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As Rotas da Sobrevivência
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As Rotas da Sobrevivência
Está sentado no seu cómodo sofá a ler, tranquilamente, este seu jornal ou a ver as últimas notícias na televisão? Eu, por cá, estou, calmamente, sentado em frente ao meu computador mas, nervosamente, a tentar escrever esta minha crónica. Façamos um pequeno exercício e coloquemo-nos a seguinte questão – O que faríamos se nos encontrássemos num cenário de guerra, de conflito armado, sem trabalho, sem teto para albergar a nossa família, sem água e sem nada para dar de comer aos nossos filhos? O que faríamos se tudo o que, neste momento, vemos à nossa volta não existisse e apenas se nos apresentasse um cenário de destruição? Conseguiremos fazer este exercício? Ou, simplesmente, viramos a cara para o lado e pensamos “que disparate!”?
Se conseguirmos imaginarmo-nos neste cenário, provavelmente, pensaríamos, “eu tenho de fugir daqui, não sei como… mas eu tenho de sair daqui com a minha família…”. Foi aliás, isso que muitos de nós pensámos quando, no decorrer da crise económica portuguesa, saímos do nosso País e procurámos “asilo económico” num outro país. Não houve aí quem nos barrasse a entrada e nos dissesse “volta para o teu país”. Conseguir “ganhar o pão” ou não num país estrangeiro foi e é algo, salvo exceções, que dependeu e depende exclusivamente de nós. E note que o conseguíamos fazer de uma forma perfeitamente legal.
Talvez seja isso que todos os refugiados e migrantes pensam e sentem quando, por qualquer meio, pagando a reais traficantes e mercenários quantias que não conseguem suportar, sujeitos a condições gritantemente desumanas, saem do seu país, viajam em camiões frigoríficos (como se fossem peças de carne saídas dos matadouros!) ou cruzam os mares em “batéis”, atracam ilegalmente (porque nunca o conseguiriam fazer de uma forma legal) num qualquer país europeu com a esperança de aí conseguirem sobreviver – repito – sobreviver. Não é viver. São homens, mulheres, crianças, bebés até e velhos, são famílias inteiras, seres humanos como eu e como você, caro leitor, que procuram, em primeiro lugar, não morrer e depois água, comida, um teto e, num futuro que desejam muito próximo, um trabalho que lhes permita viver e sustentar a sua família.
Nós, tranquilamente, neste nosso espaço Schengen (curioso que o primeiro acordo Schengen tenha sido assinado a bordo do navio Princesse Marie-Astrid, no rio Mosela!) e num mundo perfeitamente globalizado que permite a livre circulação de capitais e de bens mas que se encrespa e se arrepia quando se trata da livre circulação de seres humanos, ficamos humanamente chocados, indignados, arrepiados com as cenas que vemos e com as notícias que lemos. Mas, ao mesmo tempo, e “olhando apenas para o nosso pequenino umbigo”, ficamos naturalmente pensativos e receosos com a entrada destes migrantes no nosso país. As diferenças culturais e religiosas, os hábitos e costumes diversos, as vivências díspares, as dificuldades que nós vivemos no nosso País, os sacrifícios que fazemos por ele, o receio de que entre os verdadeiros refugiados venham também os “homens armados”, os extremistas, levam-nos muitas vezes a questionar a aceitação destes migrantes no nosso País e até em outros países da Europa.
Mas, destes receios e medos a atitudes xenófobas e extremistas vai uma grande distância. Bem sei, que as fronteiras ténues e a linha do horizonte, tantas vezes opaca, confundem a racionalidade dos povos e misturam solidariedade com ameaça, os povos sendo normalmente tolerantes, ofendem por vezes o próximo pela intolerância, em suma, este é um caminho a não percorrer.
