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A curva da vida

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A curva da vida Empty A curva da vida

Mensagem por Admin Seg Mar 28, 2016 11:23 am

A curva da vida 08_-_pedro_melvill_araujo-rec

Nota prévia:Tenho optado por, de acordo com a liberdade expressa pelo Director, Dr. Ricardo Oliveira, a quem aproveito para agradecer este espaço, deixar para os especialistas as críticas/comentários sobre assuntos de matéria política e/ou social e transmitir de uma forma mais, ou menos, ligeira, menos, ou mais, profunda, dependendo de quem lê e interpreta, conceitos, ideias, emoções, vivências, suavizando a aspereza de um dia-a-dia cada vez mais difícil. E então:

A curva da vida

A muito conhecida a curva em forma de sino, a distribuição normal, é uma das mais importantes distribuições da estatística, conhecida também como Distribuição de Gauss, é baseada no Teorema do Limite Central que diz que “toda soma de variáveis aleatórias independentes de média finita e variância limitada é aproximadamente Normal, desde que o número de termos da soma seja suficientemente grande”.

 É aplicada em estatística e, para uma curva normal perfeitamente centralizada, o elemento central é a média e o ponto no eixo das abcissas onde a concavidade muda de direcção se chama desvio padrão. A curva padrão é aquela com média zero e desvio padrão igual a um.

O desvio padrão é uma medida de variabilidade das amostras. Curvas mais alongadas e esticadas representam dados com maior variabilidade do que curvas estreitas e pontiagudas em torno da média. Todas as variáveis que não estejam na área mediana podem ser considerados defeitos, anormalidades, perdas, etc. E quanto mais distante e mais para a cauda os dados vão caindo, maior as anomalias da amostra.

Estas são variáveis estatísticas, matemáticas.

Mas, olhando-a de uma forma diferente, sem a frieza dos números nem a lógica da matemática, com um pouco de imaginação a fazer de régua de cálculo, podemos comparar a vida humana a uma curva deste género. 

Uma curva em sino, também com as suas distribuições normais e as suas franjas de “anormalidade”. Ao analisarmos uma curva em forma de sino, tomando-a como uma curva de vida, as variáveis mais distantes da mediana, mais junto às caudas laterais – o nascimento e a fase de desenvolvimento infantil por um lado, e o decrescer da actividade com o avanço da idade por outro, são as fases das “anomalias” quando, na primeira, prevalecem o início e crescimento das funções cognitivas, quando as influências não se deixam sobrepor às capacidades individuais, e na segunda o decréscimo dessas mesmas funções, também independentes das influências do meio envolvente. São capacidades (ou o seu decréscimo) intrínsecas, sem grande margem para sofrer influências exteriores ou extrínsecas.

Pelo contrário, chegando às fases de desenvolvimento cognitivo da aprendizagem e absorção de conhecimentos que já dependem do conhecimento ministrado e da evolução das influências que o meio ambiente em que estamos inseridos, extrínsecas portanto, somos incluídos numa mediana, pela tendência natural de seguir exemplos e comportamentos daqueles que estão mais próximo ou que fazem regra. São as modas e um certo unanimismo a prevalecer sobre as capacidades individuais. Não é bom nem mau, é assim que nos comportamos na adolescência (vamos para onde os amigos vão) e também, um pouco na idade adulta quando a própria sociedade nos insta a uma mediania. Estamos bem dentro da campânula do sino. É a fase adulta do desenvolvimento.

Na fase decrescente da curva, há um afastar novamente da mediana, com o decréscimo de outras capacidades, primeiro em termos físicos e mais tarde em termos cognitivos (nem sempre será assim, mas é um dado, aqui sim, estatístico), quando o factor indivíduo, a sua capacidade (ou incapacidade) individual volta a ser prevalente sobre as distorções medianas do meio ambiente e de sociedade em que estamos inseridos.

Não é uma fórmula matemática, mas pode ser uma forma gráfica, não estatística obviamente, de olhar o desenvolvimento e decréscimo das diversas fases da nossa vida. 

Cada um tem a sua própria curva de vida, a maioria tê-la-á em forma de sino (aqui já podem entrar outros dados estatísticos), mas haverá situações em que a curva da vida terá um formato completamente diferente fruto das circunstâncias em que se vai desenvolvendo ou da emoção com que se a vai vivendo.

Pedro Melvill de Araújo
Diário de Notícias da Madeira 
Segunda, 28 de Março de 2016
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