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Centristas de todos os partidos, uni-vos!
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Centristas de todos os partidos, uni-vos!
O centrismo é uma prática política com mau nome em Portugal, por culpa de uma errada interpretação da mesma que os próprios ditos centristas ajudaram a sedimentar.
Para muitos, o centrismo é a doutrina da equidistância absoluta, e isso abre o flanco para acusações óbvias: um centrismo assim definido pode ser uma posição oportunista, de quem deseja estar de bem com Deus e com o diabo, ou uma forma apolítica de participar na politica, cobarde e abstencionista, que reduzida ao absurdo serve para apagar todas as polarizações e há-de sempre, mais cedo ou mais tarde, descambar na ditadura.
Na verdade, o centrismo não é uma ideologia ou uma doutrina substantiva. Não se trata de um ponto numa bússola política - ali na exacta fronteira entre as esquerdas e as direitas. O centrismo é, pelo contrário, uma predisposição ou um modo de estar, consequente com a circunstância de o mundo não ser uma folha em branco onde podemos livremente impor a construção da nossa utopia, mas antes uma realidade complexa, com condições objectivas que escapam ao nosso domínio, e repleta de quem é fiel a outras crenças.
O impulso centrista é o da negociação, o de perceber de que modo uma certa verdade se pode concretizar melhor no jogo de todas as verdades em conflito. Como dizia Manuel Fraga Iribarne em 1972, numa conferência cujo texto foi publicado por cá numa velhinha edição da Braga Editora, "não se trata de evitar a polarização, mas de centrá-la; quer dizer, evitar que os extremismos (necessários para marcar certas metas ideias) não reúnam no seu moinho a maior parte das forças actuantes, mas que estas vão ao moinho do centro, do diálogo e compromisso de tendências sobre uma base de moderação". O centrismo é pois a predisposição liberal por excelência, porque se fundamenta, mais do que todas as outras, no reconhecimento da individualidade alheia. Voltando a D. Manuel: "a vida concebe-se como alguma coisa que é preciso criar entre todos, mais do que alguma coisa dada que alguns impõem aos outros; é mais uma coerência do que uma disciplina". Se for uma doutrina, o centrismo será, assim, uma doutrina adjectiva ou processual, e é por isso que há centristas em todos os partidos.
A grande desvantagem competitiva do centrismo é a falta de romantismo. Ninguém se alista em exércitos para lutar por ele. Mas há outro aliado, tão forte quanto a vontade heróica: a realidade. Existem momentos históricos em que a necessidade do compromisso é gerada pela própria natureza das conjunturas. Portugal vive hoje um desses momentos, depois das eleições legislativas que originaram o impasse governativo. O problema é que, enquanto o país reclama uma solução de governo célere e pragmática, o PS prossegue em sentido contrário, numa demanda identitária, tentando em poucos dias apagar décadas de oposição política e séculos de oposição ideológica à sua esquerda, para polarizar o regime e acentuar as clivagens actuais. O pretexto de António Costa é o de que 60% dos portugueses votaram contra o PSD e o CDS, mas essa é precisamente a justificação de uma pura coligação negativa, da qual nada de construtivo poderá resultar. Centristas de todos os partidos, uni-vos!
00:05 h
Francisco Mendes da Silva
Económico
Para muitos, o centrismo é a doutrina da equidistância absoluta, e isso abre o flanco para acusações óbvias: um centrismo assim definido pode ser uma posição oportunista, de quem deseja estar de bem com Deus e com o diabo, ou uma forma apolítica de participar na politica, cobarde e abstencionista, que reduzida ao absurdo serve para apagar todas as polarizações e há-de sempre, mais cedo ou mais tarde, descambar na ditadura.
Na verdade, o centrismo não é uma ideologia ou uma doutrina substantiva. Não se trata de um ponto numa bússola política - ali na exacta fronteira entre as esquerdas e as direitas. O centrismo é, pelo contrário, uma predisposição ou um modo de estar, consequente com a circunstância de o mundo não ser uma folha em branco onde podemos livremente impor a construção da nossa utopia, mas antes uma realidade complexa, com condições objectivas que escapam ao nosso domínio, e repleta de quem é fiel a outras crenças.
O impulso centrista é o da negociação, o de perceber de que modo uma certa verdade se pode concretizar melhor no jogo de todas as verdades em conflito. Como dizia Manuel Fraga Iribarne em 1972, numa conferência cujo texto foi publicado por cá numa velhinha edição da Braga Editora, "não se trata de evitar a polarização, mas de centrá-la; quer dizer, evitar que os extremismos (necessários para marcar certas metas ideias) não reúnam no seu moinho a maior parte das forças actuantes, mas que estas vão ao moinho do centro, do diálogo e compromisso de tendências sobre uma base de moderação". O centrismo é pois a predisposição liberal por excelência, porque se fundamenta, mais do que todas as outras, no reconhecimento da individualidade alheia. Voltando a D. Manuel: "a vida concebe-se como alguma coisa que é preciso criar entre todos, mais do que alguma coisa dada que alguns impõem aos outros; é mais uma coerência do que uma disciplina". Se for uma doutrina, o centrismo será, assim, uma doutrina adjectiva ou processual, e é por isso que há centristas em todos os partidos.
A grande desvantagem competitiva do centrismo é a falta de romantismo. Ninguém se alista em exércitos para lutar por ele. Mas há outro aliado, tão forte quanto a vontade heróica: a realidade. Existem momentos históricos em que a necessidade do compromisso é gerada pela própria natureza das conjunturas. Portugal vive hoje um desses momentos, depois das eleições legislativas que originaram o impasse governativo. O problema é que, enquanto o país reclama uma solução de governo célere e pragmática, o PS prossegue em sentido contrário, numa demanda identitária, tentando em poucos dias apagar décadas de oposição política e séculos de oposição ideológica à sua esquerda, para polarizar o regime e acentuar as clivagens actuais. O pretexto de António Costa é o de que 60% dos portugueses votaram contra o PSD e o CDS, mas essa é precisamente a justificação de uma pura coligação negativa, da qual nada de construtivo poderá resultar. Centristas de todos os partidos, uni-vos!
00:05 h
Francisco Mendes da Silva
Económico
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