A esquerda e a ameaça dos mercados

O debate de ontem no Parlamento marcou o início do processo que deve culminar hoje com o derrube do Governo de Passos e Portas. PCP, Bloco de Esquerda e Verdes limitaram-se a lançar críticas à actuação do Executivo.

Já o PS, além das críticas, também procurou desacreditar o programa do PSD/CDS e clarificar o que será a sua actuação em relação à Europa. Quem não parece convencer-se com as explicações da esquerda portuguesa são os mercados. A bolsa de Lisboa caiu mais de 4%, com especial destaque para a banca, e os juros da dívida pública portuguesa subiram em todos os prazos. 

A taxa a dez anos fechou a 2,831%, o valor mais alto desde Julho, depois de ter chegado a negociar a 2,86%, o que compara com descidas ligeiras das ‘yields’ de Itália e Alemanha e uma ligeira subida das de Espanha. 

A Bloomberg noticiou que Portugal enfrenta o risco de “reversão no corte da despesa pública” e os analistas esperam mais instabilidade no mercado nacional durante as próximas semanas.

As coisas podem mesmo complicar-se se a única agência de ‘rating’ que classifica a dívida portuguesa em grau de investimento, a canadiana DBRS, cumprir a ameaça de descer a notação para ‘lixo’. Se isso acontecer a dívida portuguesa pode deixar de ser aceite como colateral pelo BCE e deixar de contar para o programa de compras iniciado em Março e que tem mantido as taxas da dívida nacional em níveis historicamente baixos. Tudo não passa, para já, de sinais e ameaças que podem não se concretizar. O problema será se os piores cenários se verificarem. 

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Diário Económico