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Um dia perfeito
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Um dia perfeito
Ainda é muito cedo para sabermos o lugar que o vigésimo presidente da República conquistará na História, mas podemos arriscar sem muito atrevimento que o dia da tomada de posse de Marcelo Rebelo de Sousa foi histórico.
A deposição de uma coroa de flores nos túmulos de Vasco da Gama e de Luís de Camões, homenageando a nossa História e a nossa cultura, a cerimónia ecuménica numa mesquita, valorizando a tolerância e, de alguma forma, "falando" para a grave crise dos refugiados e o concerto noturno, mostrando que esta era também uma celebração para o povo, são marcas singulares de um dia muito diferente do que estávamos habituados.
Se a isto acrescentarmos o prolongamento da tomada de posse para o Porto, mostrando que há um país para lá de Lisboa, temos um conjunto de gestos simbólicos que acabam por ser o primeiro ato político de Marcelo, o de restaurar a confiança entre os portugueses e um dos seus órgãos de soberania, a Presidência da República, que como órgão unipessoal está sempre dependente das qualidades e dos defeitos de quem o ocupa.
"O dia correu muito como eu tinha sonhado", disse Marcelo Rebelo de Sousa, como uma noiva falando do dia da boda. Mas se a cerimónia foi boa, falta saber como vai ser o casamento, e é possível tirar alguns sinais políticos da tomada de posse para antever como serão os próximos tempos. Foram sonoros os aplausos da bancada socialista e visível o sorriso de António Costa para um discurso que tentava olhar para lá da crise e na busca de consensos.
Foram ouvidas as palmas do PSD e do CDS-PP, mas viu-se nas palavras contidas de Pedro Passos Coelho como este presidente está longe de poder ser o motor da crise que conduza a eleições antecipadas. Paulo Portas, esse, já está noutra.
Também falou alto o silêncio das bancadas do BE e do PCP. O discurso de Marcelo até continha as palavras avisadas sobre "justiça social", sobre segurança social, sobre a necessidade de "o poder económico se subordinar ao poder político", mas também mostrou a linha divisória que é a reafirmação do compromisso com a "União Europeia, a CPLP e a Aliança Atlântica". Os primeiros sinais mostram um presidente que se quer popular e que tentará aumentar a sua base de apoio sem causar problemas ao entendimento de Esquerda. Mas a Esquerda mais à Esquerda não esquece que, apesar de se intitular da "Esquerda da Direita", foi um ex-líder do PSD que tomou posse.
Ainda vamos nos primeiros dias deste casamento. A História será escrita pelas circunstâncias, mas também, em partes substanciais, por aquele que é, usando a citação de Torga no discurso presidencial, "a própria inquietação encarnada".
11.03.2016
DAVID PONTES
Jornal de Notícias
A deposição de uma coroa de flores nos túmulos de Vasco da Gama e de Luís de Camões, homenageando a nossa História e a nossa cultura, a cerimónia ecuménica numa mesquita, valorizando a tolerância e, de alguma forma, "falando" para a grave crise dos refugiados e o concerto noturno, mostrando que esta era também uma celebração para o povo, são marcas singulares de um dia muito diferente do que estávamos habituados.
Se a isto acrescentarmos o prolongamento da tomada de posse para o Porto, mostrando que há um país para lá de Lisboa, temos um conjunto de gestos simbólicos que acabam por ser o primeiro ato político de Marcelo, o de restaurar a confiança entre os portugueses e um dos seus órgãos de soberania, a Presidência da República, que como órgão unipessoal está sempre dependente das qualidades e dos defeitos de quem o ocupa.
"O dia correu muito como eu tinha sonhado", disse Marcelo Rebelo de Sousa, como uma noiva falando do dia da boda. Mas se a cerimónia foi boa, falta saber como vai ser o casamento, e é possível tirar alguns sinais políticos da tomada de posse para antever como serão os próximos tempos. Foram sonoros os aplausos da bancada socialista e visível o sorriso de António Costa para um discurso que tentava olhar para lá da crise e na busca de consensos.
Foram ouvidas as palmas do PSD e do CDS-PP, mas viu-se nas palavras contidas de Pedro Passos Coelho como este presidente está longe de poder ser o motor da crise que conduza a eleições antecipadas. Paulo Portas, esse, já está noutra.
Também falou alto o silêncio das bancadas do BE e do PCP. O discurso de Marcelo até continha as palavras avisadas sobre "justiça social", sobre segurança social, sobre a necessidade de "o poder económico se subordinar ao poder político", mas também mostrou a linha divisória que é a reafirmação do compromisso com a "União Europeia, a CPLP e a Aliança Atlântica". Os primeiros sinais mostram um presidente que se quer popular e que tentará aumentar a sua base de apoio sem causar problemas ao entendimento de Esquerda. Mas a Esquerda mais à Esquerda não esquece que, apesar de se intitular da "Esquerda da Direita", foi um ex-líder do PSD que tomou posse.
Ainda vamos nos primeiros dias deste casamento. A História será escrita pelas circunstâncias, mas também, em partes substanciais, por aquele que é, usando a citação de Torga no discurso presidencial, "a própria inquietação encarnada".
11.03.2016
DAVID PONTES
Jornal de Notícias
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