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Tigre de papel
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Tigre de papel
A desaceleração económica e a intervenção nos mercados financeiros, por parte da China, têm consequências muito para além das suas fronteiras. Em Portugal a primeira onda de choque foi vivida ao nível da venda do Novo Banco.
Após mais de nove meses de negociações, de reorganização da estrutura interna, de separação de balanços entre o Novo Banco e BES, o que parecia um activo atractivo, passou de repente a valer pouco mais de metade do valor aplicado pelo Fundo de Resolução. Era de esperar que após a divulgação de um dos maiores prejuízos da banca europeia de 8,9 mil milhões de euros pelo BES, que, no mínimo, o dinheiro que o tesouro emprestou ao Fundo de Resolução fosse recuperado. Não é de todo o caso. Existem dois factores que contribuíram para este insucesso.
Por um lado, a demora e o modelo escolhido para as negociações. A demora nas negociações impediram o Banco de Portugal de aproveitar a subida das bolsas, e do sector financeiro na primeira metade do ano. Na bolsa nacional, quer o BCP quer o BPI atingiram ganhos substanciais, superiores a 30%, o que em termos comparativos colocaria o preço de venda do Novo Banco num nível superior ao valor injectado pelo tesouro. Ao evitar o leilão competitivo, e optar pela negociação individual, arriscou-se negociar com base na competitividade entre grupos, esperando que estes se degladeassem para ficar com um activo aparentemente valioso no sistema financeiro português. Esta estratégia até podia ser verdadeira até ao início de Julho, não fora pelo segundo factor de insucesso - o forte abrandamento da economia chinesa.
A Fosun e Angban também foram fortemente impactados pela queda dos mercados de Shanghai e Shenzen, em Julho e Agosto, que limitou fortemente a sua capacidade de captação de capital e dívida nos mercados. Este factor por si só justifica que o preço oferecido seja bastante mais baixo do que esperado. Em Agosto, ao desvalorizar o Yuan contra o dólar e o euro, a China aumentou o preço a ser pago pelo Novo Banco, retirando a apetência por activos no exterior.
Nem a suposta blindagem do Novo Banco a processos jurídicos conseguiu ultrapassar a restrição imposta pelo mercado financeiro. O leão que parecia rugir força, poder e dinheiro, é agora um tigre de papel.
O adiamento da venda parece agora inevitável. A eventual venda com prejuízo para os bancos de dois mil milhões de euros afundou as cotações dos bancos portugueses, que preferem agora que o Fundo de Resolução espere por outra janela de oportunidade.
Este é um tema muito sensível que não deve ser tratado com leviandade, já que interfere com a confiança e sustentabilidade do sistema financeiro português. Os políticos em campanha eleitoral, ao chamarem para o plano político a venda do Novo Banco e dos lesados do BES, misturando-os com as soluções que deviam apresentar aos portugueses para a segurança social, não fazem um bom trabalho e não resolvem o problema, muito pelo contrário. A seriedade é uma qualidade que tem de ser preservada por todos a bem do interesse nacional.
00:05 h
Pedro Lino
Económico
Após mais de nove meses de negociações, de reorganização da estrutura interna, de separação de balanços entre o Novo Banco e BES, o que parecia um activo atractivo, passou de repente a valer pouco mais de metade do valor aplicado pelo Fundo de Resolução. Era de esperar que após a divulgação de um dos maiores prejuízos da banca europeia de 8,9 mil milhões de euros pelo BES, que, no mínimo, o dinheiro que o tesouro emprestou ao Fundo de Resolução fosse recuperado. Não é de todo o caso. Existem dois factores que contribuíram para este insucesso.
Por um lado, a demora e o modelo escolhido para as negociações. A demora nas negociações impediram o Banco de Portugal de aproveitar a subida das bolsas, e do sector financeiro na primeira metade do ano. Na bolsa nacional, quer o BCP quer o BPI atingiram ganhos substanciais, superiores a 30%, o que em termos comparativos colocaria o preço de venda do Novo Banco num nível superior ao valor injectado pelo tesouro. Ao evitar o leilão competitivo, e optar pela negociação individual, arriscou-se negociar com base na competitividade entre grupos, esperando que estes se degladeassem para ficar com um activo aparentemente valioso no sistema financeiro português. Esta estratégia até podia ser verdadeira até ao início de Julho, não fora pelo segundo factor de insucesso - o forte abrandamento da economia chinesa.
A Fosun e Angban também foram fortemente impactados pela queda dos mercados de Shanghai e Shenzen, em Julho e Agosto, que limitou fortemente a sua capacidade de captação de capital e dívida nos mercados. Este factor por si só justifica que o preço oferecido seja bastante mais baixo do que esperado. Em Agosto, ao desvalorizar o Yuan contra o dólar e o euro, a China aumentou o preço a ser pago pelo Novo Banco, retirando a apetência por activos no exterior.
Nem a suposta blindagem do Novo Banco a processos jurídicos conseguiu ultrapassar a restrição imposta pelo mercado financeiro. O leão que parecia rugir força, poder e dinheiro, é agora um tigre de papel.
O adiamento da venda parece agora inevitável. A eventual venda com prejuízo para os bancos de dois mil milhões de euros afundou as cotações dos bancos portugueses, que preferem agora que o Fundo de Resolução espere por outra janela de oportunidade.
Este é um tema muito sensível que não deve ser tratado com leviandade, já que interfere com a confiança e sustentabilidade do sistema financeiro português. Os políticos em campanha eleitoral, ao chamarem para o plano político a venda do Novo Banco e dos lesados do BES, misturando-os com as soluções que deviam apresentar aos portugueses para a segurança social, não fazem um bom trabalho e não resolvem o problema, muito pelo contrário. A seriedade é uma qualidade que tem de ser preservada por todos a bem do interesse nacional.
00:05 h
Pedro Lino
Económico
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