Renovar não chega

Não chegava em Março de 2015, não chega um ano depois e não chegará para resolver os problemas que os madeirenses enfrentam.

Em Março de 2015, não bastava Renovar, porque não é possível mudar, como o tempo veio demonstrar ao fim de um ano, baralhando e dando de novo. Miguel Albuquerque jogou a carta certa ao distanciar-se publicamente de Alberto João Jardim antes de todos os outros e acasos diversos ajudaram-no a limpar a imagem de quem conviveu bem, muito bem, com os 40 anos anteriores de governação e com as práticas que fazem parte da história política madeirense e de quem governou durante duas décadas a Câmara Municipal do Funchal segundo as mesmas regras financeiras e democráticas de que mais tarde viria a distanciar-se.

Passou um ano desde a disputa interna, das eleições regionais e de Governo e o que temos é a velha política com uma imagem nova. A velha política na relação, por exemplo, com as autarquias, na hora de pagar o que lhes é devido; a velha política na aplicação da lei das incompatibilidades; a velha política na hora de substituir concursos públicos por estranhas nomeações políticas; a velha política com os resultados de sempre: a Madeira parada com sucessivos balanços negativos.

Hoje sobram as fotografias e restam as opiniões em causa própria e as promessas de sempre que continuam por cumprir, mas o que conta mesmo é a vida dos madeirenses, que continua na mesma. O que mudou na Educação? 

O que foi feito para reverter os números assustadores do abandono escolar? O que mudou na estratégia do Ensino Superior da Região? O que mudou na Economia? O que mudou nos Programas de Estágios? O que foi feito para combater o desemprego e a emigração? O que mudou nos transportes terrestres? O que mudou na gestão dos portos? 

O que é feito do avião cargueiro, do ferry e da revisão do subsídio aéreo de mobilidade ao fim de 6 meses? O que é feito das urgentes alterações na Saúde?

A pergunta certa não é o que o Governo acha, é o que os madeirenses pensam; não é o que o Governo quer fazer, é quando; não é a face que os madeirenses vêem, é o efeito da política que vivem. O tempo vai continuar a demonstrar da pior maneira que Renovar não chega: não chega iludir os madeirenses com caras novas primeiro e com velhas práticas depois. A Madeira continua a sofrer e cada mês que passa é um mês a menos de um futuro melhor que parece cada vez mais longínquo. Até decidirmos mudar de vez.

João Pedro Vieira Médico Interno
Diário de Notícias da Madeira 
Quarta, 20 de Abril de 2016