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O país do vinho
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O país do vinho
Em Portugal o vinho é um exemplo de sucesso. É um mercado maduro mas continua em crescimento. Exporta 45% do que produz, tem negócios em todo o mundo e vende-se cada vez mais caro. A julgar pelos números até valia a pena arrancar floresta para plantar vinha. Era transformar um problema numa oportunidade. Ficávamos todos a ganhar.
ANTES
Beber vinho é dar o pão a um milhão de portugueses. Foi este o célebre slogan que António Ferro, um dos maiores "marqueteiros" portugueses de todos os tempos (a falta que ele cá faz!), utilizou na mais famosa campanha publicitária de sempre a favor do vinho português. Este slogan foi tão eficaz que ainda hoje o hábito de beber vinho é consensual entre nós.Portugal, diz o Wine Institute vem em quarto lugar nas lista dos países consumidores de vinho.
Em média cada pessoa bebe 42,21 litros por ano. "Melhores" que nós só a Eslovénia, a Croácia e a França. Mas o sítio do mundo onde se bebe mais é mesmo a cidade do Vaticano onde, em 2013, os seus 836 habitantes beberam nada mais nada menos que 41 mil litros de vinho. 50 litros por alma. É a capacidade da devoção!
Fruto dessa campanha, num passado não muito distante beber vinho tornou-se um hábito demasiado comum que, em certos casos chegou mesmo a ser um problema de saúde pública. Desde as "sopas de cavalo cansado" (pão, açúcar e vinho) com que durante gerações se adormeceram as crianças lá em casa, até às "gemadas" com vinho do Porto de que se dizia, "aumentavam" a virilidade, as estórias do vinho são intermináveis. Foi mesmo o consumo exagerado nalguns estratos da população que deu origem a um dos mais conhecidos mitos urbanos portugueses - quem toma medicamentos não pode beber vinho; terão sido os médicos, para evitar que a população mais idosa bebesse muito, que, na melhor das intenções, espalharam este "boato".
Mas vinho sempre foi sinónimo de alegria e celebração. Na nossa cultura, e em todas do mediterrâneo, as ocasiões importantes da vida acontecem à mesa. Nenhuma decisão importante se toma sem um brinde. Nenhum negócio se fecha sem uma saúde. Nem pedido de namoro ou voto de casamento. O vinho está sempre lá.
AGORA
Este ano dizem que há mais vinho. E que vai ser bom. Também por isso este ano as vindimas começaram mais cedo. O açúcar chegou mais depressa ao fruto da terra e, mais depressa, vai dar corpo ao trabalho do Homem.
A vindima de 2015, se não cair nenhuma carga de granizo e as doenças se mantiverem longe, vai ser excepcional. Se todos os fatores se conjugaram positivamente Portugal terá este ano um aumento médio de 8% em todas as regiões vinícolas. No Douro e no Dão batem-se recordes, mais 20% que o ano passado e a Península de Setúbal é a única região a ter uma pequena quebra. Mas os especialistas dizem que toda a produção nacional vai ser excepcional.
Fazer uma visita a uma exploração vinícola este ano vale a pena. Se o leitor puder participar não deixe de o fazer.
Por exemplo; excecionalmente, na Quinta Mendes Pereira, no Carregal do Sal, de uma só planta colheram-se quase 35 quilogramas. Em jeito de brincadeira o Eng.º António Narciso, um dos enólogos mais conceituados do Dão, dizia, "na proporção normal (1kg=0,7lt) aquela videira era "menina para 6 caixas de reserva". Se fossem todas assim não havia só um Dão!" Este ano os produtores estão com sorte.
DEPOIS
Hoje os tempos são outros e o ministro de Salazar já não tem razão. O vinho que produzimos está longe de se beber todo cá dentro. Quase metade (45%) é exportado para os sete cantos do mundo o que, ainda assim, é relativamente pouco no valor global das exportações de Portugal: apenas 725 milhões de euros. 1,5% das exportações.
Mas apesar de nos últimos anos a produção ter caído ligeiramente, mesmo assim o valor das vendas aumentou. O nosso vinho é bom, os mercados gostam dele e não se importam de o pagar mais caro. Com tanta terra de qualidade disponível e tanta margem de progressão - Portugal produz apenas 2% do vinho em todo o mundo - era capaz de ser boa ideia incentivar ainda mais o investimento neste sector como uma política de Estado.
Se fazer vinho faz parte das nossas tradições mais antigas e é um dos sectores onde nos reconhecem mais qualidade lá fora, será que esta não podia ser uma boa ideia para o nosso desenvolvimento económico? Será que na muita terra que temos improdutiva não se podia plantar mais vinha e fazer mais vinho de qualidade?
