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Custos e competitividade
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Custos e competitividade
Quando se toma a decisão de se sair de Portugal e fixar residência noutro país, o principal fator diferenciador é a procura de melhores salários. Em qualquer país de emigração de portugueses, trabalha-se muito e ganha-se o suficiente para se pensar que valeu a pena. Mas também há outros fatores que podem contribuir para a mudança de vida, como a assistência na saúde, a educação dos filhos e a segurança pública e privada
Vendo bem as coisas e à exceção da questão salarial, Portugal até oferece todos os outros fatores e em condições muito favoráveis. O Serviço Nacional de Saúde é dos mais avançados do mundo; o Ensino não será, com certeza, o melhor, mas está entre os melhores; e, no que respeita a segurança, pode-se correr o mundo que também não se encontra melhor.
Então pergunta-se, como e porquê tanta emigração e para destinos tão diversos? De facto, os portugueses estão espalhados pelo mundo, ao ponto de qualquer dia serem tantos os que estão fora como os que estão em Portugal.
Regra geral, estão sempre cheios de saudade das suas terras e das suas gentes, com vontade de passar férias nos lugares que deixaram, rever familiares e amigos, mas com a carteira mais recheada do que quando partiram.
Há três razões essenciais para este fenómeno. A primeira prende-se com o custo do dinheiro, e todos sabemos que, em Portugal, o dinheiro é muito caro. Qualquer empresa portuguesa paga mais no acesso ao crédito do que uma concorrente que atua noutros mercados europeus. A segunda razão tem que ver com o custo da energia. Apesar da redução das matérias-primas, em Portugal, os custos energéticos não param de subir. Sempre foi assim, e agora mesmo se verifica novo aumento nos impostos associados aos combustíveis quando, nos outros países, se regista o contrário.
As empresas portuguesas estão no mercado global, concorrem e competem com o resto do mundo e procuram levar os seus produtos a todos os mercados. Mas, com os preços do dinheiro e da energia tão elevados, não restam dúvidas de que ficam seriamente limitadas. É em consequência disso que surge a verdadeira razão por que as empresas portuguesas pagam mal e os portugueses vestem a capa de emigrantes. O fator trabalho é o único em que o empresário pode decidir pagar baixos salários para se tornar competitivo e ganhar mercados. Curiosamente, é o próprio Estado que lhe dá essa cobertura ao validar a atual política salarial.
Quem emprega e dá trabalho são as empresas e que não fiquem dúvidas que o empresário em Portugal é quase obrigado a pagar pior do que qualquer outro, seja em que país for. Há muitos empresários portugueses espalhados pelo mundo e a sua atuação fora de Portugal é bem diferente. Daqui se conclui que são os sucessivos governos de Portugal que transformam o Estado no gigante que absorve quase tudo e que em nada ou muito pouco contribui para a competitividade das empresas e consequentes melhorias salariais.
Jorge Passarinho
Jornalista
Publicado em: 19/02/2016 - 0:05:39
OJE.pt
Vendo bem as coisas e à exceção da questão salarial, Portugal até oferece todos os outros fatores e em condições muito favoráveis. O Serviço Nacional de Saúde é dos mais avançados do mundo; o Ensino não será, com certeza, o melhor, mas está entre os melhores; e, no que respeita a segurança, pode-se correr o mundo que também não se encontra melhor.
Então pergunta-se, como e porquê tanta emigração e para destinos tão diversos? De facto, os portugueses estão espalhados pelo mundo, ao ponto de qualquer dia serem tantos os que estão fora como os que estão em Portugal.
Regra geral, estão sempre cheios de saudade das suas terras e das suas gentes, com vontade de passar férias nos lugares que deixaram, rever familiares e amigos, mas com a carteira mais recheada do que quando partiram.
Há três razões essenciais para este fenómeno. A primeira prende-se com o custo do dinheiro, e todos sabemos que, em Portugal, o dinheiro é muito caro. Qualquer empresa portuguesa paga mais no acesso ao crédito do que uma concorrente que atua noutros mercados europeus. A segunda razão tem que ver com o custo da energia. Apesar da redução das matérias-primas, em Portugal, os custos energéticos não param de subir. Sempre foi assim, e agora mesmo se verifica novo aumento nos impostos associados aos combustíveis quando, nos outros países, se regista o contrário.
As empresas portuguesas estão no mercado global, concorrem e competem com o resto do mundo e procuram levar os seus produtos a todos os mercados. Mas, com os preços do dinheiro e da energia tão elevados, não restam dúvidas de que ficam seriamente limitadas. É em consequência disso que surge a verdadeira razão por que as empresas portuguesas pagam mal e os portugueses vestem a capa de emigrantes. O fator trabalho é o único em que o empresário pode decidir pagar baixos salários para se tornar competitivo e ganhar mercados. Curiosamente, é o próprio Estado que lhe dá essa cobertura ao validar a atual política salarial.
Quem emprega e dá trabalho são as empresas e que não fiquem dúvidas que o empresário em Portugal é quase obrigado a pagar pior do que qualquer outro, seja em que país for. Há muitos empresários portugueses espalhados pelo mundo e a sua atuação fora de Portugal é bem diferente. Daqui se conclui que são os sucessivos governos de Portugal que transformam o Estado no gigante que absorve quase tudo e que em nada ou muito pouco contribui para a competitividade das empresas e consequentes melhorias salariais.
Jorge Passarinho
Jornalista
Publicado em: 19/02/2016 - 0:05:39
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