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A tirania dos dados
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A tirania dos dados
Dispor de métricas relevantes é fundamental para a gestão das empresas. Mas medir tudo fomenta uma falsa sensação de controlo, pode levar à falsificação da realidade e provocar o desenvolvimento de novas patologias sociais.
No recente Congresso das Comunicações da APDC - Associação Portuguesa para o Desenvolvimento das Comunicações -, foi manifesta a importância crescente dos dados na transformação digital da economia através da sensorização das cidades, das fábricas e das pessoas mediante o uso de tecnologias cada vez mais baratas e ubíquas.
O protagonismo que, em tempos passados, os operadores de telecomunicações tiveram nesses foros é progressivamente ocupado pelos conteúdos e pela informação. Os estados atribuem hoje mais valor estratégico aos dados e às plataformas que derrubam governos, fomentam revoluções e propagam segredos, do que aos operadores de telecomunicações, como o destino da PT demonstra no nosso próprio país.
É para mim evidente que a qualidade da gestão em Portugal pode beneficiar consideravelmente da utilização sistemática de métricas consistentes, o que é hoje infrequente, para conseguir impor os factos sobre as hipóteses. Ao nível político, a “dadificação” da sociedade vai permitir-nos aumentar a importância de questões como a Saúde ou a Educação, até agora menos prioritárias do que a dívida ou o défice, por exemplo, por serem mais difíceis de mensurar apesar de muito mais relevantes.
Mas medir tudo leva a que se brinque com os números e se tirem conclusões aparentemente consistentes que podem permitir mascarar a realidade até a falsear, como no caso da trucagem dos dados dos motores da Volkswagen. Por muito que processemos os dados até os torturar, estes só se transformam em informação quando os dotamos de propósito e de relevância, o que requer ainda, e afortunadamente, a intervenção humana. Calcular mais um decimal de um número já suficientemente afinado parece-me muito menos relevante do que analisar a sustentabilidade ou a tendência das variáveis. Palavra de engenheiro, embora poluído por preocupações sociais.
A tirania dos dados aponta para um mundo progressivamente metalizado e descaracterizado. O avanço tecnológico só se transforma em progresso social quando existe um quadro institucional e cultural adequado, o que dista muito da realidade atual. Acredito na grandeza do que ainda não sabemos e temo a crueldade dos que julgam saber tudo na procura de uma imortalidade que seria, neste caso, uma pura ilusão digital.
00:05 h
Xavier Rodríguez Martín
Económico
No recente Congresso das Comunicações da APDC - Associação Portuguesa para o Desenvolvimento das Comunicações -, foi manifesta a importância crescente dos dados na transformação digital da economia através da sensorização das cidades, das fábricas e das pessoas mediante o uso de tecnologias cada vez mais baratas e ubíquas.
O protagonismo que, em tempos passados, os operadores de telecomunicações tiveram nesses foros é progressivamente ocupado pelos conteúdos e pela informação. Os estados atribuem hoje mais valor estratégico aos dados e às plataformas que derrubam governos, fomentam revoluções e propagam segredos, do que aos operadores de telecomunicações, como o destino da PT demonstra no nosso próprio país.
É para mim evidente que a qualidade da gestão em Portugal pode beneficiar consideravelmente da utilização sistemática de métricas consistentes, o que é hoje infrequente, para conseguir impor os factos sobre as hipóteses. Ao nível político, a “dadificação” da sociedade vai permitir-nos aumentar a importância de questões como a Saúde ou a Educação, até agora menos prioritárias do que a dívida ou o défice, por exemplo, por serem mais difíceis de mensurar apesar de muito mais relevantes.
Mas medir tudo leva a que se brinque com os números e se tirem conclusões aparentemente consistentes que podem permitir mascarar a realidade até a falsear, como no caso da trucagem dos dados dos motores da Volkswagen. Por muito que processemos os dados até os torturar, estes só se transformam em informação quando os dotamos de propósito e de relevância, o que requer ainda, e afortunadamente, a intervenção humana. Calcular mais um decimal de um número já suficientemente afinado parece-me muito menos relevante do que analisar a sustentabilidade ou a tendência das variáveis. Palavra de engenheiro, embora poluído por preocupações sociais.
A tirania dos dados aponta para um mundo progressivamente metalizado e descaracterizado. O avanço tecnológico só se transforma em progresso social quando existe um quadro institucional e cultural adequado, o que dista muito da realidade atual. Acredito na grandeza do que ainda não sabemos e temo a crueldade dos que julgam saber tudo na procura de uma imortalidade que seria, neste caso, uma pura ilusão digital.
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