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FILOSOFIA POLÍTICA: Fascismo é quando a esquerda quiser

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Mensagem por Admin Qua Jun 01, 2016 4:03 pm

As afirmações vazias e triviais de Rodrigues dos Santos apenas deviam fazer sorrir. Que suscitem tamanha fúria mostra apenas que Portugal precisa de uma cultura que forme para a discussão e a crítica.

A chamada “tese” que José Rodrigues dos Santos resolveu apresentar numa entrevista como “polémica”, segundo a qual o fascismo teria origem no marxismo, não é simplesmente incorrecta. Tal afirmação é certamente muito insuficiente para compreender o que quer que seja, é ingénua e simplificadora, inaceitável no modo como foi formulada, mas não está liminarmente errada.

Nas suas intervenções sobre o assunto, depois de promover os seus romances como quem tivesse descoberto um grande segredo, José Rodrigues dos Santos lá argumenta que o fascismo tem origem no movimento socialista italiano após a Primeira Guerra Mundial, que Mussolini tinha sido membro do Partido Socialista e director do jornal Avanti, que ele era – como Lenine – um leitor de Georges Sorel, que o “mito” soreliano da greve geral, capaz de despoletar a violência revolucionária, é transformado pelo fascismo no “mito” da nação. Tudo isto é verdade, mas também é básico. Aliás, a verificação de uma semelhança estrutural entre os modos de pensar de marxismo e fascismo não é nada de novo e levou um pensador como Eric Voegelin, por exemplo, a ousar a tese de que seria possível encontrar em ambos uma forma moderna de gnosticismo. Diante de uma realidade hostil, tratar-se-ia em ambos os casos de assumir o conhecimento e a “verdade” do sentido da história, de anunciar dogmaticamente essa “verdade” recusando a discussão e o pluralismo, de operar a “salvação” no plano secular da imanência histórica e de acelerar o seu desfecho, através da acção de uma vanguarda revolucionária que desencadeasse o advento do “homem novo”.

Talvez ao mencionar a chamada “tese” da origem marxista do fascismo José Rodrigues dos Santos tivesse em mente sobretudo esta convergência estrutural de modos de pensar, a qual está na base, claro está, das semelhanças históricas entre regimes fascistas e comunistas. Refiro-me, bem entendido, ao partido único pensado como senhor da verdade e intérprete da marcha da história, à “reeducação” ou “eliminação” dos opositores e por aí fora. No entanto, tal como o marxismo, o fascismo é um movimento político intelectualmente muito rico, cheio de heterodoxias e irredutível a uma estrutura linear. Quer isto dizer que, no que ao fascismo diz respeito, não são só o marxismo e o socialismo revolucionário que estão na sua origem.

Por exemplo, a concepção do Estado por Hegel como “realidade efectiva da liberdade concreta”, cuja crítica é elaborada por Marx, é reapropriada pelo fascismo (não foi por acaso que um dos maiores filósofos “hegelianos” do Século XX, Giovanni Gentile, foi ministro da Educação de Mussolini). Para o fascismo, longe de ser um instrumento ao serviço da classe burguesa, que a revolução anunciada pelo marxismo deveria ultrapassar através da ditadura do proletariado, o Estado é antes o lugar onde a liberdade deixa de ser meramente abstracta e negativa, isto é, negação pelo indivíduo do todo em que concretamente existe, e adquire realidade concreta no seio desse mesmo todo. Neste sentido, apesar das suas origens e semelhanças com o marxismo, o fascismo é também caracterizável como um “antimarxismo”.

Do mesmo modo, para dar outro exemplo, também a apropriação da concepção da razão por Nietzsche como um recurso vital, e da vida como “vontade de poder”, coloca o fascismo em contraposição à reivindicação marxista da herança do racionalismo e da filosofia das luzes. No entanto, nenhuma destas contraposições desautoriza a verificação de semelhanças entre marxismo e fascismo. Apenas a torna insuficiente como análise destes fenómenos políticos e revela como grosseira, na sua formulação, uma pretensa “tese” que enuncie simplesmente que o marxismo se encontra na origem do fascismo.

Sendo um fenómeno político especificamente italiano, o êxito inicial do fascismo e o seu trágico desfecho deu origem a que este fosse cada vez mais usado como uma designação geral que, nessa medida, se tornou crescentemente imprecisa. Dou apenas um exemplo desta imprecisão, para ilustrar o caso. Já antes da Segunda Guerra Mundial, na Alemanha, autores “marxistas” como Walter Benjamin ou Georg Lukács se referiram ao nacional-socialismo como “fascismo alemão”. Uma tal designação, no entanto, encerrava uma crítica ao nacional-socialismo que hoje, pelo modo como os conceitos são usados, se torna dificilmente compreensível.

