Procurar
Tópicos semelhantes
Entrar
Últimos assuntos
Tópicos mais visitados
Quem está conectado?
Há 90 usuários online :: 0 registrados, 0 invisíveis e 90 visitantes :: 2 motores de buscaNenhum
O recorde de usuários online foi de 864 em Sex Fev 03, 2017 11:03 pm
Talento versus Capital no século XXI
Página 1 de 1
Talento versus Capital no século XXI
Quando os responsáveis pelas políticas financeiras tentam promover o crescimento económico, quase invariavelmente centram-se na busca de novas formas de libertar capital. Mas apesar de esta abordagem poder ter resultado no passado, existe o risco de que não se preste a devida atenção ao papel desempenhado pelo talento na altura de gerar e concretizar ideias que tornam possível o crescimento.
Com efeito, num futuro de rápidas transformações tecnológicas e de automatização generalizada, é menos provável que o factor determinante – ou o limite incapacitante – para a inovação, competitividade e crescimento seja a disponibilidade de capital do que a existência de uma força de trabalho qualificada.
Forças geopolíticas, demográficas e económicas estão a reformular incansavelmente os mercados de trabalho. A tecnologia, em particular, está a mudar a própria natureza do trabalho, fazendo com que ocupações e sectores inteiros se tornem obsoletos, ao mesmo tempo que criam indústrias e categorias profissionais completamente novas. Segundo algumas estimativas, praticamente metade das actuais profissões podem estar automatizadas em 2025. A especulação acerca do que as irá substituir vai desde previsões de oportunidades inesperadas até à projecção de desemprego em larga escala à medida que as máquinas vão deslocando a maioria da mão-de-obra humana.
Os primeiros sinais desta alteração são já visíveis. O desemprego global atingiu os 212 milhões de pessoas, segundo os dados da Organização Internacional do Trabalho, e será preciso criar mais 42 milhões de novos empregos por ano se a economia mundial quiser ter emprego para o crescente número de novas pessoas que entram no mercado de trabalho. Entretanto, no ano passado, 36% das entidades patronais de todo o mundo reportaram que se deparavam com dificuldades em encontrarem talentos, a percentagem mais elevada em sete anos.
Combater esta desadequação entre oferta e procura vai exigir que governos, líderes empresariais, instituições de ensino e particulares devem superar a tendência para se focalizarem no curto prazo e começar a planear um futuro em que as mudanças são a única constante. Todos devemos repensar o que significa aprender, a natureza do trabalho e os papéis e responsabilidades das várias partes interessadas em assegurar que os trabalhadores de todo o mundo são capazes de explorar plenamente o seu potencial.
Os directores de Recursos Humanos em algumas das maiores empresas mundiais antecipam profundas alterações devido à utilização crescente da Internet móvel e da computação na nuvem, o uso de grandes volumes de dados, acordos flexíveis de trabalho, impressão a 3-D, materiais avançados e novas fontes de energia, segundo os resultados de um inquérito conduzido pelo Fórum Económico Mundial. A sua avaliação do impacto geral sobre os níveis de emprego nos seus sectores foi, na grande maioria, positiva – desde que possam ser rapidamente desenvolvidas novas competências na força de trabalho, nos seus próprios sectores e no mercado laboral em termos mais amplos.
À medida que a tecnologia cada vez mais suplanta o trabalho baseado no conhecimento, as competências cognitivas que são fundamentais para os actuais sistemas educativos continuarão a ser importantes, mas as competências comportamentais e não-cognitivas, que são necessárias para a colaboração, para a inovação e para a resolução de problemas tornar-se-ão também essenciais. As escolas e universidades de hoje, que estão dominadas por abordagens à aprendizagem que são fundamentalmente individualistas e competitivas por natureza, devem ser redesenhadas de modo a focalizarem-se na aprendizagem de aquisição das competências necessárias para colaborar com os outros. As competências unicamente humanas, como ser capaz de trabalhar em equipa, gerir relacionamentos e compreender sensibilidades culturais, tornar-se-ão vitais para as empresas de todos os sectores de actividade e devem tornar-se uma componente nuclear da educação das gerações futuras.
Além disso, com a educação a tornar-se cada vez mais uma actividade para toda a vida, as empresas devem repensar o seu papel na hora de oferecerem formação a uma força de trabalho competitiva. Algumas empresas já perceberam isso e estão a investir na aprendizagem contínua dos seus trabalhadores, na actualização de competências e no ensino de novas capacidades. Ainda assim, a maioria dos empregadores ainda espera obter um talento pré-formado nas escolas, universidades e outras empresas.
As empresas terão cada vez mais que trabalhar com educadores e governos para ajudarem os sistemas educativos a acompanhar as necessidades do mercado laboral. Atendendo à rápida mudança dos conjuntos de competências exigidos para muitas ocupações, as empresas têm de redireccionar o investimento para a formação no local de trabalho e para a aprendizagem ao longo da vida, particularmente à medida que a geração do milénio entra na força de trabalho, procurando objectivos e diversidade de experiência onde os seus antecessores procuraram remuneração e estabilidade.
