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Pode curar-se um trauma com 41 anos?
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Pode curar-se um trauma com 41 anos?
Estamos num momento definidor, em que poderemos assistir ao rompimento do paradigma político-partidário. Talvez seja isto mesmo que é preciso, e talvez tenha sido isso que os eleitores pretenderam com o seu voto.
É disso que falamos. Vamos lá então ser expeditos na análise da volátil situação em que se encontra o País, tão volátil que quando escrevo estas linhas ainda António Costa não foi a Belém, e isso pode mudar muita coisa, ou nada, vá-se lá saber.
Isto explica-se assim: o resultado das actuais eleições, em que uma coligação de partidos de direita teve uma maioria relativa de votos, com pouca perspectiva de poder aumentar a sua base de apoio parlamentar se confronta com uma maioria absoluta formada por deputados eleitos por três partidos de esquerda (a que acresce o deputado eleito pelo PAN, de cujo posicionamento pouco sabemos) é atípico.
O trauma do período pós-25 de Abril é conhecido: a esquerda tem fracturas internas inultrapassáveis resultantes do período revolucionário, e é mais fácil o PS entender-se com o PSD que com o PCP. Esta convicção generalizada (escrevi em tempos que uma coligação de esquerda era o unicórnio político da nossa democracia) tem uma consequência importante: a mera perspectiva de que tal possibilidade, a final, exista, deixa tudo e todos em estado de choque.
À esquerda isso é mais notório no PS, que tem uma tradição mais rica de pluralidade de opiniões em praça pública, mas não deixa de estar a acontecer, decerto, na ala mais ortodoxa do PCP e numa ou várias das muitas tendências internas do Bloco de Esquerda.
À direita, pior um pouco. Para além do mesmo choque da novidade, ela ainda por cima significa que a vitória eleitoral (que o foi) não se traduz, necessariamente, nas condições para formar Governo. Ora é também a primeira vez que se tem de lidar com esta perspectiva. A nossa Constituição é clara quando admite esta possibilidade como natural, atendendo à natureza das eleições (legislativas) e do nosso sistema democrático, de tipo representativo. Mas, sejamos honestos, ninguém o esperava.
Nunca aconteceu em 41 anos. São demasiadas novidades.
Percebe, depois, que se a esquerda se passar a coligar com a mesma naturalidade com que a direita sempre o tem feito, a direita deixa de poder ambicionar governar salvo quando consiga maioria absoluta, deixando de beneficiar das condições assimétricas que lhe permitiam governar em minoria ou fazer cair governos minoritários do PS.
Nas vésperas da noite eleitoral o professor Eduardo Paz Ferreira escreveu no twitter que estas eram as eleições mais importantes desde as da Assembleia Constituinte. Ou muito me engano, ou nem ele imaginava quanta razão teria.
Estamos num momento definidor, em que poderemos assistir ao rompimento do paradigma político-partidário. Talvez seja isso mesmo que é preciso, e talvez tenha sido isso mesmo que os eleitores pretenderam com o seu voto. Não sei, ninguém sabe, embora haja quem goste de fingir que sim. Como acabará este processo não sei dizer, sei que dificilmente acabará tudo igual.
00:05 h
Marco Capitão Ferreira
Económico
É disso que falamos. Vamos lá então ser expeditos na análise da volátil situação em que se encontra o País, tão volátil que quando escrevo estas linhas ainda António Costa não foi a Belém, e isso pode mudar muita coisa, ou nada, vá-se lá saber.
Isto explica-se assim: o resultado das actuais eleições, em que uma coligação de partidos de direita teve uma maioria relativa de votos, com pouca perspectiva de poder aumentar a sua base de apoio parlamentar se confronta com uma maioria absoluta formada por deputados eleitos por três partidos de esquerda (a que acresce o deputado eleito pelo PAN, de cujo posicionamento pouco sabemos) é atípico.
O trauma do período pós-25 de Abril é conhecido: a esquerda tem fracturas internas inultrapassáveis resultantes do período revolucionário, e é mais fácil o PS entender-se com o PSD que com o PCP. Esta convicção generalizada (escrevi em tempos que uma coligação de esquerda era o unicórnio político da nossa democracia) tem uma consequência importante: a mera perspectiva de que tal possibilidade, a final, exista, deixa tudo e todos em estado de choque.
À esquerda isso é mais notório no PS, que tem uma tradição mais rica de pluralidade de opiniões em praça pública, mas não deixa de estar a acontecer, decerto, na ala mais ortodoxa do PCP e numa ou várias das muitas tendências internas do Bloco de Esquerda.
À direita, pior um pouco. Para além do mesmo choque da novidade, ela ainda por cima significa que a vitória eleitoral (que o foi) não se traduz, necessariamente, nas condições para formar Governo. Ora é também a primeira vez que se tem de lidar com esta perspectiva. A nossa Constituição é clara quando admite esta possibilidade como natural, atendendo à natureza das eleições (legislativas) e do nosso sistema democrático, de tipo representativo. Mas, sejamos honestos, ninguém o esperava.
Nunca aconteceu em 41 anos. São demasiadas novidades.
Percebe, depois, que se a esquerda se passar a coligar com a mesma naturalidade com que a direita sempre o tem feito, a direita deixa de poder ambicionar governar salvo quando consiga maioria absoluta, deixando de beneficiar das condições assimétricas que lhe permitiam governar em minoria ou fazer cair governos minoritários do PS.
Nas vésperas da noite eleitoral o professor Eduardo Paz Ferreira escreveu no twitter que estas eram as eleições mais importantes desde as da Assembleia Constituinte. Ou muito me engano, ou nem ele imaginava quanta razão teria.
Estamos num momento definidor, em que poderemos assistir ao rompimento do paradigma político-partidário. Talvez seja isso mesmo que é preciso, e talvez tenha sido isso mesmo que os eleitores pretenderam com o seu voto. Não sei, ninguém sabe, embora haja quem goste de fingir que sim. Como acabará este processo não sei dizer, sei que dificilmente acabará tudo igual.
00:05 h
Marco Capitão Ferreira
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