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O exemplo da IKEA
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O exemplo da IKEA
Faz dez anos que a multinacional sueca IKEA decidiu fazer um grande investimento industrial em Portugal. Paços de Ferreira foi selecionada como base para um grande investimento estratégico cujos números falam por si: mais de 2000 postos de trabalho, reforço de um cluster com empresas locais, aposta na inovação e desenvolvimento, formação qualificada de muitas pessoas.
Um exemplo do que deve ser a aposta em Investimento Estrangeiro com forte qualidade estratégica. Vivem-se tempos de profunda crise internacional e no contexto da intensa competição entre regiões e mercados a urgência de um sentido estratégico mais do que se impõe. A manutenção e captação de Investimento Estrangeiro é fundamental para o sucesso económico do país. Por isso este exemplo da Ikea é tão importante.
A Ikea não é só a plataforma de desenvolvimento económico da região de Paços de Ferreira. É já um importante motor de um cluster estratégico ligado ao sector do mobiliário que nos últimos anos permitiu o desenvolvimento, na base da inovação e criatividade, de competências, talentos e novas oportunidades. A dinamização da criação de valor e reforço da inovação tecnológica terá muito a ganhar com este efeito Ikea. Por isso, em tempos de crise e de aposta num novo Paradigma para o futuro, a Ikea deve constituir o verdadeiro centro de uma convergência estratégica entre o Estado, a empresa e todos os que se relacionam com a sua dinâmica. A Ikea é já a referência da aposta num novo modelo de desenvolvimento estratégico para o país.
O Investimento Direto Estrangeiro desempenha um papel de alavancagem da mudança único. Portugal precisa de forma clara de conseguir entrar com sucesso no roteiro do “IDE de Inovação” associado à captação de empresas e centros de I&D identificados com os setores mais dinâmicos da economia – tecnologias de informação e comunicação, biotecnologia, automóvel e aeronáutica, entre outros. Trata-se de uma abordagem distinta, protagonizada por “redes ativas” de actuação nos mercados globais envolvendo os principais protagonistas setoriais (empresas líderes, universidades, centros I&D), cabendo às agências públicas um papel importante de contextualização das condições de sucesso de abordagem dos clientes. O exemplo da Ikea tem por isso que ser potenciado.
A economia portuguesa está claramente confrontada com um desafio de crescimento efetivo e sustentado no futuro.
Os números dos últimos 20 anos não poderiam ser mais evidentes. A incapacidade de modernização do sector industrial e de nova abordagem, baseada na inovação e criatividade, de mercados globais, associada à manutenção do paradigma duma “economia interna” de serviços com um carácter reprodutivo limitado criou a ilusão no final da década de 90 dum “crescimento artificial” baseado num consumo conjuntural manifestamente incapaz de se projetar no futuro.
Por isso importa que os atores envolvidos neste processo de construção de valor percebam o alcance destas apostas estratégicas. Não se pode querer mobilizar a região e o país para um novo paradigma de desenvolvimento, centrado numa maior equidade social e coesão territorial, sem partilhar soluções estratégicas de compromisso colaborativo. O exemplo da Ikea passa por isso. Por perceber que a aposta em projetos estratégicos como os clusters de inovação e os polos de competitividades são caminhos que não se podem adiar mais. A guerra global pelo valor e pelos talentos está aí e quem não estiver na linha da frente não terá possibilidades de sobrevivência.
Precisamos de perceber este exemplo Ikea, com todas as consequências do ponto de vista de impacto na sua matriz económica e social. Se não houver um verdadeiro sentido de responsabilidade coletiva estratégica à volta do novo paradigma de desenvolvimento para o futuro, tudo será posto em causa. Será acima de tudo o princípio de um fim que nunca pensámos poder vir a ter e que não se coadugna com a nossa vontade de mudança. É por isso efetivamente grande o desafio que espera agora toda a Região de Paços de Ferreira neste convite à sua modernidade estratégica.
Por Francisco Jaime Quesado
Presidente da ESPAP – Entidade de Serviços Partilhados da Administração Pública
Publicado em: 17/02/2016 - 19:39:46
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