Greve regressa ao porto de Lisboa entre 20 Abril e 5 de Maio

Falhou a negociação entre operadores portuários e estivadores, mediação que estava a ser coordenada por Ana Paula Vitorino.

A greve vai regressar ao porto de Lisboa, depois de um pré-aviso de greve comunicado ontem à noite aos operadores portuários pelo Sindicato dos Estivadores. O novo pré-aviso de greve foi agendado por um período de duas semanas, entre 20 de Abril e 5 de Maio.

Este regresso à greve por parte dos estivadores significa que falhou o processo negocial iniciado no final do ano passado entre os operadores portuários de Lisboa e os estivadores, numa tentativa de mediação coordenada pela ministra do Mar, Ana Paula Vitorino. Esse processo travou as greves que na altura já tinham sido agendadas pelo Sindicato dos Estivadores, mas esta nova greve significa que as negociações falharam em toda a linha.

A Agepor - Associação dos Agentes de Navegação de Portugal já reagiu, dizendo estar "revoltada com um novo pré-aviso de greve ao trabalho portuário no porto de Lisboa quando tudo apontava para que finalmente se chegasse à paz e à construção do futuro".

"A Agepor expressa a sua indignação e condena a continuação do atentado ao porto de Lisboa. Esta greve e este processo não servem os interesses dos trabalhadores", critica a associação dos agentes de navegação em comunicado hoje divulgado. 

A Agepor dirige-se directamente aos estivadores: "Trabalhadores acordem! Não é só o porto que morre é também o vosso trabalho! São os vossos postos de trabalho!". "Desde há muito que a Agepor clama por um acordo que trave o declínio do porto de Lisboa. Ultrapassa a nossa capacidade de compreensão que o mesmo não tenha sido atingido. A quem serve esta greve?", questiona-se a associação dos agentes de navegação no referido comunicado.

No texto do pré-aviso de greve, a que o 'Económico' teve acesso, o Sindicato dos Estivadores justifica esta nova paralisação ao acusar os operadores portuários de Lisboa de estarem a "anarquizar o regime de organização e de estabilidade das relações de trabalho portuário no porto de Lisboa, por forma a desqualificar e precarizar o mesmo, com vista à diminuição acentuada, desregrada, ilegítima e desnecessária do seu custo".

Com as greves sistemáticas dos últimos anos no porto de Lisboa, alguns dos maiores armadores mundiais deixaram de escalar o porto da capital, com reflexos negativos no volume de mercadorias movimentadas. Nos primeiros dois meses deste ano,as cargas movimentadas no porto de Lisboa recuaram para mínimos de 2006, ou seja, dez anos ou mais. 

06/04/2016  20:19 h
Nuno Miguel Silva
nuno.silva@economico.pt
Económico