa era e como se transformou, os seus hábitos e locais privilegiados, a cultura que aí florescia. O livro de Paula Magalhães Gomes, “Belle Époque: a Lisboa de finais do século XIX e início do século XX”, publicada em 2014 pela Esfera dos Livros, proporciona uma agradável viagem por essa Lisboa desconhecida, em que algumas fotos nos ajudam a reconstruir os cenários que a autora habilmente nos descreve.
Chegados ao início do século XX, outro livro poderá guiar-nos numa viagem, sobretudo pela Lisboa intelectual que se seguiu a este período. Trata-se do livro de Orlando Raimundo, intitulado “António Ferro: o inventor do Salazarismo”, publicado pela D. Quixote este ano. A par da biografia de uma das personalidades que mais marcou a cultura portuguesa, vamos viajando pela cidade de Lisboa, pela sua vida intelectual, e também perscrutando o país em que se vivia. Uma vez mais, viajamos no tempo e no espaço, acompanhando, através da vida de António Ferro, a vida de outros intelectuais portugueses. Da Lisboa cosmopolita à Lisboa bairrista e evocadora da ruralidade, encontramos os paradoxos de uma cidade que vai construindo e procurando o seu espaço.
Mas caso o leitor prefira viajar através da literatura, também poderá fazê-lo, arriscando-se por latitudes e longitudes mais distantes e podendo ainda usufruir de narrativas em português. Aterremos, pois, noutras cidades. Neste caso, sugiro Angola. Dois livros, publicados em 2014 pela editora Guerra e Paz, proporcionam essa deslocação. Num caso, trata-se do livro de Adriano Mixingue, intitulado “O ocaso dos pirilampos”, que proporciona uma deslocação a um espaço imaginário que o leitor poderá construir por si próprio, a partir da narrativa do autor, repleta de pistas para uma sociedade que afinal até existe. No outro caso, trata-se do livro de Tempestade Celestino, com o título “A Virgem”, que nos leva até ao Lobito, descrevendo a sociedade local, sempre num registo bem-disposto e trazendo à presença do leitor algumas contradições da sociedade pós colonial.
Num tempo em que Lisboa e Angola são notícia por motivos diversos, vale a pena viajar por estes espaços, se não fisicamente, pelo menos através de leituras que nos ajudam a melhor entender essa realidade que, por vezes, nos escapa. Porque realidade e imaginário tocam-se muito mais do que pensamos. É ainda bom lembrar que, para além de tudo isto, temos este privilégio de ler sem tradução o português de diferentes regiões e sensibilidades.
Cátia Miriam Costa
Investigadora do Centro de Estudos Internacionais, ISCTE – IUL
Por Oje
Data:Julho 30, 2015
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