Os ciclos económicos originam de forma natural altos e baixos no emprego e as empresas socialmente responsáveis devem seguir exemplos bem sucedidos, como os da Coca-Cola, Alcoa, Saudi Aramco, Africa Rainbow Minerals e Google no que diz respeito a trabalhar para mitigar o desemprego e melhorar as capacidades das pessoas para ganharem a vida.
Os governos têm também um papel a desempenhar na criação de um contexto em que os seus cidadãos consigam alcançar o seu potencial. Os responsáveis pelas políticas económicas devem utilizar métricas mais sólidas para avaliarem o capital humano e devem reanalisar o investimento na educação, a concepção de um currículo, as práticas de contratação e de despedimento, a integração das mulheres no mercado de trabalho, as políticas de reforma, a legislação sobre a imigração e as políticas de bem-estar social. Um quadro regulatório favorável ao empreendedorismo e às pequenas e médias empresas continua a ser uma das melhores ferramentas – mas ainda muito pouco usada – para dar rédeas à criatividade, promover o crescimento e gerar emprego.
Proteger os trabalhadores e os consumidores é muito importante, mas proteger sectores específicos contra o impacto dos novos modelos de negócio não vai travar a próxima vaga de transformações. Em vez de tentarem travar negócios transformadores, como a Airbnb e a Uber, os governos deveriam introduzir regulamentação que permita o seu crescimento sustentado, ao mesmo tempo que procura formas de alavancar as suas tecnologias e abordagens empresariais para fomentar o bem-estar social. Essas políticas incluem cursos de educação online para desempregados, seguro para os trabalhadores digitais, sindicalização virtual e políticas tributárias viradas para a economia da partilha.
Desbloquear o talento latente em todo o mundo – e, consequentemente, o seu pleno potencial de crescimento – exige que olhemos além dos ciclos económicos e dos relatórios trimestrais. O futuro está cheio de potencial, mas só se formos suficientemente inteligentes – e corajosos – para o aproveitarmos.
Klaus Schwab é fundador e "chairman" executivo do Fórum Económico Mundial.
Direitos de Autor: Project Syndicate, 2015.
www.project-syndicate.org
Tradução: Carla Pedro
27 Agosto 2015, 20:00 por Klaus Schwab
Negócios
Com efeito, num futuro de rápidas transformações tecnológicas e de automatização generalizada, é menos provável que o factor determinante – ou o limite incapacitante – para a inovação, competitividade e crescimento seja a disponibilidade de capital do que a existência de uma força de trabalho qualificada.
Forças geopolíticas, demográficas e económicas estão a reformular incansavelmente os mercados de trabalho. A tecnologia, em particular, está a mudar a própria natureza do trabalho, fazendo com que ocupações e sectores inteiros se tornem obsoletos, ao mesmo tempo que criam indústrias e categorias profissionais completamente novas. Segundo algumas estimativas, praticamente metade das actuais profissões podem estar automatizadas em 2025. A especulação acerca do que as irá substituir vai desde previsões de oportunidades inesperadas até à projecção de desemprego em larga escala à medida que as máquinas vão deslocando a maioria da mão-de-obra humana.
Os primeiros sinais desta alteração são já visíveis. O desemprego global atingiu os 212 milhões de pessoas, segundo os dados da Organização Internacional do Trabalho, e será preciso criar mais 42 milhões de novos empregos por ano se a economia mundial quiser ter emprego para o crescente número de novas pessoas que entram no mercado de trabalho. Entretanto, no ano passado, 36% das entidades patronais de todo o mundo reportaram que se deparavam com dificuldades em encontrarem talentos, a percentagem mais elevada em sete anos.
Combater esta desadequação entre oferta e procura vai exigir que governos, líderes empresariais, instituições de ensino e particulares devem superar a tendência para se focalizarem no curto prazo e começar a planear um futuro em que as mudanças são a única constante. Todos devemos repensar o que significa aprender, a natureza do trabalho e os papéis e responsabilidades das várias partes interessadas em assegurar que os trabalhadores de todo o mundo são capazes de explorar plenamente o seu potencial.
Os directores de Recursos Humanos em algumas das maiores empresas mundiais antecipam profundas alterações devido à utilização crescente da Internet móvel e da computação na nuvem, o uso de grandes volumes de dados, acordos flexíveis de trabalho, impressão a 3-D, materiais avançados e novas fontes de energia, segundo os resultados de um inquérito conduzido pelo Fórum Económico Mundial. A sua avaliação do impacto geral sobre os níveis de emprego nos seus sectores foi, na grande maioria, positiva – desde que possam ser rapidamente desenvolvidas novas competências na força de trabalho, nos seus próprios sectores e no mercado laboral em termos mais amplos.
