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O talento mediático e a competência política
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O talento mediático e a competência política
Portugal precisa dos seus melhores a fazerem o melhor pelo país. Nas suas profissões. Na economia, na sociedade, na cultura e nas artes. Na política.
“A timidez dá-nos a ilusão de que toda agente está a olhar para nós. E depois não nos conseguimos mexer.”
Anton Corbijn
Vivemos num tempo colectivo, em que a sociedade do espectáculo é rainha, o império das corporações se impõe no espaço mediático e cada vez mais, infelizmente, as mentiras que encantam fazem muitas vezes submergir várias verdades que incomodam. A corrente da volúpia generalista de muitas falsas bolsas de importância e influência política, económica e social, atesta que vivemos um tempo em que no domínio do audiovisual ampliado, muitas vezes ficticiamente, muito do que tem notoriedade não presta. E tanto mais que ao nível da escolha, selecção e recrutamento, por exemplo político e público, se percebe que talento mediático não é o mesmo que competência política.
Antes pelo contrário. É que a sociedade do espectáculo dá muitas vezes prioridade, até esteticamente, à aparência, à diferença, ao que não é “normal”, não é sereno e é folclórico. Nos últimos anos pagamos colectiva (e às vezes individualmente) o preço de confundirmos talento mediático com competências várias. Desde logo profissionais. E muitas vezes políticas. Este bloqueamento que muitas sociedades contemporâneas vivem e muitas vezes têm medo de assumir como um mal. Que se transferiu também para as redes sociais, em que impera o generalismo, a mediocridade, a maledicência, o voyeurismo pessoal e acima de tudo um pulsar individualista e exibicionista de muito baixo nível. Isto é bom ou mau? Julgo que mau. Para nós todos. Porque se por um lado faz milhares e milhares sonharem com ser iguais ou seguidores dos talentos mediáticos, por outro afasta-os do caminho e da vontade, da preparação não só técnica e política, mas também moral e ética, bem necessária à civitas e à polis. Como os nossos antepassados bem catalogavam, a bota não dá com a perdigota. E a este propósito infelizmente nem sempre os mais talentosos, mediaticamente falando, são os mais competentes. Só uma minoria assim não é. E o mesmo acontece com os que na intermediação mediática surgem sem verdadeiro escrutínio e preparação profissional e política, para assumirem posições de preponderância nos media e na intermediação mediática. Temo que as coisas venham a piorar.
Que os talentosos mediáticos ganhem aos competentes. Politicamente e não só politicamente. Temo que ao nível político, com um possível governo dos derrotados das eleições de Outubro, se acentue o recrutamento do cartel. Que por exemplo ao nível de alguns órgãos de soberania, em particular na Assembleia da República, o pendor aparelhístico, de lógica de funcionamento partidário, tenda a transformar os titulares de vários órgãos de soberania em meras correias de transmissão das estruturas burocráticas e partidárias, matando a dialéctica de relacionamento entre por exemplo o parlamento e a sociedade portuguesa. Portugal precisa dos seus melhores, a fazerem o melhor pelo país. Nas suas profissões. Na economia, na sociedade, na cultura e nas artes. Na política. No serviço público.
E os melhores são (e serão sempre!) os mais livres, os mais preparados, e os mais competentes. E não apenas e só os mais talentosos no espaço mediático. É também por isso que os mais competentes e mais preparados devem acentuar a sua independência em detrimento dos intermediadores do regime. Combatendo a vasta rede paralela de falsas aparências e talentosas influências. Tudo isto é matéria controversa. Difícil de abordar. Difícil de acomodar em tempos de dependência de tudo o que queira alimentar-se no espaço do audiovisual. Ainda por cima, quando quem tem dinheiro, por portas e travessas, consegue impor a sua presença mediática, onde nunca conseguiria chegar. Mas é por isso que talento mediático é diferente de competência política. Muitas vezes confunde-se a timidez com atitudes majestáticas e posturas de afastamento e discrição como apontamentos de arrogância. Tal significa antes de mais um sinal de discordância com a preferência pela prioridade dada ao talento mediático em detrimento da competência.
