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A Europa cheia de medo
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A Europa cheia de medo
A Europa vive cheia de medos. E está paralisada. Medo da saída dos britânicos e da chegada dos refugiados. Medo do leste da Europa, da Rússia e dos países da Europa mais a leste. Medo dos migrantes a sul e do terrorismo por todo o lado. Medo de nova crise financeira, quando ainda não resolveu a anterior.
As instituições europeias saltitam de crise em crise, mas pela primeira vez demonstram uma real fragilidade política. Esta instabilidade deriva da incapacidade de lidar com todos e cada um destes problemas, adiando ou encontrando paliativo para os ir gerindo, mas não resolvendo.
O ‘Brexit’ assusta a todos – mesmo a David Cameron - e apesar das sucessivas cedências europeias, os sinais e as reações dos britânicos são desanimadores. Por todo o lado, os refugiados acumulam-se, destabilizam governos e sociedades, e começam a desistir porque não encontraram aqui o seu eldorado.
A questão ucraniana e a pressão russa criaram um muro de indefinição e insegurança nas pessoas e nos estados onde a guerra está presente e a solução distante.
Crescem novos receios de ataques terroristas para os quais as autoridades se sentem impotentes, para agir sem ferir direitos fundamentais. Repentinamente, discutem-se princípios e valores sobre os quais assentou a construção europeia. Põe-se em causa a liberdade de circulação de pessoas, propõe-se o restabelecimento de fronteiras, contêm-se a solidariedade e os direitos, as liberdades e garantias são questionadas perante o desnorte da comunidade e o recrudescimento de vontades nacionais.
A Europa deixou de governar. Pior, a Europa deixou de se governar enquanto tal. A opinião pública europeia, e a de cada estado, não acompanha e até desconhece qualquer esforço de construir uma Europa mais sólida. Falta de estratégia, escassez de liderança e competências deslocadas são o principal efeito do Tratado de Lisboa que deslocou o centro de decisão política europeia para o Conselho Europeu, onde mandam os estados e não o espírito comunitário. Se o “não” ganha no Reino Unido ou o “sim” na Catalunha, se houver suspensão de Schengen, a Europa pode recuar 30 anos.
Em tempo de crise profunda, talvez a crise mais profunda, importa dar um salto com dimensão política. Decidir por uma vez se queremos continuar a ter a Europa deste século ou regressar à Europa dos anos 70. Aos grandes blocos políticos e económicos – EUA, China e Rússia – interessa uma Europa destroçada, desunida e sem estratégia própria. É mais fácil de instrumentalizar. Depois da decadência dos países emergentes, a desconstrução da União Europeia é o resultado ideal para uma nova ordem internacional de descompensações e velhos equilíbrios.
Convoque-se uma conferência europeia para encontrar soluções consensuais. Convoquem-se os políticos com real dimensão europeia para assentar estratégias conjuntas. Afronte-se a extrema-esquerda e a extrema-direita, ou quaisquer nacionalistas para encontrar um objetivo comum. Dê-se um passo atrás na atual desunião para encontrar um novo caminho na união. Mas não isto. Isto não é nada.
00:05 h
António Rodrigues
Económico
As instituições europeias saltitam de crise em crise, mas pela primeira vez demonstram uma real fragilidade política. Esta instabilidade deriva da incapacidade de lidar com todos e cada um destes problemas, adiando ou encontrando paliativo para os ir gerindo, mas não resolvendo.
O ‘Brexit’ assusta a todos – mesmo a David Cameron - e apesar das sucessivas cedências europeias, os sinais e as reações dos britânicos são desanimadores. Por todo o lado, os refugiados acumulam-se, destabilizam governos e sociedades, e começam a desistir porque não encontraram aqui o seu eldorado.
A questão ucraniana e a pressão russa criaram um muro de indefinição e insegurança nas pessoas e nos estados onde a guerra está presente e a solução distante.
Crescem novos receios de ataques terroristas para os quais as autoridades se sentem impotentes, para agir sem ferir direitos fundamentais. Repentinamente, discutem-se princípios e valores sobre os quais assentou a construção europeia. Põe-se em causa a liberdade de circulação de pessoas, propõe-se o restabelecimento de fronteiras, contêm-se a solidariedade e os direitos, as liberdades e garantias são questionadas perante o desnorte da comunidade e o recrudescimento de vontades nacionais.
A Europa deixou de governar. Pior, a Europa deixou de se governar enquanto tal. A opinião pública europeia, e a de cada estado, não acompanha e até desconhece qualquer esforço de construir uma Europa mais sólida. Falta de estratégia, escassez de liderança e competências deslocadas são o principal efeito do Tratado de Lisboa que deslocou o centro de decisão política europeia para o Conselho Europeu, onde mandam os estados e não o espírito comunitário. Se o “não” ganha no Reino Unido ou o “sim” na Catalunha, se houver suspensão de Schengen, a Europa pode recuar 30 anos.
Em tempo de crise profunda, talvez a crise mais profunda, importa dar um salto com dimensão política. Decidir por uma vez se queremos continuar a ter a Europa deste século ou regressar à Europa dos anos 70. Aos grandes blocos políticos e económicos – EUA, China e Rússia – interessa uma Europa destroçada, desunida e sem estratégia própria. É mais fácil de instrumentalizar. Depois da decadência dos países emergentes, a desconstrução da União Europeia é o resultado ideal para uma nova ordem internacional de descompensações e velhos equilíbrios.
Convoque-se uma conferência europeia para encontrar soluções consensuais. Convoquem-se os políticos com real dimensão europeia para assentar estratégias conjuntas. Afronte-se a extrema-esquerda e a extrema-direita, ou quaisquer nacionalistas para encontrar um objetivo comum. Dê-se um passo atrás na atual desunião para encontrar um novo caminho na união. Mas não isto. Isto não é nada.
00:05 h
António Rodrigues
Económico
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