A vergonha dos bancos portugueses

Um ponto negro nas estradas nacionais significa que num espaço curto ocorrem três ou mais acidentes por ano. Pelo menos era assim antigamente e penso que pouco mudou.

As autoridades, perante essa informação, tinham a obrigação de combater os tais pontos negros. Como? Colocando separadores centrais, semáforos, lombas ou melhorando o piso, por exemplo. Se o ponto persistia, não era por desconhecimento, era por incúria ou dos organismos estatais ou dos próprios condutores.

Digamos que essa regra de detetar e atacar um problema deveria ser prática corrente de qualquer governo. Esta semana, surpreendentemente, ficámos a saber que num dos setores mais importantes da economia nacional a incompetência assentou arraiais e há sempre algo que pode correr pior. A garantia é que os contribuintes estão sempre tramados, pois acabarão por pagar os devaneios e incompetências, para não dizer outra coisa, dos banqueiros que levam este país bem colado ao abismo. Se pensarmos que na Islândia se quer responsabilizar e condenar a prisão efetiva os governantes responsáveis pela má gestão da causa pública, como podemos admitir que em Portugal sucessivos banqueiros gozem com o dinheiro e a vida dos portugueses que pagam os seus impostos? 

E qual é o papel dos sucessivos governantes e autoridades fiscalizadoras como o Banco de Portugal nestas farsas? 

Antes do Banif não tinha havido já o escândalo do BPN, do BPP_e do BES, além de outros bancos menores? Alguém é capaz de explicar como foi possível chegar a este ponto sem que ninguém tivesse tomado medidas para evitar mais uma catástrofe?

Está na hora de mudar o que for preciso para castigar quem provoca estas desgraças. Curiosamente, até um homem insuspeito como Horta Osório, presidente do banco Lloyds, diz-se chocado e que é preciso encontrar os responsáveis por esta farsa. Será que vamos conseguir ou teremos que esperar pela troika? Que, diga-se, também andou a ver navios...

vitor.rainho@ionline.pt

Vítor Rainho 
Jornal i