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Economia e política - (LVIII)
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Economia e política - (LVIII)
O presidente do BCE tem-se referido com persistência aos riscos que continuam a ameaçar o euro e às respostas de que - no seu entender - a Europa necessita.
1. A economia da Zona Euro está a beneficiar da convergência de um conjunto excepcional de factores - injecções maciças de liquidez por parte do BCE, um nível historicamente baixo das taxas de juro, uma depreciação cambial do Euro e uma queda do preço da energia. Apesar disso, a evolução da economia caracteriza-se por um ritmo muito modesto de relançamento da actividade económica e pela permanência - na avaliação do FMI - de riscos de deflação. Para compreender a complexidade da situação actual, basta ter presente a avaliação de Mario Draghi. O presidente do BCE tem-se referido com persistência aos riscos que continuam a ameaçar o euro e às respostas de que - no seu entender - a Europa necessita: uma política monetária única preparada para levar ao limite a sua intervenção - "whatever it takes" - de modo a reparar os fragmentados mercados bancários e fazer fluir o crédito; um aumento dos investimentos públicos e adopção de políticas fiscais de estímulo à procura, nas economias com situação orçamental controlada; o lançamento de reformas estruturais, nas economias menos eficientes e menos competitivas.
Considero que além de alguns problemas estruturais de difícil resolução, como os que resultam do envelhecimento da população europeia - os fluxos migratórios podem contribuir para os atenuar -, o comportamento da economia da Zona Euro resulta da convergência de três tipos de factores: a insuficiente resposta das políticas públicas aos apelos de Mario Draghi; o excesso de endividamento - público e privado - que caracteriza a situação das economias devedoras da Zona Euro; o deficiente funcionamento dos mecanismos de intermediação financeira na Europa do euro, muito dependentes de um mercado bancário em mutação profunda.
2. Tendo presente este complexo pano de fundo, considero que um programa dirigido a um relançamento sustentado da nossa economia deve ser desenvolvido em torno de dois eixos centrais: por um lado, estabilizar a situação financeira e preservar o acesso autónomo aos mercados financeiros; por outro, criar condições - tanto a nível macro como microeconómico - favoráveis à indução de um movimento de modernização e de crescimento.
O primeiro destes eixos depende fortemente da adopção de um programa desenhado com o objectivo de travar o mecanismo responsável pela acumulação de dívida pública. O que significa um controlo apertado e a redução progressiva do "deficit" público para níveis capazes de assegurar a nossa credibilidade perante os investidores. Se considerarmos a carga fiscal que hoje condiciona as decisões e as expectativas de investidores, consumidores e aforradores, compreendemos a importância crucial de um movimento de modernização e de reforma do Estado. Única via capaz de abrir caminho a uma redução sustentada da carga fiscal, articulada com um reforço continuado de redução do "deficit".
Quanto ao segundo eixo - modernização e crescimento - permaneço convencido de que deve, por sua vez, ser desenvolvido ao longo de três vectores distintos: produtividade, competitividade externa e financiamento. Este eixo assume uma importância crítica, na medida em que condiciona a própria margem de manobra das políticas dirigidas, quer ao controlo do "deficit", quer ao relançamento da actividade económica.
Esta questão assume uma importância central no complexo período político que estamos a viver, na medida em que um programa de governo que não proponha uma acção global e articulada ao longo destes eixos dificilmente será capaz de preservar, a prazo, um acesso autónomo aos mercados financeiros e ao financiamento. O que corresponderia a manter a nossa economia submetida à tutela dos credores oficiais. O que, por sua vez, levanta a questão da base política necessária ao "desenho" e sobretudo à execução de um tal programa. Questões que me proponho continuar a tratar em futuros artigos.
Economista
20 Outubro 2015, 00:01 por João Costa Pinto
Negócios
1. A economia da Zona Euro está a beneficiar da convergência de um conjunto excepcional de factores - injecções maciças de liquidez por parte do BCE, um nível historicamente baixo das taxas de juro, uma depreciação cambial do Euro e uma queda do preço da energia. Apesar disso, a evolução da economia caracteriza-se por um ritmo muito modesto de relançamento da actividade económica e pela permanência - na avaliação do FMI - de riscos de deflação. Para compreender a complexidade da situação actual, basta ter presente a avaliação de Mario Draghi. O presidente do BCE tem-se referido com persistência aos riscos que continuam a ameaçar o euro e às respostas de que - no seu entender - a Europa necessita: uma política monetária única preparada para levar ao limite a sua intervenção - "whatever it takes" - de modo a reparar os fragmentados mercados bancários e fazer fluir o crédito; um aumento dos investimentos públicos e adopção de políticas fiscais de estímulo à procura, nas economias com situação orçamental controlada; o lançamento de reformas estruturais, nas economias menos eficientes e menos competitivas.
Considero que além de alguns problemas estruturais de difícil resolução, como os que resultam do envelhecimento da população europeia - os fluxos migratórios podem contribuir para os atenuar -, o comportamento da economia da Zona Euro resulta da convergência de três tipos de factores: a insuficiente resposta das políticas públicas aos apelos de Mario Draghi; o excesso de endividamento - público e privado - que caracteriza a situação das economias devedoras da Zona Euro; o deficiente funcionamento dos mecanismos de intermediação financeira na Europa do euro, muito dependentes de um mercado bancário em mutação profunda.
2. Tendo presente este complexo pano de fundo, considero que um programa dirigido a um relançamento sustentado da nossa economia deve ser desenvolvido em torno de dois eixos centrais: por um lado, estabilizar a situação financeira e preservar o acesso autónomo aos mercados financeiros; por outro, criar condições - tanto a nível macro como microeconómico - favoráveis à indução de um movimento de modernização e de crescimento.
O primeiro destes eixos depende fortemente da adopção de um programa desenhado com o objectivo de travar o mecanismo responsável pela acumulação de dívida pública. O que significa um controlo apertado e a redução progressiva do "deficit" público para níveis capazes de assegurar a nossa credibilidade perante os investidores. Se considerarmos a carga fiscal que hoje condiciona as decisões e as expectativas de investidores, consumidores e aforradores, compreendemos a importância crucial de um movimento de modernização e de reforma do Estado. Única via capaz de abrir caminho a uma redução sustentada da carga fiscal, articulada com um reforço continuado de redução do "deficit".
Quanto ao segundo eixo - modernização e crescimento - permaneço convencido de que deve, por sua vez, ser desenvolvido ao longo de três vectores distintos: produtividade, competitividade externa e financiamento. Este eixo assume uma importância crítica, na medida em que condiciona a própria margem de manobra das políticas dirigidas, quer ao controlo do "deficit", quer ao relançamento da actividade económica.
Esta questão assume uma importância central no complexo período político que estamos a viver, na medida em que um programa de governo que não proponha uma acção global e articulada ao longo destes eixos dificilmente será capaz de preservar, a prazo, um acesso autónomo aos mercados financeiros e ao financiamento. O que corresponderia a manter a nossa economia submetida à tutela dos credores oficiais. O que, por sua vez, levanta a questão da base política necessária ao "desenho" e sobretudo à execução de um tal programa. Questões que me proponho continuar a tratar em futuros artigos.
Economista
20 Outubro 2015, 00:01 por João Costa Pinto
Negócios
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