PCP: O estalinismo entre o fascínio da Direita e a obrigação da Esquerda

Jerónimo de Sousa afirmou, na entrevista de anteontem à TVI, a possibilidade de o PCP não ir com a candidatura presidencial até ao fim, e de apoiar um candidato comum de esquerda logo na 1ª volta.

Toda a gente concluiu que ele pretenderia assim favorecer Sampaio da Nóvoa, contra Belém e os candidatos da actual coligação governamental. E não é nada que admire. Nas presidenciais, o PCP, ciente de que não consegue eleger candidato próprio, tem sempre privilegiado os candidatos comuns da esquerda. Às vezes vai sozinho até ao fim da primeira volta. Mas também já tem optado por favorecer uma candidatura de esquerda logo na primeira volta, e sempre na segunda. Mesmo quando teve de engolir sapos e tapar olhos e nariz (na expressão curiosa utilizado então por Cunhal) para votar em Soares numa segunda volta, depois de apoiar Zenha na 1ª.

E é assim este PCP assumidamente estalinista: nas presidenciais integra-se sem hesitações numa Casa Comum da Esquerda, mas nas legislativas e no Governo (e talvez em instituições judiciais em que tem influência) tem preferido atacar o PS, mesmo favorecendo a Direita. Nada que não se passe igualmente com PCs "Partidos Comunistas" de outros países e de igual tendência, a começar pela vizinha Espanha. E assim vão vivendo os nossos comunistas, entre o fascínio (talvez contrariado) da Direita e a obrigação (talvez igualmente contrariada) da Esquerda.

 Pedro d´Anunciação | 29/08/2015 20:33
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