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Fazer horas extra valoriza economia mas família e férias ficam em segundo plano
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Fazer horas extra valoriza economia mas família e férias ficam em segundo plano
Shutterstock
Trabalhar mais horas extra traduz-se muitos vezes no menor gozo de férias e pôr a vida pessoal em segundo plano.
Também a inovação e as novas soluções de negócio acabam por ser penalizadas. Empresários garantem
que “vale a pena”.
Os empresários das pequenas e médias empresas (PME) de todo o mundo contribuíram com mais de 8,3 triliões de dólares para a economia global, através de trabalho feito fora das horas normais em nome dos seus negócios. A conclusão é de um estudo da Sage, empresa que apresenta soluções integradas de gestão, contabilidade, salários e pagamentos. Portugal não foge a esta tendência e os empresários portugueses admitem que “pagam o preço desta contribuição sacrificando a vida pessoal e familiar ao sucesso do seu negócio”.
A verdade é que esta contribuição tem um preço. Globalmente, quase metade (46%) dos empresários trabalha mais de 40 horas por semana. E isso é visível pelo tecido empresarial alemão, em que 57% revelam que trabalha mais de 40 horas semanais. Já os empresários australianos garantem que estão a conseguir um maior equilíbrio entre o trabalho e a vida privada. Ali são 31% a dizer que trabalham mais de 40 horas por semana. Em Portugal, os empresários ficam ligeiramente abaixo da média global, com 42% a trabalharem além das 40 horas semanais.
Sacrifícios A Sage chama ainda a atenção para os verdadeiros sacrifícios feitos pelos empreendedores a nível global. Mais de um terço (36%) dos entrevistados disse ter sacrificado tempo com a família em nome dos negócios. No entanto, Portugal fica abaixo da média global, com 32% a reconhecerem que comprometem o tempo com a família. Este número é particularmente elevado na África do Sul, onde 44% dos donos de empresas têm escolhido o trabalho em detrimento da família.
O que é certo é que 44% dos empresários a nível global dizem que a dedicação à empresa afectou o seu relacionamento. “Talvez como resultado de semanas longas de trabalho, mais de metade (52%) dos empresários alemães dizem ter cancelado um encontro amoroso por causa do trabalho. Isto é particularmente elevado em comparação com a média global de 27%”, refere o estudo, acrescentando ainda que “em Portugal, um quarto dos empresários admite que já cancelou um encontro por razões profissionais”.
Sobrecarga horária Mas a par da vida pessoal há outras coisas que ficam para trás. Uma são as férias, já que, em média, 33% dos inquiridos nos 11 países gozaram menos de cinco dias de férias em relação ao ano anterior. No caso português, esse valor fica-se pelos 26%. Os mais sacrificados são os sul-africanos, com 53%.
Outro aspecto em que a sobrecarga horária dos donos de pequenos e médios negócios é penalizadora é a inovação. Cerca de um terço (32%) diz negligenciar novas ideias de negócio. Os empresários portugueses são dos que mais se queixam, com 36% a dizerem não dispor de tempo para desenvolver novas ideias e oportunidades de negócio. Pior que os portugueses só os espanhóis, com 38%.
O desenvolvimento de novas ideias é apontado como a primeira área negligenciada, com o contacto com clientes, a formação dos colaboradores e o pagamento das facturas no topo das prioridades. Num pequeno número de países, entre os quais se incluem a Grã-Bretanha e a Alemanha, os empresários disseram preferir gastar tempo em inovação a gastá-lo nas tarefas administrativas da empresa.
Mas a inovação não é a única a sofrer em resultado da escassez de tempo. Mais de um terço dos inquiridos (38%) diz que ela se traduziu na perda de clientes e fornecedores. No caso dos empresários portugueses, esse valor sobe aos 43%, nível só ultrapassado entre os brasileiros (52%) e os sul-africanos (49%).
Mas os empresários das PME estão abertos a soluções que os ajudem a dedicar mais tempo à inovação.
Compreender ou encontrar uma forma mais eficiente de aplicar as horas de trabalho é uma delas, para 28% na médiados empresários questionados e para 31% dos empresários portugueses. Mas a melhoria das competências dos seus colaboradores e dos procedimentos administrativos e tecnológicos ajudaria muito, para 51% de todos os empresários desta amostra (63% dos empresários portugueses).
Apesar das consequências que provoca o excesso de horas extra, mais da metade dos empresários (66%) dizem que as horas extra valem a pena. Mais de um terço (41%) são motivados pelo gosto no que fazem, enquanto 38% dizem estar motivados pelos objectivos. Os empresários sul-africanos são particularmente motivados: 51% dizem que são motivados pela paixão pelo seu negócio e 59% pelo gosto por atingir objectivos. Em Portugal, mais de metade (51%) dos portugueses dizem-se movidos pelo amor ao que fazem. Segue-se a motivação para fazer dinheiro (49%) e para impulsionar o crescimento e o sucesso do negócio (47%).
SÓNIA PERES PINTO
02/12/2015 11:15
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