Escreve à segunda-feira
Feliciano Barreiras Duarte
Jornal i
“A timidez dá-nos a ilusão de que toda agente está a olhar para nós. E depois não nos conseguimos mexer.”
Anton Corbijn
Vivemos num tempo colectivo, em que a sociedade do espectáculo é rainha, o império das corporações se impõe no espaço mediático e cada vez mais, infelizmente, as mentiras que encantam fazem muitas vezes submergir várias verdades que incomodam. A corrente da volúpia generalista de muitas falsas bolsas de importância e influência política, económica e social, atesta que vivemos um tempo em que no domínio do audiovisual ampliado, muitas vezes ficticiamente, muito do que tem notoriedade não presta. E tanto mais que ao nível da escolha, selecção e recrutamento, por exemplo político e público, se percebe que talento mediático não é o mesmo que competência política.
Antes pelo contrário. É que a sociedade do espectáculo dá muitas vezes prioridade, até esteticamente, à aparência, à diferença, ao que não é “normal”, não é sereno e é folclórico. Nos últimos anos pagamos colectiva (e às vezes individualmente) o preço de confundirmos talento mediático com competências várias. Desde logo profissionais. E muitas vezes políticas. Este bloqueamento que muitas sociedades contemporâneas vivem e muitas vezes têm medo de assumir como um mal. Que se transferiu também para as redes sociais, em que impera o generalismo, a mediocridade, a maledicência, o voyeurismo pessoal e acima de tudo um pulsar individualista e exibicionista de muito baixo nível. Isto é bom ou mau? Julgo que mau. Para nós todos. Porque se por um lado faz milhares e milhares sonharem com ser iguais ou seguidores dos talentos mediáticos, por outro afasta-os do caminho e da vontade, da preparação não só técnica e política, mas também moral e ética, bem necessária à civitas e à polis. Como os nossos antepassados bem catalogavam, a bota não dá com a perdigota. E a este propósito infelizmente nem sempre os mais talentosos, mediaticamente falando, são os mais competentes. Só uma minoria assim não é. E o mesmo acontece com os que na intermediação mediática surgem sem verdadeiro escrutínio e preparação profissional e política, para assumirem posições de preponderância nos media e na intermediação mediática. Temo que as coisas venham a piorar.
Que os talentosos mediáticos ganhem aos competentes. Politicamente e não só politicamente. Temo que ao nível político, com um possível governo dos derrotados das eleições de Outubro, se acentue o recrutamento do cartel. Que por exemplo ao nível de alguns órgãos de soberania, em particular na Assembleia da República, o pendor aparelhístico, de lógica de funcionamento partidário, tenda a transformar os titulares de vários órgãos de soberania em meras correias de transmissão das estruturas burocráticas e partidárias, matando a dialéctica de relacionamento entre por exemplo o parlamento e a sociedade portuguesa. Portugal precisa dos seus melhores, a fazerem o melhor pelo país. Nas suas profissões. Na economia, na sociedade, na cultura e nas artes. Na política. No serviço público.
E os melhores são (e serão sempre!) os mais livres, os mais preparados, e os mais competentes. E não apenas e só os mais talentosos no espaço mediático. É também por isso que os mais competentes e mais preparados devem acentuar a sua independência em detrimento dos intermediadores do regime. Combatendo a vasta rede paralela de falsas aparências e talentosas influências. Tudo isto é matéria controversa. Difícil de abordar. Difícil de acomodar em tempos de dependência de tudo o que queira alimentar-se no espaço do audiovisual. Ainda por cima, quando quem tem dinheiro, por portas e travessas, consegue impor a sua presença mediática, onde nunca conseguiria chegar. Mas é por isso que talento mediático é diferente de competência política. Muitas vezes confunde-se a timidez com atitudes majestáticas e posturas de afastamento e discrição como apontamentos de arrogância. Tal significa antes de mais um sinal de discordância com a preferência pela prioridade dada ao talento mediático em detrimento da competência.
Escreve à segunda-feira
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