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“O maior falhanço de um governo desde o 25 de Abril!”
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“O maior falhanço de um governo desde o 25 de Abril!”
O PS está tão perdido que consegue aplaudir Sócrates e os acordos à esquerda ao mesmo tempo
O leitor recorda-se da greve cancelada no primeiro mês de vida da gerigonça? Foi uma manobra brilhante porque não ia haver greve nenhuma. O cancelamento do protesto sindical estava preparado para demonstrar que Costa tinha mão na extrema-esquerda.
Sendo certo que a candidatura de Daniel Adrião a secretário-geral do PS se deveu a um capricho estatutário anexo à apresentação de moções, o discurso do falso opositor serviu um propósito. Tal como a não existência da greve enaltecia as qualidades de Costa, a não existência de Adrião enalteceu a moderação do governo e a estabilidade interna do PS. Qualquer uma das consequências, embora bem desenhada, é algo artificial. Adrião falava da Internacional Socialista e de Corbyn, e claro que Costa parecia um anjo a falar sobre investimento, agricultura, refugiados e autárquicas.
Ana Sá Lopes, na sua sagacidade habitual, notou que a discussão sobre o futuro do partido foi remetida para apenas seis horas num fim de semana de congresso. É estranho, todavia explica-se. O PS está tão perdido que consegue aplaudir Sócrates e os acordos à esquerda ao mesmo tempo. Sócrates pode ser muita coisa; no entanto, a sua visão de social--democracia contrasta com estes radicalismos; basta lembrar os embates com Louçã.
Imaginem se Ricardo Gonçalves, ex--deputado, tivesse mais que cinco minutos para falar. Sobre o crescimento com a geringonça, disse que era “o maior falhanço de um governo desde o 25 de Abril”, lembrou que “o Syriza também era popular ao início” e agora “vai em 17% nas sondagens”, que “só com crescimento é que defendemos o Estado social” e que “exportámos para Angola durante anos e não crescemos”, logo “não pode ser desculpa”.
À porta, Sérgio Sousa Pinto lamentou que a moção de Costa esqueça “o partido de Mário Soares”, “um partido com uma forte tradição liberal, de respeito pelo indivíduo e pela iniciativa”.
Os soaristas, como Sousa Pinto, veem a sua tarefa complicar-se quando a Europa começa a falhar. Uma Europa sem consciência social - ou política, ou democrática, já agora - nunca poderia beneficiar partidos de centro-esquerda ou centro-direita. Até a coligação centrista de Merkel enfrenta um abismo eleitoral. A social-democracia não se soube adaptar à globalização e ao abrandamento económico do século xxi, e uma Europa sem a social-democracia que a fundou é uma Europa incapaz de se reformar decentemente.
O liberalismo de que Sousa Pinto fala não é um liberalismo económico ou “neoliberal” (o que Hayek identificava como “Whig”) nem um liberalismo progressista ou de costumes. O liberalismo pelo qual Soares lutou não era um liberalismo de ideologia, mas sim de regime, no sentido de sociedade livre, plural, com primado da lei e respeito pela liberdade do indivíduo, das famílias, das empresas e dos empregados. Pois Soares sabia que socialismo democrático e Estado social só eram possíveis numa democracia liberal, não numa república popular com as plataformas de protesto de rua que o Partido Comunista privilegiava. Foi essa escolha de Soares que salvou o 25 de Abril, o país e o PS.
Os apupos na intervenção de Francisco Assis não eram nada de pessoal. As massas não vaiavam Assis, que se comoveu. As massas vaiavam a democracia. E rugiam pelo poder. É isso que as massas fazem. Sempre fizeram.
O PS pode ter muitos defeitos, muitos erros, muitos esqueletos no armário. Mas é um partido que nos salvou do comunismo e nos abriu a porta de uma Europa para a modernização. É um partido com dezenas de anos de história ao lado da democracia portuguesa.
O PS de António Costa não tem nada a ver com isso. O PS de António Costa não advém de um diálogo de ideias com quase meio século. O PS de António Costa debateu-se em seis horas de congresso. É isso que ele é. É isso que ele vale. Seis horas. O resto? Pagamos nós.
