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Sobre o risco da casa comum
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Sobre o risco da casa comum
Acabada a Guerra Mundial de 1939-1945, decorreram anos que viram modificar-se a hierarquia das potências, reduzir ao silêncio instâncias internacionais que detinham a proclamação de grandes esperanças, como o Conselho Económico e Social da ONU, multiplicar-se os conflitos armados, mobilizando designadamente dezenas de milhares de crianças para o que foi chamado "guerra em toda a parte", eclodir uma crise económica e financeira mundial com centros de decisão não identificáveis ou com nome mas sem cobertura jurídica como se passa com o G20, tudo resumido numa publicação de 2011, de L"État du Monde, com o título geral - O fim do mundo único. De facto, o alarmante título tinha que ver com a ordem jurídica e política mundial, em crise alarmante, não apenas no que toca à segurança, mas sobretudo no que respeita a economia e finanças. Nesta área, os papas humanistas, que se sucederam desde o Concílio Vaticano II, produziram intervenções que balizam a distância entre a esperança e a realidade, sendo a primeira a de Paulo VI, quando afirmou na ONU que o desenvolvimento sustentado era o novo nome da paz, e agora a advertência e apelo do Papa Francisco, na Laudato Si "sobre o cuidado da casa comum". Neste caso, o que avulta é a agressão continua, não interrompida, contra a própria terra, na qual a "erradicação da fome é um voto frio", mas não já, pela injustiça social, mas porque chegamos a uma situação de "batalha pela terra arável", tudo porque na conclusão pessimista do professor Christian Bouquet o "código de boa conduta", adotado pela ONU (FAO) em 2009, preocupava-se por avaliar em nove mil milhões de pessoas a alimentar em 2050, sem conseguir que as populações interessadas ganhem a batalha. A intervenção do Papa Francisco apela à reposição de um credo dos valores que dispensa o credo do mercado sem regras, que parece a causa eficiente de o "mundo único" caminhar para o desastre de não poder acolher a multidão dos homens. Sem surpresa, começa por recordar S. Francisco iniciando o texto com estas palavras: "Louvado sejas, meu Senhor", cantava S. Francisco de Assis. Neste gracioso cântico, recordava-nos que a nossa casa comum se pode comparar ora a um irmão com quem compartilhamos a existência ora a uma boa mãe, que nos acolhe nos seus braços: "Louvado sejas, meu Senhor, pela nossa irmã, a mãe Terra, que nos sustenta e governa e produz variados frutos com flores coloridas e verduras". Mas logo de seguida o que o texto descreve é o desamor com que a Terra tem sido tratada, designadamente pelos abusos dos avanços da ciência e da técnica. Lembra, com a humildade a que nos habituou, que já Bento XVI pregara corrigir as modalidades de crescimento que parecem incapazes de garantir o respeito do meio ambiente, uma espécie de premissa para a sua conclusão alarmante de que "esta economia mata". Percebe e procura tornar comum a urgência de uma missão de todos para enfrentar o desafio que os erros agravam para a crescente relação negativa entre as capacidades da Terra e as necessidades humanas, pela evidência franciscana de que "uma ecologia integral requer abertura para categorias que transcendem a linguagem das ciências exatas ou da biologia e nos põem em contacto com a essência do ser humano". O que acontece à "nossa casa" são a poluição e as mudanças climáticas, sendo o clima um bem comum da humanidade, o esgotamento dos bens naturais, a perda diária da biodiversidade, a degradação social, a perda de dignidade dos mais frágeis, a falência do credo de que a ciência e a tecnologia, sem orientação dos valores, trariam a liberdade e abundância e afinal conduziram a "um modo desordenado de conceber a vida e ação dos homens". O diálogo internacional é urgente, e insiste na necessidade de "as religiões em diálogo com as ciências", porque estas "não explicam completamente a vida". Nem a quebra da paz, devastadora, a exigir, insistimos, um Conselho das Igrejas na estrutura renovada da ONU, e do seu Conselho de Segurança.
por ADRIANO MOREIRA
Diário de Notícias
por ADRIANO MOREIRA
Diário de Notícias
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