Procurar
Tópicos semelhantes
Entrar
Últimos assuntos
Tópicos mais visitados
Quem está conectado?
Há 381 usuários online :: 0 registrados, 0 invisíveis e 381 visitantes :: 1 motor de buscaNenhum
O recorde de usuários online foi de 864 em Sex Fev 03, 2017 11:03 pm
O espetáculo da política
Página 1 de 1
O espetáculo da política
Um debate televisivo, com impacte garantido, deveria ter sido aproveitado para elucidar o País sobre aquilo a que se propõem os dois putativos candidatos a primeiro-ministro. Não foi o que aconteceu no confronto entre Pedro Passos Coelho e António Costa. Na rádio houve outro cuidado de ambos.
Os indecisos não apreciam as falas mansas. E, havendo dúvida, precisam que o regente da freguesia os convença do caminho.
Sem querer ser desmancha-prazeres, foi penoso ver jornalistas de topo das três televisões, remetidos, quase, à figura de corpo presente. Na rádio, os jornalistas tiveram outra fibra. E preparação.
A escolha do Museu da Eletricidade como palco, serviu, talvez, para reforçar a ideia subliminar da ‘alta tensão’, num "espetáculo (…) caótico e repetitivo, que não esclareceu ninguém", como observou Vasco Pulido Valente.
Para interiorizar essa encenação de ‘espetáculo’ em muito contribuíram as promoções em antena, que incluíram os três entrevistadores, apresentados no melhor estilo de reality show. O mote estava dado. E os ‘artistas’ não se fizeram rogados.
Porém, da representação espremida, é de duvidar que alguém dos 3,5 milhões de espetadores de audiência estimada, tenha retirado, no seu juízo perfeito, alguma conclusão luminosa sobre aquilo que um futuro governo nos reserva.
Ficou-se na mesma, embora os prosélitos de António Costa tenham festejado, talvez para se aliviarem do desânimo que já contagiava a caravana.
Como suplemento de alma, os painéis do costume, com o habitual sortido de ‘comentadores’, consolidaram a reanimação da (dividida) família socialista. Nada que surpreenda.
Definitivamente, o ‘treino’ de bancada no futebol serve à maravilha a moldura conceptual da análise política. As competências acumuladas de alguns ‘especialistas’ facilitaram a contaminação. A futebolização da politica parece imparável.
Com autoridade e zelo, os ‘comentadores’ entretiveram-se a dissertar sobre quem ganhou e quem perdeu, quem esteve ao ataque e quem esteve à defesa, quem foi tático, quem fintou, enfim, quem marcou o terreno. Do país raramente se falou. Seria uma maçada.
Resta apurar se o instinto coletivo embarca em algazarras e soundbites, ou se opta, na hora do voto, pelo bom senso. Mas essa ‘resposta somente a teremos a 4 de Outubro.
Costa andava caído, com sondagens desmoralizadoras, sentindo à sua volta as hostes a perderem gás. Precisava de recuperar o elã. Para dentro do PS e para fora.
Por isso, cedo adotou, no primeiro frente a frente com Passos, a insolência como dispositivo estratégico e, numa pirueta, resolveu empurrar a troika para o colo do PSD. Não foi sério.
Na roda de amigos que reuniu na prisão domiciliária, Sócrates deve ter gostado da performance.
Aliás, a insolência ganhou estatuto nesta pré-campanha, e tem trazido uma razoável crispação ao ambiente, por muito que isso custe a Cavaco.
No embate televisivo, Passos Coelho convenceu-se de que deveria apresentar-se impassível e distante. Corrigiu na rádio.
Um erro de palmatória que não repetiu. O tribuno fluente que se impôs no Parlamento – e o mesmo homem que levou Sócrates ao tapete há quatro anos –, pareceu ausente diante das camaras. Recompôs-se perante os microfones no segundo round.
Passos só não perdeu o debate televisivo, porque este simplesmente não existiu. Mas perdeu uma boa oportunidade e tropeçou na armadilha, quando estava a gerir bem as expectativas e a subir nas sondagens em velocidade de cruzeiro.
Na peugada de Costa, a bloquista Catarina Martins – entretida a perseguir a sombra de Mariana Mortágua - foi tudo menos amável para com Passos Coelho.
Fugiu do desastroso governo do Syriza como o diabo da cruz. Nem uma palavra para a irresponsabilidade de Tsipras, que mergulhou a Grécia no terceiro resgate e em mais austeridade.
Catarina vive agora em estado de assombramento com Tsipras, tal como Costa se sentirá exposto às contingências de Sócrates. São fantasmas que os perseguem.
Esgotada a aventura grega e com novas eleições em Atenas, o PS e o Bloco temem que os eleitores portugueses se apercebam que o alvoroço de há meses foi chão que deu uvas. Enquanto namoram a maioria de esquerda.
Em vez de falar para os indecisos, Passos Coelho subestimou as artes e as manhas de Costa, repetindo-se perante uma Catarina pespineta.
Os indecisos não apreciam as falas mansas. E, havendo dúvida, precisam que o regente da freguesia os convença do caminho. Paulo Portas já entendeu isso. Passos Coelho recuperou na rádio da saída em falso. Quando se aceita subir ao ringue não se atira prematuramente a toalha ao chão.
Dinis de Abreu | 18/09/2015 17:39
SOL
Tópicos semelhantes
» O Estado espetáculo
» Salário mínimo: mais política do que política económica
» A razão dos atrasados de desenvolvimento do crescimento económico a culpa das leis atrasadas para os tempos actuais
» Salário mínimo: mais política do que política económica
» A razão dos atrasados de desenvolvimento do crescimento económico a culpa das leis atrasadas para os tempos actuais
Página 1 de 1
Permissões neste sub-fórum
Não podes responder a tópicos
Qui Dez 28, 2017 3:16 pm por Admin
» Apanhar o comboio
Seg Abr 17, 2017 11:24 am por Admin
» O que pode Lisboa aprender com Berlim
Seg Abr 17, 2017 11:20 am por Admin
» A outra austeridade
Seg Abr 17, 2017 11:16 am por Admin
» Artigo de opinião de Maria Otília de Souza: «O papel dos custos na economia das empresas»
Seg Abr 17, 2017 10:57 am por Admin
» Recorde de maior porta-contentores volta a 'cair' com entrega do Maersk Madrid de 20.568 TEU
Seg Abr 17, 2017 10:50 am por Admin
» Siemens instalou software de controlo avançado para movimentações no porto de Sines
Seg Abr 17, 2017 10:49 am por Admin
» Pelos caminhos
Seg Abr 17, 2017 10:45 am por Admin
» Alta velocidade: o grande assunto pendente
Seg Abr 17, 2017 10:41 am por Admin