10/06/2016
Sebastião Bugalho
opiniao@newsplex.pt
Jornal i
O leitor recorda-se da greve cancelada no primeiro mês de vida da gerigonça? Foi uma manobra brilhante porque não ia haver greve nenhuma. O cancelamento do protesto sindical estava preparado para demonstrar que Costa tinha mão na extrema-esquerda.
Sendo certo que a candidatura de Daniel Adrião a secretário-geral do PS se deveu a um capricho estatutário anexo à apresentação de moções, o discurso do falso opositor serviu um propósito. Tal como a não existência da greve enaltecia as qualidades de Costa, a não existência de Adrião enalteceu a moderação do governo e a estabilidade interna do PS. Qualquer uma das consequências, embora bem desenhada, é algo artificial. Adrião falava da Internacional Socialista e de Corbyn, e claro que Costa parecia um anjo a falar sobre investimento, agricultura, refugiados e autárquicas.
Ana Sá Lopes, na sua sagacidade habitual, notou que a discussão sobre o futuro do partido foi remetida para apenas seis horas num fim de semana de congresso. É estranho, todavia explica-se. O PS está tão perdido que consegue aplaudir Sócrates e os acordos à esquerda ao mesmo tempo. Sócrates pode ser muita coisa; no entanto, a sua visão de social--democracia contrasta com estes radicalismos; basta lembrar os embates com Louçã.
Imaginem se Ricardo Gonçalves, ex--deputado, tivesse mais que cinco minutos para falar. Sobre o crescimento com a geringonça, disse que era “o maior falhanço de um governo desde o 25 de Abril”, lembrou que “o Syriza também era popular ao início” e agora “vai em 17% nas sondagens”, que “só com crescimento é que defendemos o Estado social” e que “exportámos para Angola durante anos e não crescemos”, logo “não pode ser desculpa”.
À porta, Sérgio Sousa Pinto lamentou que a moção de Costa esqueça “o partido de Mário Soares”, “um partido com uma forte tradição liberal, de respeito pelo indivíduo e pela iniciativa”.
Os soaristas, como Sousa Pinto, veem a sua tarefa complicar-se quando a Europa começa a falhar. Uma Europa sem consciência social - ou política, ou democrática, já agora - nunca poderia beneficiar partidos de centro-esquerda ou centro-direita. Até a coligação centrista de Merkel enfrenta um abismo eleitoral. A social-democracia não se soube adaptar à globalização e ao abrandamento económico do século xxi, e uma Europa sem a social-democracia que a fundou é uma Europa incapaz de se reformar decentemente.
O liberalismo de que Sousa Pinto fala não é um liberalismo económico ou “neoliberal” (o que Hayek identificava como “Whig”) nem um liberalismo progressista ou de costumes. O liberalismo pelo qual Soares lutou não era um liberalismo de ideologia, mas sim de regime, no sentido de sociedade livre, plural, com primado da lei e respeito pela liberdade do indivíduo, das famílias, das empresas e dos empregados. Pois Soares sabia que socialismo democrático e Estado social só eram possíveis numa democracia liberal, não numa república popular com as plataformas de protesto de rua que o Partido Comunista privilegiava. Foi essa escolha de Soares que salvou o 25 de Abril, o país e o PS.
Os apupos na intervenção de Francisco Assis não eram nada de pessoal. As massas não vaiavam Assis, que se comoveu. As massas vaiavam a democracia. E rugiam pelo poder. É isso que as massas fazem. Sempre fizeram.
O PS pode ter muitos defeitos, muitos erros, muitos esqueletos no armário. Mas é um partido que nos salvou do comunismo e nos abriu a porta de uma Europa para a modernização. É um partido com dezenas de anos de história ao lado da democracia portuguesa.
O PS de António Costa não tem nada a ver com isso. O PS de António Costa não advém de um diálogo de ideias com quase meio século. O PS de António Costa debateu-se em seis horas de congresso. É isso que ele é. É isso que ele vale. Seis horas. O resto? Pagamos nós.
10/06/2016
Sebastião Bugalho
opiniao@newsplex.pt
Jornal i
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