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Vamos apostar no turismo?
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Vamos apostar no turismo?
Portugal tem no turismo um ativo inesgotável, que poderia ser mais competitivo se o país projetasse mais aquilo que é. Não digo que não saiba, mas pode e deve fazer melhor. Um pouco por todo o lado, encontramos exemplos de iniciativas que poderiam ser fortes marcas de uma região, mas que continuam circunscritas à paróquia, frequentada por pessoas que aí se fossilizaram. Precisamos de outra visão para o vastíssimo património (i)material que temos. E precisamos, claro, de gente capaz de concretizar eficazes estratégias de promoção do que somos.
Festejamos hoje, em alguns pontos do país, o S. João. Pela dimensão que foi capaz de conquistar, o Porto é a cidade-emblema da festa são-joanina. Em Valongo, também se festeja o santo e o município encontrou na Bugiada e Mouriscada, que ambicionam ser património imaterial da UNESCO, uma marca distintiva. São de facto espetaculares as encenações que, na freguesia de Sobrado, mourisqueiros (muçulmanos) e bugios (cristãos) corporizam por esta altura. Também não muito longe, Braga tem reclamado mais destaque. Está aí uma das mais antigas festas de S. João, que reúne elementos de uma curiosa singularidade. Como os carros das Ervas e do rei David, tradições ímpares que reclamam diferente enquadramento para conquistar outros públicos.
É verdade que atualmente os autarcas perceberam que têm de se mexer para vender o seu município fora dos respetivos limites territoriais. Alguns passam a fronteira e tentam comunicar o que têm em locais estratégicos. É já alguma coisa. Não chega. Ninguém se desloca a nenhum sítio, se aí não reconhecer valor. Cultural, patrimonial, social. Ninguém regressará, se não se sentir recompensado na viagem. E isso pode ser um problema. Porque o turismo em Portugal apresenta indesculpáveis pontos negros. Em zonas mais rurais e em zonas urbanas.
Por todo o lado, o turismo nas cidades, normalmente designado "city-breaks", é um segmento em crescimento, muito alavancado pelas companhias aéreas "low-cost". Em Portugal, este fenómeno tem suscitado o desenvolvimento desenfreado do alojamento local em Lisboa e no Porto. O problema, que de resto já suscitou medidas musculadas noutras capitais europeias e americanas, é que se corre o risco de ver os centros das cidades convertidos num imenso hotel, onde há cada vez menos espaço para a autenticidade dos moradores originais. E isso deve naturalmente exigir muita atenção dos autarcas.
Em pleno verão, as praias constituem também um valioso atrativo para o turismo nacional e para aqueles que, vindos de fora, procuram destinos seguros, não muito dispendiosos e temperaturas ajustadas a umas horas de exposição solar. Sabemos que o Algarve apresenta, a este nível, uma competitividade que o Norte e o Centro nunca poderão conquistar. Terão as praias destas regiões outros encantos, difíceis de descobrir, quando, por exemplo, o areal se encontra sujo ou a zona circundante não disponha de qualquer torneira para quem queira voltar limpo para casa... Pormenores que contam para ponderar onde queremos ir.
Fugindo das águas frias e da temperatura inconstante do litoral norte, muitos de nós lá vão encontrando o destino de férias no Algarve. Quem este ano rumar a sul, encontrará as obras do costume. Uma das mais incompreensíveis será a rotunda em construção na estrada que nos conduz da nacional 125 a Vilamoura. Quem ligar Vila do Bispo a Vila Real de Santo António encontrará outras réplicas que os autarcas vão criando em pleno verão, destruindo uma marca que se quer imune a entropias deste género.
A pergunta de fundo está aí, inteirinha e recorrente. Num período em que Portugal parece captar quota de turismo, sobretudo devido à dinâmica internacional na Europa e na bacia do Mediterrâneo, terão o país e os municípios interiorizado que este crescimento pode recuar, se não trabalharmos devidamente a autenticidade enquanto ativo único e irrepetível e se não planearmos as intervenções de forma a evitar contaminar os períodos de época alta?
PROF. ASSOCIADA COM AGREGAÇÃO DA UMINHO
FELISBELA LOPES
Hoje às 00:00
Jornal de Notícias
Festejamos hoje, em alguns pontos do país, o S. João. Pela dimensão que foi capaz de conquistar, o Porto é a cidade-emblema da festa são-joanina. Em Valongo, também se festeja o santo e o município encontrou na Bugiada e Mouriscada, que ambicionam ser património imaterial da UNESCO, uma marca distintiva. São de facto espetaculares as encenações que, na freguesia de Sobrado, mourisqueiros (muçulmanos) e bugios (cristãos) corporizam por esta altura. Também não muito longe, Braga tem reclamado mais destaque. Está aí uma das mais antigas festas de S. João, que reúne elementos de uma curiosa singularidade. Como os carros das Ervas e do rei David, tradições ímpares que reclamam diferente enquadramento para conquistar outros públicos.
É verdade que atualmente os autarcas perceberam que têm de se mexer para vender o seu município fora dos respetivos limites territoriais. Alguns passam a fronteira e tentam comunicar o que têm em locais estratégicos. É já alguma coisa. Não chega. Ninguém se desloca a nenhum sítio, se aí não reconhecer valor. Cultural, patrimonial, social. Ninguém regressará, se não se sentir recompensado na viagem. E isso pode ser um problema. Porque o turismo em Portugal apresenta indesculpáveis pontos negros. Em zonas mais rurais e em zonas urbanas.
Por todo o lado, o turismo nas cidades, normalmente designado "city-breaks", é um segmento em crescimento, muito alavancado pelas companhias aéreas "low-cost". Em Portugal, este fenómeno tem suscitado o desenvolvimento desenfreado do alojamento local em Lisboa e no Porto. O problema, que de resto já suscitou medidas musculadas noutras capitais europeias e americanas, é que se corre o risco de ver os centros das cidades convertidos num imenso hotel, onde há cada vez menos espaço para a autenticidade dos moradores originais. E isso deve naturalmente exigir muita atenção dos autarcas.
Em pleno verão, as praias constituem também um valioso atrativo para o turismo nacional e para aqueles que, vindos de fora, procuram destinos seguros, não muito dispendiosos e temperaturas ajustadas a umas horas de exposição solar. Sabemos que o Algarve apresenta, a este nível, uma competitividade que o Norte e o Centro nunca poderão conquistar. Terão as praias destas regiões outros encantos, difíceis de descobrir, quando, por exemplo, o areal se encontra sujo ou a zona circundante não disponha de qualquer torneira para quem queira voltar limpo para casa... Pormenores que contam para ponderar onde queremos ir.
Fugindo das águas frias e da temperatura inconstante do litoral norte, muitos de nós lá vão encontrando o destino de férias no Algarve. Quem este ano rumar a sul, encontrará as obras do costume. Uma das mais incompreensíveis será a rotunda em construção na estrada que nos conduz da nacional 125 a Vilamoura. Quem ligar Vila do Bispo a Vila Real de Santo António encontrará outras réplicas que os autarcas vão criando em pleno verão, destruindo uma marca que se quer imune a entropias deste género.
A pergunta de fundo está aí, inteirinha e recorrente. Num período em que Portugal parece captar quota de turismo, sobretudo devido à dinâmica internacional na Europa e na bacia do Mediterrâneo, terão o país e os municípios interiorizado que este crescimento pode recuar, se não trabalharmos devidamente a autenticidade enquanto ativo único e irrepetível e se não planearmos as intervenções de forma a evitar contaminar os períodos de época alta?
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FELISBELA LOPES
Hoje às 00:00
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