Fica a ideia. Afinal é tempo de campanha eleitoral. E de vindimas.
14.09.2015
JOSÉ MANUEL DIOGO
Jornal de Notícias
ANTES
Beber vinho é dar o pão a um milhão de portugueses. Foi este o célebre slogan que António Ferro, um dos maiores "marqueteiros" portugueses de todos os tempos (a falta que ele cá faz!), utilizou na mais famosa campanha publicitária de sempre a favor do vinho português. Este slogan foi tão eficaz que ainda hoje o hábito de beber vinho é consensual entre nós.Portugal, diz o Wine Institute vem em quarto lugar nas lista dos países consumidores de vinho.
Em média cada pessoa bebe 42,21 litros por ano. "Melhores" que nós só a Eslovénia, a Croácia e a França. Mas o sítio do mundo onde se bebe mais é mesmo a cidade do Vaticano onde, em 2013, os seus 836 habitantes beberam nada mais nada menos que 41 mil litros de vinho. 50 litros por alma. É a capacidade da devoção!
Fruto dessa campanha, num passado não muito distante beber vinho tornou-se um hábito demasiado comum que, em certos casos chegou mesmo a ser um problema de saúde pública. Desde as "sopas de cavalo cansado" (pão, açúcar e vinho) com que durante gerações se adormeceram as crianças lá em casa, até às "gemadas" com vinho do Porto de que se dizia, "aumentavam" a virilidade, as estórias do vinho são intermináveis. Foi mesmo o consumo exagerado nalguns estratos da população que deu origem a um dos mais conhecidos mitos urbanos portugueses - quem toma medicamentos não pode beber vinho; terão sido os médicos, para evitar que a população mais idosa bebesse muito, que, na melhor das intenções, espalharam este "boato".
Mas vinho sempre foi sinónimo de alegria e celebração. Na nossa cultura, e em todas do mediterrâneo, as ocasiões importantes da vida acontecem à mesa. Nenhuma decisão importante se toma sem um brinde. Nenhum negócio se fecha sem uma saúde. Nem pedido de namoro ou voto de casamento. O vinho está sempre lá.
AGORA
Este ano dizem que há mais vinho. E que vai ser bom. Também por isso este ano as vindimas começaram mais cedo. O açúcar chegou mais depressa ao fruto da terra e, mais depressa, vai dar corpo ao trabalho do Homem.
A vindima de 2015, se não cair nenhuma carga de granizo e as doenças se mantiverem longe, vai ser excepcional. Se todos os fatores se conjugaram positivamente Portugal terá este ano um aumento médio de 8% em todas as regiões vinícolas. No Douro e no Dão batem-se recordes, mais 20% que o ano passado e a Península de Setúbal é a única região a ter uma pequena quebra. Mas os especialistas dizem que toda a produção nacional vai ser excepcional.
Fazer uma visita a uma exploração vinícola este ano vale a pena. Se o leitor puder participar não deixe de o fazer.
Por exemplo; excecionalmente, na Quinta Mendes Pereira, no Carregal do Sal, de uma só planta colheram-se quase 35 quilogramas. Em jeito de brincadeira o Eng.º António Narciso, um dos enólogos mais conceituados do Dão, dizia, "na proporção normal (1kg=0,7lt) aquela videira era "menina para 6 caixas de reserva". Se fossem todas assim não havia só um Dão!" Este ano os produtores estão com sorte.
DEPOIS
Hoje os tempos são outros e o ministro de Salazar já não tem razão. O vinho que produzimos está longe de se beber todo cá dentro. Quase metade (45%) é exportado para os sete cantos do mundo o que, ainda assim, é relativamente pouco no valor global das exportações de Portugal: apenas 725 milhões de euros. 1,5% das exportações.
Mas apesar de nos últimos anos a produção ter caído ligeiramente, mesmo assim o valor das vendas aumentou. O nosso vinho é bom, os mercados gostam dele e não se importam de o pagar mais caro. Com tanta terra de qualidade disponível e tanta margem de progressão - Portugal produz apenas 2% do vinho em todo o mundo - era capaz de ser boa ideia incentivar ainda mais o investimento neste sector como uma política de Estado.
Se fazer vinho faz parte das nossas tradições mais antigas e é um dos sectores onde nos reconhecem mais qualidade lá fora, será que esta não podia ser uma boa ideia para o nosso desenvolvimento económico? Será que na muita terra que temos improdutiva não se podia plantar mais vinha e fazer mais vinho de qualidade?
Fica a ideia. Afinal é tempo de campanha eleitoral. E de vindimas.
14.09.2015
JOSÉ MANUEL DIOGO
Jornal de Notícias
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