Tanta sigla de partidos, tanta cupidez pessoal

Cerveró, dirigente da estatal Petrobras, foi condenado em 2014 - é um dos implicados no caso de corrupção Petrolão. Ele pediu delação premiada. Quer dizer, quem denuncia para cima, é perdoado. Acusou o senador Delcídio, ministro do governo no Congresso. Lembram-se do caso Mensalão, de compra de deputados? Imaginem do que trata um ministro de Assuntos Parlamentares... Quando Delcídio soube que Cerveró queria denunciá-lo, prometeu fazê-lo sair da prisão com apoio do presidente do Senado, Renan Calheiros, e de Temer, vice-presidente do Brasil, ambos do PMDB. A polícia gravou as propostas e prendeu Delcídio. Preso, ele pediu também a delação premiada. Acusou Dilma, presidente, Lula, ex-presidente, e Mercadante, ministro da Educação, todos do PT. Mercadante foi apanhado em escutas a tentar comprar o silêncio de Delcídio. Entretanto, as acusações a Dilma e a Lula deram a bagunça atual. Ponto da situação: lembram-se da acusação inicial de Cerveró a Delcídio? Pois, era sobre subornos na Petrobras em... 1999. Delcídio, agora, confirmou: já havia subornos na Petrobras, onde ele fora colocado na presidência de Cardoso (PSDB) e na de Itamar Franco (PTB), de quem ele foi ministro da Energia. Tanta sigla de partidos neste périplo de Delcídio! "Delação premiada", "alianças fisiológicas" (como se chamam às alianças políticas)... O Brasil é magnífico no uso da língua portuguesa: as necessidades pessoais é que movem a política.

22 DE MARÇO DE 2016
00:05
Ferreira Fernandes
Diário de Notícias