Quem não pensa nestas coisas atire a pedra

Donald Trump ou Ted Cruz? A questão não me é prática, garanto-vos que não vou votar. Mas já me tenho apanhado, no táxi, à hora de ponta, sem jornal e com o telemóvel sem carga, a pensar: Trump ou Cruz? Aliás, a questão até é prática, em dia de primárias republicanas, abro o computador com angústia. Não dá para responder: "Que se danem ambos..." Isso seria ter sorte dupla. Ora, nesta altura do campeonato, a questão é mesmo de dilema, não dá para os dois perderem. Depois do verão um vai sobreviver. Um ou outro. Dilema. Como no comboio desarvorado, que vai matar cinco pessoas que estão sobre os carris, e eu posso desviá-lo para outra linha, onde só matará uma pessoa. Aí, eu posso escolher, não fazer nada (desastre maior) ou fazer (o menor). Então, qual é o desastre maior: Trump ou Cruz? Eis um caso que nem é daqueles dilemas morais que dão problemas de consciência por escolhermos favorecer o menor dos males. Que se dane Trump ou que se trame Cruz, a humanidade agradeceria. Em todo o caso, Hillary vai ocupar-se do sobrevivente. Volto ao táxi. Quando estou a olhar para lá do vidro da janela - Trump? Cruz?... -, escolha gratuita, sem consequências, sei que estou é a tentar conhecer-me melhor. Eles são dois males. Mas, sim, prefiro um. Sendo dois males, expressando os antípodas dos meus valores, um é palhaço megalómano e o outro é fanático convicto. Claro, prefiro Donald Trump, as suas ordinarices podem ser só falta de vergonha.

10 DE MARÇO DE 2016
00:05
Ferreira Fernandes
Diário de Notícias