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A TAP e os sucessivos erros nos transportes
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A TAP e os sucessivos erros nos transportes
Uma das primeiras medidas do futuro Governo PS será a reversão da entrega a privados de vários serviços de transportes, entre estes a TAP.
Por princípio, não gosto de governos que entrem a desfazer à pressa o que outros fizeram (neste caso, também à pressa). Isto porque a contraparte é o Estado português, não é o Pedro ou o António. A palavra de um Estado, ainda por cima assinada num contrato, tem de ter valor e ser respeitada. Dito isto, a fúria privatizadora deste Governo foi de tal ordem, e até ao último dia, que acaba por dar argumentos à esquerda para uma noitada de rasganço compulsivo de contratos.
Se há clivagem “ideológica” na política portuguesa é esta, o que é público e o que é privado, ou o que deve ser. Esta diferença não seria problemática, não fosse cega. É que para a esquerda deve ser tudo público, e para a direita deve ser tudo privado. A questão é que as coisas não se resolvem assim, como aliás se tem visto nos últimos dez anos.
No caso dos transportes públicos terrestres, vivemos até à chegada da ‘troika’ numa ficção cor de rosa com péssimos resultados. Anos e anos de má gestão (muitas vezes seguindo instruções da tutela), mordomias absurdas para muitos trabalhadores, oferta excessiva e subsidiada, e o contribuinte a pagar. Com este Governo, atacou-se o problema do ponto de vista do contribuinte, ganhou-se transparência nas contas assumindo o Estado a dívida que já era, na verdade, sua e só sua. Mas esqueceu-se de um ponto fundamental para esta discussão: os utilizadores.
Na verdade, os transportes estão muito piores do que estavam há cinco anos atrás, em termos de oferta. E isto conjuga-se com o preço, que é muitíssimo mais caro. Ou seja, a relação qualidade/preço, para o utilizador de transportes públicos, piorou sem sombra de dúvida.
Neste campeonato, ninguém fica bem na fotografia, porque nenhuma das soluções resolveu o problema de forma satisfatória. E, agora, a discussão continua a ser ideológica, quando a análise devia ser técnica: qual o rácio qualidade/preço para o utilizador e qual a factura para o contribuinte, em cada um dos modelos? É isto, e só isto, que interessa, qual a solução que melhor equilibra os vários interesses que merecem protecção? O resto são preconceitos ideológicos, de um lado, e tentativas desesperadas de manter uma coutada sindical (sob a capa de defesa dos direitos dos “utentes”), do outro.
Quanto à TAP, a questão é outra e, no meu entender, muito mais simples. Deve privatizar-se. Ponto. Ao contrário do que acontece com a esmagadora maioria dos transportes terrestres, no transporte aéreo a utilização não é intensiva para a maioria dos cidadãos e há efectiva concorrência no mercado. Mais, a questão não está numa TAP pública ou privada. Está na possibilidade de crescimento de uma grande empresa com efectiva implementação nacional (que não necessariamente pública) ou na reestruturação à bruta de uma futura pequena empresa nacional (aqui sim, pública).
Se tiver de ser o Estado a capitalizar a TAP, tal só será autorizado por Bruxelas em troca de despedimentos em massa, redução de rotas e esmagamento geral da dimensão da empresa. O que é preferível? Parece-me óbvio, a quem tiver uma visão desapaixonada do tema.
00:06 h
Tiago Freire
Económico
Por princípio, não gosto de governos que entrem a desfazer à pressa o que outros fizeram (neste caso, também à pressa). Isto porque a contraparte é o Estado português, não é o Pedro ou o António. A palavra de um Estado, ainda por cima assinada num contrato, tem de ter valor e ser respeitada. Dito isto, a fúria privatizadora deste Governo foi de tal ordem, e até ao último dia, que acaba por dar argumentos à esquerda para uma noitada de rasganço compulsivo de contratos.
Se há clivagem “ideológica” na política portuguesa é esta, o que é público e o que é privado, ou o que deve ser. Esta diferença não seria problemática, não fosse cega. É que para a esquerda deve ser tudo público, e para a direita deve ser tudo privado. A questão é que as coisas não se resolvem assim, como aliás se tem visto nos últimos dez anos.
No caso dos transportes públicos terrestres, vivemos até à chegada da ‘troika’ numa ficção cor de rosa com péssimos resultados. Anos e anos de má gestão (muitas vezes seguindo instruções da tutela), mordomias absurdas para muitos trabalhadores, oferta excessiva e subsidiada, e o contribuinte a pagar. Com este Governo, atacou-se o problema do ponto de vista do contribuinte, ganhou-se transparência nas contas assumindo o Estado a dívida que já era, na verdade, sua e só sua. Mas esqueceu-se de um ponto fundamental para esta discussão: os utilizadores.
Na verdade, os transportes estão muito piores do que estavam há cinco anos atrás, em termos de oferta. E isto conjuga-se com o preço, que é muitíssimo mais caro. Ou seja, a relação qualidade/preço, para o utilizador de transportes públicos, piorou sem sombra de dúvida.
Neste campeonato, ninguém fica bem na fotografia, porque nenhuma das soluções resolveu o problema de forma satisfatória. E, agora, a discussão continua a ser ideológica, quando a análise devia ser técnica: qual o rácio qualidade/preço para o utilizador e qual a factura para o contribuinte, em cada um dos modelos? É isto, e só isto, que interessa, qual a solução que melhor equilibra os vários interesses que merecem protecção? O resto são preconceitos ideológicos, de um lado, e tentativas desesperadas de manter uma coutada sindical (sob a capa de defesa dos direitos dos “utentes”), do outro.
Quanto à TAP, a questão é outra e, no meu entender, muito mais simples. Deve privatizar-se. Ponto. Ao contrário do que acontece com a esmagadora maioria dos transportes terrestres, no transporte aéreo a utilização não é intensiva para a maioria dos cidadãos e há efectiva concorrência no mercado. Mais, a questão não está numa TAP pública ou privada. Está na possibilidade de crescimento de uma grande empresa com efectiva implementação nacional (que não necessariamente pública) ou na reestruturação à bruta de uma futura pequena empresa nacional (aqui sim, pública).
Se tiver de ser o Estado a capitalizar a TAP, tal só será autorizado por Bruxelas em troca de despedimentos em massa, redução de rotas e esmagamento geral da dimensão da empresa. O que é preferível? Parece-me óbvio, a quem tiver uma visão desapaixonada do tema.
00:06 h
Tiago Freire
Económico
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