Rui Moreira indignou-se e fez muito bem

Os turistas até podem apreciar sandes e bifanas mas não é por elas que visitam o Porto.

Rui Moreira indignou-se por estes dias e deu um murro na mesa para protestar contra a forma como o Turismo do Porto e Norte está a promover a cidade. 

O presidente da Câmara portuense, que não é homem de grandes irritações, não está sozinho nas críticas às opções do organismo liderado por João Cotrim de Figueiredo. Ainda na semana passada, um representante da Igreja acusou o Turismo de Portugal de ignorar a promoção de Fátima, o nosso mais relevante e internacionalmente conhecido polo de turismo religioso. 

Na Figueira da Foz, foi o autarca local a anunciar que o município iria assumir a sua própria promoção, uma vez que, para João Ataíde, o Turismo do Centro "quer chegar a todos e acaba por não chegar a ninguém". 

Mas voltemos a Rui Moreira: o autarca anunciou a intenção de pedir à entidade de turismo que retire o nome ‘Porto’ da sua designação. Porque legitimamente não quer que a Invicta seja vendida "como a cidade do fumeiro e do galo de Barcelos". Moreira tem razão. 

O Porto é hoje uma cidade que atrai turistas pelo cosmopolitismo e cultura vibrante de uma cidade que, de facto, até há pouco se vendia de forma popularucha. Mas esse tempo acabou com Rui Rio e Moreira quer deixar isso bem claro.

Os turistas que hoje visitam o Porto até podem gostar de comer sandes na Casa Guedes ou bifanas na Conga (que Rio também gostava), mas digamos que voam até à cidade por outras razões, como a múltipla vida cultural nas ruas, nos festivais de música ou nos museus. 

Algo que que está nos antípodas da cidade "bucólica" com que Moreira não quer ver o Porto confundido. E se João Cotrim Figueiredo começasse a visitar a cidade teria grandes hipóteses de pensar o mesmo.

30.10.2015 00:30
ALFREDO LEITE 
Jornalista
Correio da manhã