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Mensagem por Admin Ter Ago 25, 2015 10:44 am

Inesperadamente, este Verão está fértil em grandes questões para a economia mundial. A demissão de Tsipras é, neste contexto, um facto menor, e porventura a forma de manter o país governável.

Também a subida das taxas de juro americanas afinal vai ser, com forte probabilidade, reduzida e lenta, atendendo às divisões entre membros do ‘open market committee’ na sua reunião do fim de Julho – boas notícias para os países endividados. 

Já a perspectiva do petróleo a 30 dólares seria outra boa notícia, não fora as dúvidas que isso nos deixa, a nós, europeus, dada a incerteza que cria sobre o seu impacto na economia russa e, por arrastamento, sobre a Europa. Ficámos também a saber que o banco central chinês gastou mais de 40 mil milhões de dólares nos últimos dias a segurar o yuan; nada de especial não fora ter gasto até fim de Julho quase o dobro do PIB português a fazer o mesmo – o vice-governador Yi Gang disse na altura que só se interviria de novo se o mercado se comportasse como um “rebanho de carneiros”, pelo que os balidos se devem estar a ouvir por todo o lado. Isto evidencia o enfraquecimento da economia chinesa, que se está a propagar à Ásia e a afectar os mercados de matérias-primas.

Com os problemas no Brasil, entre os países emergentes apenas a Índia se mantém de boa saúde. Mas um problema novo está a ganhar expressão na Europa: a imigração. A chanceler Angela Merkel disse que para o seu país a questão da imigração se tornou mais importante que a Grécia ou o euro. Não é difícil de compreender: as projecções põem a procura de asilo na Alemanha em perto de 800 mil pessoas em 2015, muito acima dos 203 mil do ano passado e quase o dobro do pico de 1992. Até Julho terão entrado no país perto de 218 mil; conta o “Le Monde” que uma refugiada ganesa, na Alemanha desde Janeiro, deu à filha nascida um mês depois o nome de “Angelamerkel” em agradecimento. Isto configura um novo cenário de divisão europeia, dadas as tensões internas que cria. Itália e Grécia já esgotaram a sua capacidade de acolhimento e solicitam ajuda para manter os números dentro do comportável, o que prova ser difícil. A Eslováquia, por exemplo, está disposta a receber 200 pessoas na condição de serem cristãs, pois “não tem mesquitas no seu território”.

Há países que resistem, com receio dos problemas internos que podem ser gerados. E esta questão, bem como a maneira como a União a vai gerir, pode pôr em causa o acordo de Schengen e tornar-se um tema decisivo no referendo sobre a permanência do Reino Unido na União Europeia. Não deixa, pois, de ser contrastante o facto de lamentarmos a baixa natalidade e o sufoco dos sistemas de segurança social europeus com o envelhecimento para agora nos queixarmos da imigração. Mas a crise económica e, sobretudo,de emprego pela qual passamos ajuda a transformar um problema humanitário num problema social e, num segundo momento, num problema político. Trata-se de conciliar curto prazo com longo prazo, questão que a Europa setem revelado nas décadas recentes incapaz de gerir.

24.08.2015
00:05 h 
Fernando Pacheco
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