À medida que a tecnologia cada vez mais suplanta o trabalho baseado no conhecimento, as competências cognitivas que são fundamentais para os actuais sistemas educativos continuarão a ser importantes, mas as competências comportamentais e não-cognitivas, que são necessárias para a colaboração, para a inovação e para a resolução de problemas tornar-se-ão também essenciais. As escolas e universidades de hoje, que estão dominadas por abordagens à aprendizagem que são fundamentalmente individualistas e competitivas por natureza, devem ser redesenhadas de modo a focalizarem-se na aprendizagem de aquisição das competências necessárias para colaborar com os outros. As competências unicamente humanas, como ser capaz de trabalhar em equipa, gerir relacionamentos e compreender sensibilidades culturais, tornar-se-ão vitais para as empresas de todos os sectores de actividade e devem tornar-se uma componente nuclear da educação das gerações futuras.
Além disso, com a educação a tornar-se cada vez mais uma actividade para toda a vida, as empresas devem repensar o seu papel na hora de oferecerem formação a uma força de trabalho competitiva. Algumas empresas já perceberam isso e estão a investir na aprendizagem contínua dos seus trabalhadores, na actualização de competências e no ensino de novas capacidades. Ainda assim, a maioria dos empregadores ainda espera obter um talento pré-formado nas escolas, universidades e outras empresas.
As empresas terão cada vez mais que trabalhar com educadores e governos para ajudarem os sistemas educativos a acompanhar as necessidades do mercado laboral. Atendendo à rápida mudança dos conjuntos de competências exigidos para muitas ocupações, as empresas têm de redireccionar o investimento para a formação no local de trabalho e para a aprendizagem ao longo da vida, particularmente à medida que a geração do milénio entra na força de trabalho, procurando objectivos e diversidade de experiência onde os seus antecessores procuraram remuneração e estabilidade.
Os ciclos económicos originam de forma natural altos e baixos no emprego e as empresas socialmente responsáveis devem seguir exemplos bem sucedidos, como os da Coca-Cola, Alcoa, Saudi Aramco, Africa Rainbow Minerals e Google no que diz respeito a trabalhar para mitigar o desemprego e melhorar as capacidades das pessoas para ganharem a vida.
Os governos têm também um papel a desempenhar na criação de um contexto em que os seus cidadãos consigam alcançar o seu potencial. Os responsáveis pelas políticas económicas devem utilizar métricas mais sólidas para avaliarem o capital humano e devem reanalisar o investimento na educação, a concepção de um currículo, as práticas de contratação e de despedimento, a integração das mulheres no mercado de trabalho, as políticas de reforma, a legislação sobre a imigração e as políticas de bem-estar social. Um quadro regulatório favorável ao empreendedorismo e às pequenas e médias empresas continua a ser uma das melhores ferramentas – mas ainda muito pouco usada – para dar rédeas à criatividade, promover o crescimento e gerar emprego.
Proteger os trabalhadores e os consumidores é muito importante, mas proteger sectores específicos contra o impacto dos novos modelos de negócio não vai travar a próxima vaga de transformações. Em vez de tentarem travar negócios transformadores, como a Airbnb e a Uber, os governos deveriam introduzir regulamentação que permita o seu crescimento sustentado, ao mesmo tempo que procura formas de alavancar as suas tecnologias e abordagens empresariais para fomentar o bem-estar social. Essas políticas incluem cursos de educação online para desempregados, seguro para os trabalhadores digitais, sindicalização virtual e políticas tributárias viradas para a economia da partilha.
Desbloquear o talento latente em todo o mundo – e, consequentemente, o seu pleno potencial de crescimento – exige que olhemos além dos ciclos económicos e dos relatórios trimestrais. O futuro está cheio de potencial, mas só se formos suficientemente inteligentes – e corajosos – para o aproveitarmos.
Klaus Schwab é fundador e "chairman" executivo do Fórum Económico Mundial.
Direitos de Autor: Project Syndicate, 2015.
www.project-syndicate.org
Tradução: Carla Pedro
27 Agosto 2015, 20:00 por Klaus Schwab
Negócios
Página 1 de 1
Permissões neste sub-fórum
Não podes responder a tópicos
Qui Dez 28, 2017 3:16 pm por Admin
» Apanhar o comboio
Seg Abr 17, 2017 11:24 am por Admin
» O que pode Lisboa aprender com Berlim
Seg Abr 17, 2017 11:20 am por Admin
» A outra austeridade
Seg Abr 17, 2017 11:16 am por Admin
» Artigo de opinião de Maria Otília de Souza: «O papel dos custos na economia das empresas»
Seg Abr 17, 2017 10:57 am por Admin
» Recorde de maior porta-contentores volta a 'cair' com entrega do Maersk Madrid de 20.568 TEU
Seg Abr 17, 2017 10:50 am por Admin
» Siemens instalou software de controlo avançado para movimentações no porto de Sines
Seg Abr 17, 2017 10:49 am por Admin
» Pelos caminhos
Seg Abr 17, 2017 10:45 am por Admin
» Alta velocidade: o grande assunto pendente
Seg Abr 17, 2017 10:41 am por Admin