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O esquecimento global
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O esquecimento global
Que esperar da cimeira do clima que começou ontem em Paris? Muito pouco ou quase nada. Ciclicamente, uma multidão de chefes de Estado, políticos, tecnocratas, ambientalistas e representantes de ONG reúnem-se num determinado local com pompa e circunstância. Objetivo: travar o aquecimento do Planeta. No final, por norma, são celebrados acordos. Poucos são cumpridos.
Muitos dos discursos solenes, proferidos na sessão de abertura de ontem, podiam ter sido feitos há cinco, 10 ou 20 anos. "Temos o poder de determinar o nosso futuro, aqui e agora, mas só se mostrarmos que estamos à altura do desafio". As palavras são de Barak Obama, presidente dos Estados Unidos, a primeira economia mundial e o segundo maior emissor de gases com efeito de estufa, logo a seguir à China.
Não basta ir a Paris. As alterações climáticas em curso, nem os mais céticos ousam duvidar, são o resultado evidente da ação do Homem. Só nós, Humanidade, conseguiremos alterar o curso das coisas; ou melhor, evitar o seu agravamento. Aos chefes de Estado não basta ir a Paris e, por milagre, regressa a bonança. É imperativo, neste momento, ir além dos tratados, avançar para ações concretas. Já nada consegue fazer recuar o aquecimento global. Resta travá-lo. Em muitos pontos do Planeta, em muitos lares, em pequenas comunidades, muito foi feito nesse sentido. Resta aos governos presentes na capital francesa tomarem uma posição unânime, chegar a um acordo forte e vinculativo. E a Obama não chega um discurso para travar as tempestades. Não podemos esquecer que os Estados Unidos, o segundo maior poluidor mundial, nunca ratificaram o protocolo de Quioto - até agora o único documento com metas concretas tendentes e controlar as emissões de gases com efeito de estufa.
Se tudo continuar como está, uma certeza poderemos ter. As futuras gerações herdam um planeta onde será cada vez mais difícil viver. E, maldição da história, o "castigo" atingirá sempre os mais pobres, os mais indefesos. As suas casas são as primeiras a ser levadas pela enxurrada, são as espécies de que se alimentam as primeiras a ser devoradas pelos incêndios. São eles os desalojados pela subida do nível do mar, e são eles que não conseguem alternativa para viver. É em Paris que decorre a cimeira do clima, cidade fustigada há tão pouco tempo pelo terrorismo. As alterações climáticas também tornam os pobres ainda mais pobres, os diferentes ainda mais diferentes. Essa é a principal semente do terrorismo. Que Paris não tolere o esquecimento.
01.12.2015
PAULA FERREIRA
Jornal de Notícias
Muitos dos discursos solenes, proferidos na sessão de abertura de ontem, podiam ter sido feitos há cinco, 10 ou 20 anos. "Temos o poder de determinar o nosso futuro, aqui e agora, mas só se mostrarmos que estamos à altura do desafio". As palavras são de Barak Obama, presidente dos Estados Unidos, a primeira economia mundial e o segundo maior emissor de gases com efeito de estufa, logo a seguir à China.
Não basta ir a Paris. As alterações climáticas em curso, nem os mais céticos ousam duvidar, são o resultado evidente da ação do Homem. Só nós, Humanidade, conseguiremos alterar o curso das coisas; ou melhor, evitar o seu agravamento. Aos chefes de Estado não basta ir a Paris e, por milagre, regressa a bonança. É imperativo, neste momento, ir além dos tratados, avançar para ações concretas. Já nada consegue fazer recuar o aquecimento global. Resta travá-lo. Em muitos pontos do Planeta, em muitos lares, em pequenas comunidades, muito foi feito nesse sentido. Resta aos governos presentes na capital francesa tomarem uma posição unânime, chegar a um acordo forte e vinculativo. E a Obama não chega um discurso para travar as tempestades. Não podemos esquecer que os Estados Unidos, o segundo maior poluidor mundial, nunca ratificaram o protocolo de Quioto - até agora o único documento com metas concretas tendentes e controlar as emissões de gases com efeito de estufa.
Se tudo continuar como está, uma certeza poderemos ter. As futuras gerações herdam um planeta onde será cada vez mais difícil viver. E, maldição da história, o "castigo" atingirá sempre os mais pobres, os mais indefesos. As suas casas são as primeiras a ser levadas pela enxurrada, são as espécies de que se alimentam as primeiras a ser devoradas pelos incêndios. São eles os desalojados pela subida do nível do mar, e são eles que não conseguem alternativa para viver. É em Paris que decorre a cimeira do clima, cidade fustigada há tão pouco tempo pelo terrorismo. As alterações climáticas também tornam os pobres ainda mais pobres, os diferentes ainda mais diferentes. Essa é a principal semente do terrorismo. Que Paris não tolere o esquecimento.
01.12.2015
PAULA FERREIRA
Jornal de Notícias
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