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Economia start-up
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Economia start-up
Portugal tem pela frente o grande desafio de apostar numa economia start-up.
A economia start-up trata-se dum desafio único, que tem que assentar numa verdadeira dimensão colaborativa de mobilização dos “atores da mudança” (empresários, académicos, empreendedores) para uma ação de base coletiva de reinvenção estratégica da base competitiva nacional. Trata-se dum contributo que se pretende possa ter efeitos de alavancagem na perceção da necessidade de reinventar a economia nacional. Pretende-se consolidar uma ideia de marca, solidificar as bases de um projeto, protagonizar novas soluções com novas respostas para questões que teimam em ser as mesmas de há muito tempo a esta parte. O start-up Portugal é a nova resposta para as perguntas que hoje existem na sociedade portuguesa.
Portugal tem que saber ler experiências de sucesso como a de Silicon Valley. É uma ambição fundamental nesta fase de mudança em tempo de crise. O modelo tradicional de criação de valor mudou por completo e nesta fase crítica da economia portuguesa a aposta tem que ser clara – apoiar novas empresas, de preferência de base tecnológica, assentes numa forte articulação com centros de competência e capazes de ganhar dimensão global. Ganhar o desafio de um Portugal empreendedor é em grande medida a demonstração da capacidade de uma nova agenda, assente na inovação, conhecimento e criatividade como fatores que fazem a diferença, numa ampla base colaborativa e participativa.
Tudo tem que começar pelo capital social. Trata-se claramente do vértice mais decisivo do “capital estratégico” que importa construir neste novo tempo.
O exercício de maior seletividade dos potenciais promotores de projetos e de maior atenção operativa a uma monitorização dos resultados conseguidos terá que ser acompanhado desta ação global de qualificação sustentada da rede de atores que compõem o quadro de animação social e económica do território. Não se realizando por decreto, não restam dúvidas que esta ação de “competence building” de entidades da administração pública central e local, centros de ensino e saber, empresas, associações e demais protagonistas da sociedade só tem sentido de eficácia se resultar dum exercício de “cumplicidade estratégica” entre os diferentes protagonistas.
Cabe às empresas o papel central na criação de riqueza e promoção duma cultura sustentada de geração de valor, numa lógica de articulação permanente com universidades, centros I&D e outros atores relevantes. São por isso as empresas essenciais na tarefa de endogeneização de ativos de capital empreendedor com efeito social estruturante e a “leitura” da sua prática operativa deverá constituir um exercício de profunda exigência em termos de análise.
Tendo sido as empresas um dos atores fortemente envolvidos nas dinâmicas de financiamento comunitário ao longo destes últimos vinte anos ressaltam indícios de défice de “capital empresarial” em muitos dos protagonistas envolvidos.
Endogeneizar dinâmicas de “inovação proactiva” em articulação com o mercado, geradora de novos produtos e serviços; reforçar a responsabilidade individual do empresário enquanto agente socialmente responsável pela criação de riqueza; fazer do trabalhador um “empreendedor ativo” consciente do seu papel positivo na organização; fazer da “empresa” um espaço permanente de procura da criatividade e do valor transacionável nos mercados internacionais; consolidar uma “cultura de cooperação ativa” entre empresas nacionais e internacionais, pequenas e grandes – são estas as palavras-chave de uma nova estratégia para um Portugal empreendedor!
Quando em 1994 Michael Porter elaborou o célebre relatório, encomendado pelo Governo português de então, o diagnóstico sobre o que fazer e as áreas estratégicas de atuação ficaram clarificadas. Dezassete anos depois, pouco foi feito, a situação competitiva degradou-se em termos globais e Portugal mais do que nunca tem pela frente a batalha da mudança estrutural. Assumidas as prioridades de um “novo paradigma” de desenvolvimento para o país, a aposta numa “agenda de mudança” torna-se prioritária. Ou seja. Torna-se um imperativo nacional mobilizar um contrato de confiança para o futuro, centrado em novas ideias e novas soluções para as quais toda a sociedade civil dê um contributo ativo.
Portugal como economia start-up é uma resposta aos desafios que Porter nos deixou. Pretende-se com esta Iniciativa trazer a lume duas ideias centrais para uma nova ambição em Portugal – profunda renovação organizativa e estrutural dos setores (sobretudo) industriais e aposta integrada na utilização da Inovação como facto de alavancagem de criação de valor de mercado. O Start Up Portugal assenta a sua base em cinco fatores críticos de competitividade – instituições abertas e eficientes, talentos e excelência, novos modelos de negócio e redes globais, empreendedorismo e capacidade inovadora, ética e sustentabilidade. São eles a base de uma nova aposta estratégica para Portugal.
Por Francisco Jaime Quesado,
Presidente da ESPAP – Entidade de Serviços Partilhados da Administração Pública
Publicado em: 01/02/2016 - 15:37:11
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