A banca e o choque com a realidade

O retrato que fazemos a partir da página 22 é ilustrativo da longa e dura travessia do deserto feita pela banca portuguesa nos últimos anos.

As novas exigências de capital, a intromissão da troika e a profunda crise económica revelaram dificuldades que, com dor, foram tendo de ser ultrapassadas.

O emagrecimento de balanço, com a correspondente perda de dimensão, foi inevitável. Venda de activos, fecho de balcões e processos acelerados de rescisões com trabalhadores foram a receita seguida, e deverá suceder o mesmo no que toca ao Novo Banco, cujo processo de reestruturação ficou no princípio, aquando da medida de resolução sobre o BES.

Todo este fenómeno teve várias desvantagens que se compreendem bem: quebra de emprego no sector, menor serviço ao cliente - antigamente era quase impossível não encontrar uma caixa multibanco, hoje já não é assim -, mais peso das comissões em detrimento do volume de crédito. Mas este choque com a realidade trouxe também benefícios: bancos menos faustosos mas mais focados, menor dependência de financiamento internacional e maior robustez de capital, que ainda assim pode não chegar para todas as novas exigências que não cessam de surgir. E, igualmente importante, os bancos perceberam que o dinheiro não dá para tudo, o que significa que, hoje em dia, cada vez mais o crédito - nomeadamente a empresas - é canalizado para projectos com racional financeiro, e não em empreendimentos de amigos, pessoais ou políticos.

A prazo, todos ganham com isto, a economia e os próprios bancos.

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Económico