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Conferência Portugal em Exame. “Deixem as empresas trabalhar”
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Conferência Portugal em Exame. “Deixem as empresas trabalhar”
O apelo foi feito por António Ramalho, presidente das Infraestruturas de Portugal, na conferência Portugal em Exame. Perante a atual instabilidade política, gestores e empresários até se mostram otimistas. Mas só se o novo Governo prosseguir com políticas de crescimento
Os empresários e gestores presentes em mais uma conferência anual “Portugal em Exame”, que decorreu esta quinta-feira, mostram-se otimistas quanto ao futuro do país e da economia nacional, apesar da instabilidade política. Mas não deixam de pedir consenso em torno das políticas de crescimento – independentemente do Governo que venha a tomar posse.
Francisco Pinto Balsemão, presidente do grupo Impresa (que detém o Expresso e a Exame), abriu a conferência, realizada em parceria com o Banco Popular, que encheu o auditório do Museu do Oriente, em Lisboa, sob o mote “Novos Líderes”, traçando um retrato da economia portuguesa – bem menos negro do que nas edições anteriores desta iniciativa.
“Terminámos um ciclo de ajustamento com sucesso. Não podemos destruir o que foi construído com todo o esforço pelos portugueses. Temos a obrigação de garantir a médio e longo prazo o futuro das nossas empresas e do nosso país”, advertiu o empresário. Com ironia, acrescentou: “Em 2016, com Arménio Carlos e Mário Nogueira de férias forçadas e sem greve marcadas, com certeza que a economia portuguesa terá mais condições para crescer.”
Miguel Almeida, presidente executivo da NOS, garantiu que a sustentabilidade da sua organização, baseada numa estratégia de longo prazo, não será colocada em causa por “mudanças de contexto”, algo “comum” na vida de qualquer empresa: “Quando temos um projeto de longo prazo, não é um período tão curto que nos preocupa”. Acrescentou: “Temos de ter a capacidade de adaptação e flexibilidade ao contexto”, referiu.
"No nosso país resolvemos sempre os nossos problemas"
António Ramalho, presidente das Infraestruturas de Portugal, assumindo a expressão popularizada por Cavaco Silva (sublinhado, no entanto, a independência das suas palavras), apelou: “Deixem as empresas trabalhar”. O gestor elogiou o “enorme” trabalho da sociedade civil (“não é um trabalho só dos políticos, mas também das pessoas e das empresas”) nos últimos quatro anos e pede para que as futuras políticas não o deitem a perder. “Há uma coisa importante a salientar no nosso país: resolvemos sempre os nossos problemas”, afirmou.
Já Daniel Traça, diretor da Nova School of Business and Economics, que considera o atual contexto de instabilidade política como “espuma”, também concorda que o Governo que se segue, “seja qual for”, deve permanecer no caminho da globalização que, apesar de “doloroso”, é a garantia de crescimento para a economia lusa. Isso passa por apostar nos sectores de bens transacionáveis: “Na Irlanda, 45% a 50% da economia está nos bens transacionáveis. Em Portugal, essa fatia é de 10%”, comparou.
Sobre o impasse político no país, a presidente da Luz Saúde, Isabel Vaz, recomendou sensatez. "É preciso muito bom senso e muita maturidade para consolidar o projeto europeu. O que pediria ao próximo Governo é uma atenção muito grande à Europa", sugeriu a gestora, que também defendeu, na conferência Portugal em Exame, que "o Estado pode estar menos presente na prestação de cuidados de saúde".
António Jorge, presidente da Sogepoc (dona da fabricante de concentrado de tomate Sugal), considera essencial que o próximo Executivo, qualquer que ele seja, tenha como preocupação central diminuir o endividamento do país. "Peço que se tenha uma visão de longo prazo, um Governo que se preocupe com o crescimento sustentado". "Temos de crescer sem estar a emitir mais dívida", defendeu o mesmo responsável.
"Sem poupança não há investimento"
Já Diogo Cunha, presidente do Banco Atlântico Europa, apontou como recomendação ao próximo Governo a manutenção da estabilidade à volta da poupança e dos depósitos das famílias, porque "sem poupança não há investimento" e também porque hoje a principal fonte de financiamento do sistema bancário são os depósitos, sobretudo de clientes particulares.
Carlos Álvares, presidente do Banco Popular, parceiro da Exame nesta conferência, apontou para o facto de a banca estar hoje mais saudável, sobretudo no que diz respeito ao capital e aos rácios de liquidez (admitindo, no entanto, a continuação dos problemas de rentabilidade). Por isso, pede estabilidade nas medidas políticas. E aproveita também para dar alguns conselhos ao próximo Executivo, no sentido de estimularem a economia: “Temos um país com leis muito complicadas. Simplifiquem. E criem maior previsibilidade fiscal”.
JOANA MADEIRA PEREIRA
MIGUEL PRADO
19.11.2015 às 16h20
Expresso
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