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A atração fatal
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A atração fatal
Os números e as estatísticas mostram que a situação económica e social melhorou de forma óbvia nos dois últimos anos. Não há como negá-lo. Pode discutir-se o porquê e o como.
Há seis meses poucos, em Portugal, ousavam contrariar abertamente o discurso sobre a mudança trazida pelos ventos do mar Egeu. Ele era a nova Europa que despontava; os partidos e os movimentos (todos de esquerda, naturalmente) que iriam revolucionar o modo de estar na política; o fim da austeridade que esmagava os povos e um sem mais de amanhãs que cantavam alto e grosso. O tempo foi passando e o vento amainou rapidamente. Começou aliás a soprar em sentido inverso, fazendo recuar alguns dos que, oportunisticamente, se tinham tentado aproveitar da situação, vestindo camisolas que sempre disseram não ser suas.
Seis meses depois, o tema deixou de o ser. As vanguardas ficaram a tentar explicar aos seus por que razão o sonho virou um pesadelo ainda mais austeritário do que o anterior, enquanto os oportunistas fizeram o que sempre fazem: assobiaram para o ar e foram lavar as mãos, não fosse alguém perguntar-lhes alguma coisa...
Algo mudou, contudo, durante este período. Mais do que as notícias sobre as intermináveis negociações de planos e medidas ou os padrões garridos das camisas de Varoufakis, as imagens de cidadãos gregos parados em frente aos bancos fechados e às máquinas vazias fizeram acender todas as luzes vermelhas. Uma coisa são os discursos daqueles que persistem em pintar de negro o cenário do nosso quotidiano, enquanto esgrimem números e estatísticas. Outra coisa completamente diferente é perceber que uma sucessão de passos em falso pode ser quanto baste para, de repente, termos de aprender a viver com as portas dos bancos encerradas e o multibanco racionado, quando não fechado.
Se dúvidas houvesse, os números agora divulgados falam por si: no mês passado, a rede Multibanco registou um novo recorde mensal de 210 milhões de operações bancárias, mais 5% do que em dezembro quando se havia atingido o anterior máximo. Só no mês de julho, foram feitas cerca de 79 milhões de compras, cerca de 10 milhões mais do que no mesmo período do ano passado.
Isto acontece no mesmo momento em que assistimos ao regresso "em força" do crédito às famílias, a aumentar mais de 35% relativamente ao período homólogo, de acordo com o Banco de Portugal (quase 150% desde o início do ano...). Se tomarmos em consideração apenas os números de junho, o sistema bancário português concedeu 811 milhões de euros de empréstimos às famílias (para um total de quase 4.000 milhões se acrescentarmos o crédito às empresas), dos quais 377 milhões de euros para a compra de habitação, o que significa um crescimento de quase 90% relativamente ao mesmo mês de 2014.
Os números e as estatísticas mostram que a situação económica e social melhorou de forma óbvia nos dois últimos anos. Não há como negá-lo. Pode discutir-se o porquê e o como. Pode até questionar-se se e até que ponto a rapidez com que estamos a regressar ao "business as usual" não esconde algumas ineficiências e o risco de sobreaquecimento de uma economia que permanece frágil. Podemos até discutir se a situação não evoluiu depressa demais, a tal ponto que tenha apanhado os políticos desprevenidos. Este é o grande desafio que se coloca aos vencedores das próximas eleições: evitar a atração fatal das soluções fáceis e dos milagres a pataco. Até porque a realidade teima em trocar-lhes as voltas, fatalmente.
Advogado
Este artigo está em conformidade com o novo Acordo Ortográfico
12 Agosto 2015, 19:41 por Luís Pais Antunes | lpa@plmj.pt
Negócios
Há seis meses poucos, em Portugal, ousavam contrariar abertamente o discurso sobre a mudança trazida pelos ventos do mar Egeu. Ele era a nova Europa que despontava; os partidos e os movimentos (todos de esquerda, naturalmente) que iriam revolucionar o modo de estar na política; o fim da austeridade que esmagava os povos e um sem mais de amanhãs que cantavam alto e grosso. O tempo foi passando e o vento amainou rapidamente. Começou aliás a soprar em sentido inverso, fazendo recuar alguns dos que, oportunisticamente, se tinham tentado aproveitar da situação, vestindo camisolas que sempre disseram não ser suas.
Seis meses depois, o tema deixou de o ser. As vanguardas ficaram a tentar explicar aos seus por que razão o sonho virou um pesadelo ainda mais austeritário do que o anterior, enquanto os oportunistas fizeram o que sempre fazem: assobiaram para o ar e foram lavar as mãos, não fosse alguém perguntar-lhes alguma coisa...
Algo mudou, contudo, durante este período. Mais do que as notícias sobre as intermináveis negociações de planos e medidas ou os padrões garridos das camisas de Varoufakis, as imagens de cidadãos gregos parados em frente aos bancos fechados e às máquinas vazias fizeram acender todas as luzes vermelhas. Uma coisa são os discursos daqueles que persistem em pintar de negro o cenário do nosso quotidiano, enquanto esgrimem números e estatísticas. Outra coisa completamente diferente é perceber que uma sucessão de passos em falso pode ser quanto baste para, de repente, termos de aprender a viver com as portas dos bancos encerradas e o multibanco racionado, quando não fechado.
Se dúvidas houvesse, os números agora divulgados falam por si: no mês passado, a rede Multibanco registou um novo recorde mensal de 210 milhões de operações bancárias, mais 5% do que em dezembro quando se havia atingido o anterior máximo. Só no mês de julho, foram feitas cerca de 79 milhões de compras, cerca de 10 milhões mais do que no mesmo período do ano passado.
Isto acontece no mesmo momento em que assistimos ao regresso "em força" do crédito às famílias, a aumentar mais de 35% relativamente ao período homólogo, de acordo com o Banco de Portugal (quase 150% desde o início do ano...). Se tomarmos em consideração apenas os números de junho, o sistema bancário português concedeu 811 milhões de euros de empréstimos às famílias (para um total de quase 4.000 milhões se acrescentarmos o crédito às empresas), dos quais 377 milhões de euros para a compra de habitação, o que significa um crescimento de quase 90% relativamente ao mesmo mês de 2014.
Os números e as estatísticas mostram que a situação económica e social melhorou de forma óbvia nos dois últimos anos. Não há como negá-lo. Pode discutir-se o porquê e o como. Pode até questionar-se se e até que ponto a rapidez com que estamos a regressar ao "business as usual" não esconde algumas ineficiências e o risco de sobreaquecimento de uma economia que permanece frágil. Podemos até discutir se a situação não evoluiu depressa demais, a tal ponto que tenha apanhado os políticos desprevenidos. Este é o grande desafio que se coloca aos vencedores das próximas eleições: evitar a atração fatal das soluções fáceis e dos milagres a pataco. Até porque a realidade teima em trocar-lhes as voltas, fatalmente.
Advogado
Este artigo está em conformidade com o novo Acordo Ortográfico
12 Agosto 2015, 19:41 por Luís Pais Antunes | lpa@plmj.pt
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