Mundo global

Escolher uma área, conseguir entrar numa licenciatura, estudar um ou dois semestres fora do país. São estes, cada vez mais, os planos gizados pelos estudantes europeus - e Portugal não é exceção. Com o programa Erasmus a crescer em notoriedade, todos os anos cerca de 7 mil universitários saem daqui durante alguns meses para estudar fora. Já não é apenas uma aventura longe dos pais, uma oportunidade para viajarem e se divertirem, sendo hoje visto como uma oportunidade para ganhar experiência e vantagem em relação aos demais num mercado crescentemente global e competitivo. Há até quem planeie tirar o curso inteiro fora - regressar é uma decisão a tomar mais tarde. Não é que o nosso ensino superior não tenha qualidade - a verdade é que temos algumas das melhores escolas da Europa e Portugal é mesmo um dos destinos no Top 10 dos programas de Erasmus. Simplesmente, cada vez mais os jovens pensam a Europa como a sua casa.

Todos os anos lemos e vemos notícias sobre a emigração, lamentamo-nos pela fuga de cérebros, pela quantidade de bons profissionais perdidos para empresas estrangeiras. Não somos apenas nós, os portugueses, mas também os britânicos, os alemães - em 2014, mais de 300 mil deixaram o Reino Unido, 427 mil saíram da Alemanha, o quádruplo dos portugueses que emigraram no mesmo período. Mas os mais novos começam a encarar esta realidade de forma diferente: não pensam na sua saída do país como a única alternativa mas como uma oportunidade.

São miúdos que cresceram a viajar, que tiveram desde cedo a oportunidade de conhecer outras culturas e realidades, que abriram horizontes e vivem num mundo diferente do nosso: mais aberto, mais global. Esta mudança de visão, esta flexibilidade que a geração hoje com 30 anos ou mais tem ainda alguma dificuldade de entender, pode ser verdadeiramente o que falta para a construção do espírito europeu.

Editorial
04 DE JANEIRO DE 2016
00:01
JOANA PETIZ
Diário de Notícias