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Radicalismo na educação e na ciência
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Radicalismo na educação e na ciência
É bom que tenhamos consciência disto: a educação e a ciência regrediram em Portugal décadas.
Para muitos portugueses o ano não começa em Janeiro. O ano começa esta semana, com a abertura das aulas nos vários níveis de ensino. Por isso este costuma ser um momento particularmente energético. Mas nada disso acontece este ano. Desta vez não há esperança e nem mesmo contestação. Aquilo que existe é um desânimo generalizado e uma atitude de braços caídos.
Esse desinteresse reflecte-se na esfera pública e na discussão política. A educação e a ciência têm estado ausentes da pré-campanha eleitoral e dos debates entre os protagonistas. A agenda mediática está dominada por questões financeiras e todos os outros temas - por exemplo a segurança social - são abordados apenas pelo prisma financeiro. No caso da educação e da ciência, nem mesmo esse prisma é invocado e a ausência é quase completa.
Mas muito haveria para dizer. O balanço da actuação do Governo neste domínio é trágico. A tutela acabou por ceder aos lóbis económicos e ideológicos que se instalaram no interior do próprio ministério. É bom que tenhamos consciência disto: a educação e a ciência regrediram em Portugal algumas décadas. Mas vamos por partes.
Na ciência quebrou-se a confiança entre a comunidade científica e a entidade financiadora, a FCT. Os processos de avaliação passaram a ter cláusulas escondidas. O financiamento foi colocado ao serviço de interesses privados e concentrou-se apenas em algumas áreas e projectos. O resultado foi a destruição de grande parte do tecido científico português. Imagine o leitor que os apoios à indústria iam todos para duas ou três empresas de excelência. Pode imaginar-se o que aconteceria ao resto. Pois bem, foi algo assim que aconteceu à ciência em Portugal.
No ensino superior houve uma constante hesitação quanto às políticas a seguir e, mais uma vez, nada foi claro e transparente. Na prática, as instituições ficaram com um corpo docente reduzido e envelhecido e sem capacidade para ter serviços de apoio condignos. A motivação e a qualidade do ensino decresceram, o que foi reforçado pelo facto de muitos docentes deixarem de ter a possibilidade de fazer investigação por estarem integrados em centros sem financiamento.
No ensino básico foram introduzidos exames ao nível da educação primária, ao arrepio da experiência internacional. Foram reforçados aspectos ideológicos das metas curriculares, como ainda ontem se soube com a eliminação da educação sexual nas aulas de ciências naturais do 9.º ano. Foram dispensados milhares de professores, prejudicando o acompanhamento dos alunos e a oferta existente. Foram transferidos recursos públicos para o privado. Foram reforçados o centralismo e a burocratização do sistema, criando o desânimo e a atitude de braços caídos que hoje se verifica.
00:05 h
João Cardoso Rosas
Económico
Para muitos portugueses o ano não começa em Janeiro. O ano começa esta semana, com a abertura das aulas nos vários níveis de ensino. Por isso este costuma ser um momento particularmente energético. Mas nada disso acontece este ano. Desta vez não há esperança e nem mesmo contestação. Aquilo que existe é um desânimo generalizado e uma atitude de braços caídos.
Esse desinteresse reflecte-se na esfera pública e na discussão política. A educação e a ciência têm estado ausentes da pré-campanha eleitoral e dos debates entre os protagonistas. A agenda mediática está dominada por questões financeiras e todos os outros temas - por exemplo a segurança social - são abordados apenas pelo prisma financeiro. No caso da educação e da ciência, nem mesmo esse prisma é invocado e a ausência é quase completa.
Mas muito haveria para dizer. O balanço da actuação do Governo neste domínio é trágico. A tutela acabou por ceder aos lóbis económicos e ideológicos que se instalaram no interior do próprio ministério. É bom que tenhamos consciência disto: a educação e a ciência regrediram em Portugal algumas décadas. Mas vamos por partes.
Na ciência quebrou-se a confiança entre a comunidade científica e a entidade financiadora, a FCT. Os processos de avaliação passaram a ter cláusulas escondidas. O financiamento foi colocado ao serviço de interesses privados e concentrou-se apenas em algumas áreas e projectos. O resultado foi a destruição de grande parte do tecido científico português. Imagine o leitor que os apoios à indústria iam todos para duas ou três empresas de excelência. Pode imaginar-se o que aconteceria ao resto. Pois bem, foi algo assim que aconteceu à ciência em Portugal.
No ensino superior houve uma constante hesitação quanto às políticas a seguir e, mais uma vez, nada foi claro e transparente. Na prática, as instituições ficaram com um corpo docente reduzido e envelhecido e sem capacidade para ter serviços de apoio condignos. A motivação e a qualidade do ensino decresceram, o que foi reforçado pelo facto de muitos docentes deixarem de ter a possibilidade de fazer investigação por estarem integrados em centros sem financiamento.
No ensino básico foram introduzidos exames ao nível da educação primária, ao arrepio da experiência internacional. Foram reforçados aspectos ideológicos das metas curriculares, como ainda ontem se soube com a eliminação da educação sexual nas aulas de ciências naturais do 9.º ano. Foram dispensados milhares de professores, prejudicando o acompanhamento dos alunos e a oferta existente. Foram transferidos recursos públicos para o privado. Foram reforçados o centralismo e a burocratização do sistema, criando o desânimo e a atitude de braços caídos que hoje se verifica.
00:05 h
João Cardoso Rosas
Económico
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