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O futuro dos jornais
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O futuro dos jornais
Onde está a ler esta crónica? No café, como sempre? Acompanhado de um cimbalino e um pastel de nata, a saborear a manhã de descanso. Então bom dia!
Mas não é isso que eu pergunto. Não é esse "onde"? Quero saber se a está a ler em papel ou no telefone? Num email? Foi um amigo que lha mandou? Encontrou-a no Google? É um dos seus temas preferidos e por isso apareceu a seguir a outra coisa que estava a ler? Ou vinha a embrulhar o peixe do jantar? Pois, pois... o mundo dos jornais está mesmo a mudar.
Esta semana o jornal britânico "The Independent" anunciou que vai deixar de se vender em papel e que a partir de Março só vai ser possível encontrá-lo num ecrã perto de si. O dono do Indy o bilionário russo Evgeny Lebedev, justificou a venda: "Vamos ser o primeiro de muitos jornais de topo (vendeu quase meio milhão de exemplares por dia no final da década de 90) a abraçar um futuro totalmente digital".
Alguns falam disto com tristeza, outros com melancolia, alguns com mágoa e outros até com revolta. Mas será que um jornal deixar de se publicar em papel é uma coisa má? Não penso que seja assim.
Sempre que uma forma de comunicação se tornou obsoleta, por ter sido ultrapassada por uma nova tecnologia, ela não desapareceu, apenas se transformou. Quando deixou de cumprir a função para que estava desenhada tornou-se numa forma de arte. Foi assim com a gravura, quando apareceu a fotografia; com a fotografia, quando chegou o vídeo; com a película, quando foi possível distribuir os filmes da sétima arte em formato digital. O antigo não desaparece quando chega o novo, apenas de transforma.Os jornais não são exceção e o mais certo é que no futuro se aproximem da qualidade dos livros. Vão mudar de formato e de função mas continuarão a existir.
É próprio da natureza humana resistir à mudança. As corporações que formam a sociedade resistem sempre às transformações. É uma coisa natural - que só é dramática quando acontece, e passa a ser ridícula depois de ter acontecido. Quando, no principio do século XIX o comboio apareceu, um dos debates da altura era sobre o perigo que viajar a 30 km/h tinha para a saúde pública. Dizia-se que um movimento tão rápido podia fazer descolar a retina e causar cegueira. Não se ria.
O mesmo acontecerá com os jornais. Quando os leitores encontram as notícias grátis na internet, estão cada vez menos disponíveis a comprar os jornais nas bancas.O que ainda ninguém conseguiu fazer foi convencer os anunciantes que a publicidade é igualmente (ou mais) eficaz nos ecrãs que no papel. Mas isto só vai acontecer quando os empresários da comunicação social concordarem sobre o futuro.
O que está em questão não é mudar o modelo de negócio dos jornais, que é bom; é tão só adaptá-lo aos novos suportes. Isso faz-se adequando os conteúdos às possibilidades da tecnologia. E parar de dar à borla a única coisa que existe para vender.Esse foi (é) o erro original.
* ESPECIALISTA EM MEDIA INTELLIGENCE
14.02.2016
JOSÉ MANUEL DIOGO
Jornal de Notícias
Mas não é isso que eu pergunto. Não é esse "onde"? Quero saber se a está a ler em papel ou no telefone? Num email? Foi um amigo que lha mandou? Encontrou-a no Google? É um dos seus temas preferidos e por isso apareceu a seguir a outra coisa que estava a ler? Ou vinha a embrulhar o peixe do jantar? Pois, pois... o mundo dos jornais está mesmo a mudar.
Esta semana o jornal britânico "The Independent" anunciou que vai deixar de se vender em papel e que a partir de Março só vai ser possível encontrá-lo num ecrã perto de si. O dono do Indy o bilionário russo Evgeny Lebedev, justificou a venda: "Vamos ser o primeiro de muitos jornais de topo (vendeu quase meio milhão de exemplares por dia no final da década de 90) a abraçar um futuro totalmente digital".
Alguns falam disto com tristeza, outros com melancolia, alguns com mágoa e outros até com revolta. Mas será que um jornal deixar de se publicar em papel é uma coisa má? Não penso que seja assim.
Sempre que uma forma de comunicação se tornou obsoleta, por ter sido ultrapassada por uma nova tecnologia, ela não desapareceu, apenas se transformou. Quando deixou de cumprir a função para que estava desenhada tornou-se numa forma de arte. Foi assim com a gravura, quando apareceu a fotografia; com a fotografia, quando chegou o vídeo; com a película, quando foi possível distribuir os filmes da sétima arte em formato digital. O antigo não desaparece quando chega o novo, apenas de transforma.Os jornais não são exceção e o mais certo é que no futuro se aproximem da qualidade dos livros. Vão mudar de formato e de função mas continuarão a existir.
É próprio da natureza humana resistir à mudança. As corporações que formam a sociedade resistem sempre às transformações. É uma coisa natural - que só é dramática quando acontece, e passa a ser ridícula depois de ter acontecido. Quando, no principio do século XIX o comboio apareceu, um dos debates da altura era sobre o perigo que viajar a 30 km/h tinha para a saúde pública. Dizia-se que um movimento tão rápido podia fazer descolar a retina e causar cegueira. Não se ria.
O mesmo acontecerá com os jornais. Quando os leitores encontram as notícias grátis na internet, estão cada vez menos disponíveis a comprar os jornais nas bancas.O que ainda ninguém conseguiu fazer foi convencer os anunciantes que a publicidade é igualmente (ou mais) eficaz nos ecrãs que no papel. Mas isto só vai acontecer quando os empresários da comunicação social concordarem sobre o futuro.
O que está em questão não é mudar o modelo de negócio dos jornais, que é bom; é tão só adaptá-lo aos novos suportes. Isso faz-se adequando os conteúdos às possibilidades da tecnologia. E parar de dar à borla a única coisa que existe para vender.Esse foi (é) o erro original.
* ESPECIALISTA EM MEDIA INTELLIGENCE
14.02.2016
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