Para o principal ideólogo nazi – Alfred Rosenberg, autor de O Mito do Século XX – o Estado a que o fascismo se refere, um Estado assumidamente forte e autoritário, colocado acima da pluralidade social como sua unidade política, era simultaneamente um “ídolo” que o nazismo deveria derrubar e um “instrumento” de que o Partido se deveria servir. Num artigo publicado a 30 de janeiro de 1934 no jornal oficial do Partido Nazi, o Völkischer Beobachter, no dia em que se celebrava o primeiro aniversário da nomeação de Hitler como Chanceler, Rosenberg recusava a designação fascista do Estado Nazi como totaler Staat ou stato totalitario, afirmando que para os nacional-socialistas só o povo e a “visão do mundo” do movimento poderiam ser “totais”.

No seu anti-hegelianismo, Rosenberg desenvolveu, assim, uma visão muito próxima da concepção marxista do Estado como um instrumento nas mãos do Partido e do Movimento. Naturalmente, seria simplesmente idiota partir daqui para afirmar a solidariedade de “visões do mundo” entre nazis e comunistas. Contudo, a semelhança na sua concepção do Estado permitiu que os dois partidos cujas milícias se defrontavam nas ruas de Berlim colaborassem no Parlamento, em 1932, para minar a República de Weimar e criar uma situação de ingovernabilidade que tornou inevitável a chamada de Hitler ao poder. A designação do nacional-socialismo como “fascismo alemão” contribuiu, por exemplo, para tornar invisível esta história.

Entre nós, a imprecisão do termo “fascismo” tornou-se manifesta sobretudo, como se sabe, nas polémicas cíclicas em torno da classificação política do Estado Novo. O autoritarismo salazarista, na sua génese um corporativismo católico e antimoderno onde a influência de Maurras é marcante, é designado como “fascista” precisamente com base nesse carácter cada vez mais genérico e impreciso que o termo assume. Neste contexto, é possível dizer que do mesmo modo que o nacional-socialismo é uma espécie de fascismo, também o são o Estado Novo, o franquismo e demais regimes autoritários.

Usado desta maneira, como um operador de classificação no âmbito da politologia, nada há de errado em tomar o fascismo como um “género comum” capaz de proporcionar a comparação entre regimes com traços semelhantes (apesar de esse método contribuir por vezes – é a outra face da moeda – quer para ignorar diferenças relevantes, quer para gerar discussões ociosas). Contudo, se nada há de errado em usar assim o conceito de “fascismo”, há algo de obsessivo e até doentio em usar e abusar dessa designação como arma política de arremesso. É em larga medida o que fez e ainda faz grande parte da esquerda portuguesa, numa atitude em que a amálgama de termos como “direita”, “liberalismo”, “neoliberalismo”, “autoritarismo”, “fascismo”, “conservadorismo” ou “capitalismo” estabelece um cânone politicamente correcto tão estreito e limitador quanto confuso. Pelo meio, esta espécie de “mixórdia de temáticas” gera o efeito pretendido: o silenciamento de alguns autores, a demonização de outros, o condicionamento da educação, o empobrecimento da cultura, o cultivo de lugares comuns e a redução do pensamento ao slogan.

É no contexto deste uso e abuso do “fascismo” por alguma da nossa esquerda que o clamor suscitado pelas afirmações de José Rodrigues dos Santos pode ser explicado. Qualquer evocação das relações históricas entre socialistas e fascistas, ou qualquer comparação conceptual entre marxismo e fascismo, ofende imediatamente uma mentalidade dicotómica que vê o mundo político como uma batalha do bem contra o mal; uma mentalidade que, neste esquema simples, não permite que se toque nas “sagradas escrituras” do marxismo, incensadas como “progressistas”, “emancipatórias”, “defensoras da justiça e direitos humanos” e outros epítetos anacrónicos.

Numa situação normal, as afirmações vazias e triviais de José Rodrigues dos Santos – uma espécie de Dan Brown português – na promoção dos seus romances apenas fariam sorrir. Que elas suscitem tamanha fúria e discussão demonstra apenas que Portugal precisa de uma escola em que se forme para o conhecimento, para a cultura, para a verdadeira discussão e para a crítica; não uma escola que promova as ideias feitas ou as “gargalhadas” que há poucos meses faziam as preferências de certa dirigente partidária.

Professor da Universidade de Coimbra

Alexandre Franco de Sá  
1/6/2016, 14:26
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