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Ficção versus realidade
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Ficção versus realidade
“Um dos aspetos mais notáveis e menos estudados da história mundial são os muitos exemplos da facilidade com que os seres humanos se deixam convencer”. Thomson, Olivier in “Uma História da Propaganda”.
Em apenas três anos, no Funchal, assistiu-se a uma injeção massiva de propaganda que criou uma realidade (cidade) ficcionada; que exacerbou méritos - também os há - e que escondeu os deméritos de uma forma de governar e de fazer política muito ao estilo do “estás comigo ou estás contra mim” – simbolizada, por exemplo, na exigência de demissão de um diretor de jornal que publicou uma notícia menos agradável....
Propaganda alicerçada num discurso que procurou relevar projetos que depois, ficaram à porta (da Câmara); conselhos de cultura que não aconselharam nada porque nunca ninguém, no Executivo camarário, lhes pediu conselho algum; programas “Preserva” que nada preservaram. Que escondeu as alegadas divergências entre vereadores e que assume como sendo natural o facto de só no terceiro ano de mandato ter começado a planear a revisão de um PDM que data de 1997 (?!), esquecendo que um Plano Diretor Municipal é um instrumento de governação essencial, devendo – até por obrigação legal - ser revisto a cada 10 anos.
“Gerir uma cidade não é criar uma ficção”, disse Rui Moreira, hoje Presidente da Câmara Municipal do Porto, aquando da sua primeira candidatura autárquica. A atual maioria na vereação da CMF talvez nunca tenha ouvido a frase que cito e se ouviu, fez pouco caso dela, porque diariamente, propagandeia uma ficção.
Vende uma cidade de planos gerais, mas não olha ao detalhe; Uma cidade de planos gerais onde as estradas municipais e os jardins se degradam; onde a recolha do lixo regrediu; onde existem 8.000 prédios devolutos. Onde a preocupação com a criação de um plano estratégico para o turismo é superior à preocupação com a qualificação do próprio destino turístico, sendo este um exemplo claro de prioridades invertidas. Uma cidade onde a burocracia mata oportunidades (os empresários, os investidores e os próprios cidadãos comuns sabem-no bem). Uma cidade que nada tem a dizer, ou que nada quer dizer, sobre o sistema de transportes, ou seja, sobre o seu próprio sistema circulatório.
Não tenho nada contra os planos gerais, embora entenda que antes de passarem às páginas de jornais, como intenções deveriam, pelo menos, estar elaborados. Mas é também função de uma autarquia cuidar das “pequenas” coisas que têm impacto diário na vida dos cidadãos.
Uma cidade não pode ser vista como um trampolim para outros voos, palco para protagonismos pessoais que os “planos de intenções” têm, bastas vezes, por objetivo proporcionar. Uma cidade vive-se e governa-se todos os dias.
Voltando à citação com que começo este texto, é tempo de olhar para a cidade que está para além da propaganda. Para não sermos, mais uma vez, exemplo da “facilidade com que os seres humanos se deixam convencer”.
As próximas “autárquicas” serão a escolha entre dois caminhos. O da ficção e o da realidade. Que o debate comece, porque será certamente enriquecedor.
GONÇALO SANTOS / 17 JAN 2017 / 02:00 H.
Diário de Notícias da Madeira
Em apenas três anos, no Funchal, assistiu-se a uma injeção massiva de propaganda que criou uma realidade (cidade) ficcionada; que exacerbou méritos - também os há - e que escondeu os deméritos de uma forma de governar e de fazer política muito ao estilo do “estás comigo ou estás contra mim” – simbolizada, por exemplo, na exigência de demissão de um diretor de jornal que publicou uma notícia menos agradável....
Propaganda alicerçada num discurso que procurou relevar projetos que depois, ficaram à porta (da Câmara); conselhos de cultura que não aconselharam nada porque nunca ninguém, no Executivo camarário, lhes pediu conselho algum; programas “Preserva” que nada preservaram. Que escondeu as alegadas divergências entre vereadores e que assume como sendo natural o facto de só no terceiro ano de mandato ter começado a planear a revisão de um PDM que data de 1997 (?!), esquecendo que um Plano Diretor Municipal é um instrumento de governação essencial, devendo – até por obrigação legal - ser revisto a cada 10 anos.
“Gerir uma cidade não é criar uma ficção”, disse Rui Moreira, hoje Presidente da Câmara Municipal do Porto, aquando da sua primeira candidatura autárquica. A atual maioria na vereação da CMF talvez nunca tenha ouvido a frase que cito e se ouviu, fez pouco caso dela, porque diariamente, propagandeia uma ficção.
Vende uma cidade de planos gerais, mas não olha ao detalhe; Uma cidade de planos gerais onde as estradas municipais e os jardins se degradam; onde a recolha do lixo regrediu; onde existem 8.000 prédios devolutos. Onde a preocupação com a criação de um plano estratégico para o turismo é superior à preocupação com a qualificação do próprio destino turístico, sendo este um exemplo claro de prioridades invertidas. Uma cidade onde a burocracia mata oportunidades (os empresários, os investidores e os próprios cidadãos comuns sabem-no bem). Uma cidade que nada tem a dizer, ou que nada quer dizer, sobre o sistema de transportes, ou seja, sobre o seu próprio sistema circulatório.
Não tenho nada contra os planos gerais, embora entenda que antes de passarem às páginas de jornais, como intenções deveriam, pelo menos, estar elaborados. Mas é também função de uma autarquia cuidar das “pequenas” coisas que têm impacto diário na vida dos cidadãos.
Uma cidade não pode ser vista como um trampolim para outros voos, palco para protagonismos pessoais que os “planos de intenções” têm, bastas vezes, por objetivo proporcionar. Uma cidade vive-se e governa-se todos os dias.
Voltando à citação com que começo este texto, é tempo de olhar para a cidade que está para além da propaganda. Para não sermos, mais uma vez, exemplo da “facilidade com que os seres humanos se deixam convencer”.
As próximas “autárquicas” serão a escolha entre dois caminhos. O da ficção e o da realidade. Que o debate comece, porque será certamente enriquecedor.
GONÇALO SANTOS / 17 JAN 2017 / 02:00 H.
Diário de Notícias da Madeira
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