As rotas que estes migrantes cruzam são verdadeiras e reais rotas de sobrevivência. Há que encontrar formas de resolver um dos problemas mais sérios, senão o mais sério, com que a humanidade é confrontada desde a 2.ª Guerra Mundial. Os muros caíram e agora voltam a ser erguidos. O acolhimento independentemente dos países que os recebem é fundamental, mas o verdadeiro problema está nas origens. Portugal será com certeza um país onde nós permitiremos que também outros nele sobrevivam.
Luís Covas Lima Bancário
25-09-2015 10:10:39
Diário do Alentejo
da.ambaal.pt
Se conseguirmos imaginarmo-nos neste cenário, provavelmente, pensaríamos, “eu tenho de fugir daqui, não sei como… mas eu tenho de sair daqui com a minha família…”. Foi aliás, isso que muitos de nós pensámos quando, no decorrer da crise económica portuguesa, saímos do nosso País e procurámos “asilo económico” num outro país. Não houve aí quem nos barrasse a entrada e nos dissesse “volta para o teu país”. Conseguir “ganhar o pão” ou não num país estrangeiro foi e é algo, salvo exceções, que dependeu e depende exclusivamente de nós. E note que o conseguíamos fazer de uma forma perfeitamente legal.
Talvez seja isso que todos os refugiados e migrantes pensam e sentem quando, por qualquer meio, pagando a reais traficantes e mercenários quantias que não conseguem suportar, sujeitos a condições gritantemente desumanas, saem do seu país, viajam em camiões frigoríficos (como se fossem peças de carne saídas dos matadouros!) ou cruzam os mares em “batéis”, atracam ilegalmente (porque nunca o conseguiriam fazer de uma forma legal) num qualquer país europeu com a esperança de aí conseguirem sobreviver – repito – sobreviver. Não é viver. São homens, mulheres, crianças, bebés até e velhos, são famílias inteiras, seres humanos como eu e como você, caro leitor, que procuram, em primeiro lugar, não morrer e depois água, comida, um teto e, num futuro que desejam muito próximo, um trabalho que lhes permita viver e sustentar a sua família.
Nós, tranquilamente, neste nosso espaço Schengen (curioso que o primeiro acordo Schengen tenha sido assinado a bordo do navio Princesse Marie-Astrid, no rio Mosela!) e num mundo perfeitamente globalizado que permite a livre circulação de capitais e de bens mas que se encrespa e se arrepia quando se trata da livre circulação de seres humanos, ficamos humanamente chocados, indignados, arrepiados com as cenas que vemos e com as notícias que lemos. Mas, ao mesmo tempo, e “olhando apenas para o nosso pequenino umbigo”, ficamos naturalmente pensativos e receosos com a entrada destes migrantes no nosso país. As diferenças culturais e religiosas, os hábitos e costumes diversos, as vivências díspares, as dificuldades que nós vivemos no nosso País, os sacrifícios que fazemos por ele, o receio de que entre os verdadeiros refugiados venham também os “homens armados”, os extremistas, levam-nos muitas vezes a questionar a aceitação destes migrantes no nosso País e até em outros países da Europa.
Mas, destes receios e medos a atitudes xenófobas e extremistas vai uma grande distância. Bem sei, que as fronteiras ténues e a linha do horizonte, tantas vezes opaca, confundem a racionalidade dos povos e misturam solidariedade com ameaça, os povos sendo normalmente tolerantes, ofendem por vezes o próximo pela intolerância, em suma, este é um caminho a não percorrer.
As rotas que estes migrantes cruzam são verdadeiras e reais rotas de sobrevivência. Há que encontrar formas de resolver um dos problemas mais sérios, senão o mais sério, com que a humanidade é confrontada desde a 2.ª Guerra Mundial. Os muros caíram e agora voltam a ser erguidos. O acolhimento independentemente dos países que os recebem é fundamental, mas o verdadeiro problema está nas origens. Portugal será com certeza um país onde nós permitiremos que também outros nele sobrevivam.
Luís Covas Lima Bancário
25-09-2015 10:10:39
Diário do Alentejo
da.ambaal.pt
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