Entrevista - Ramalho Nascimento, Porto do Barreiro da Atlanport «Gostava que se desenvolvesse um Porto a sério no Barreiro»

“Gostava que se desenvolvesse um Porto a sério no Barreiro, mas tem que ser mais que um Porto de Terminal de Contentores, tem que ser um Porto Multimodal. Se for multimodal tem pernas para andar ”, afirma Ramalho Nascimento, um homem cuja história de vida se confunde com a evolução e desenvolvimento da actividade portuária no Barreiro.

Ramalho Nascimento é um nome indissociável do Porto Fluvial do Barreiro, gerido pela Atlanport, ao qual está ligado desde os tempos da CUF.

Foi responsável pelo Departamento de Tráfego da Quimigal, que assumia todas a gestão logística do Porto da ex-CUF.

A Atlanport nasce, em 1984, para gerir a actividade portuária, na época contava com cerca de 114 trabalhadores no quadro portuário e envolvia mais de 300 pessoas na sua laboração diária.

A Atlanport está ligada ao maior grupo de actividade portuária em Portugal. 


Actividade principal a descarga de sucata

Nos dias de hoje o Porto Fluvial do Barreiro gerido pela Atlanport, tem como actividade principal a descarga de sucata com destino à Siderurgia Nacional, no Seixal, movimenta cerca de 1 milhão de toneladas por ano e o seu quadro de pessoal conta com 11 trabalhadores, sendo requisitada diariamente a mão de obra, para dar resposta às necessidades e aos períodos de pico de operação portuária.

Temos ideias para este porto

O processo de desindustrialização, de encerramento das indústria químicas, das fábricas de rações e das oleaginosas, reduziu a actividade portuária, obrigando a adaptações da actividade portuária.

“O Porto tal como está, está limitado, pela antiguidade dos seus equipamentos e infraestruturas. Nasceu nos anos 70, foi quando aconteceu o grande investimento no porto, depois não houve mais, hoje, seria necessário fazer investimentos, Nós no grupo temos ideias para este porto”, sublinha Ramalho Nascimento.

Recorda que a Atlanport – “não é dona do Porto, tem uma concessão da APL até 2025”.

Terminal de contentores não trás sustentabilidade

A propósito do novo Porto – Terminal Multimodal do Barreiro - Ramalho Nascimento, defende que o mesmo a ser construído deverá servir – “para todo o tipo de cargas, dedicado só a contentores não vejo, tem que ser multimodal, se for só Terminal de contentores não trás sustentabilidade, porque só movimenta produtos acabados”.

Sublinha que – “o mercado europeu tem possibilidades de avançar” e para responder a estes desafios é importante criar condições nos Portos de Sines, Setúbal e Lisboa, sendo para tal fundamental as ligações ferroviárias a Espanha – “para trazer carga e levar carga, os espanhóis estão desejosos que isto aconteça, nós somos a costa natural da Extremadura, para exportação, por exemplo, da sua fruta”.

“Nós temos portos para os servir”, refere.

“Não sou contra o Terminal de Contentores do Barreiro, vejo é que existe a necessidade de resolver muitas coisas e o privado não vai investir sem ferrovia”, refere.

“Há pernas para andar, mas não me falem no Barreiro de portos de águas profundas”, sublinha.

Temos um programa de investimentos

“Nós estamos aqui, no Barreiro, até 2025. Temos um programa de investimentos, para aumentar a capacidade, recuperar as infraestruturas e equipamentos”, sublinha Ramalho Nascimento.

“Gostava que se desenvolve-se um Porto a sério no Barreiro, mas tem que ser mais que um Porto de Terminal de Contentores, tem que ser um Porto Multimodal. Se for multimodal tem pernas para andar ”, afirma.

“Temos que ter a coragem de avançar, mas com objectivos em Sines, Lisboa e Setúbal. 

Temos condições únicas, não podemos ter uma visão limitada e horizontes curtos, esta é uma área de negócio, com desafios e eu gosto de desafios”, afirma.

Uma conversa com um homem que respira a actividade portuária, sente o Porto do Barreiro com parte integrante da sua vida, hoje, continua com jovialidade e sonhos a alimentar um ideia – “gostava de ver, no Barreiro, um Porto a sério”. 

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12.12.2015 - 21:33
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