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Há mais vida para além do défice
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Há mais vida para além do défice
Jorge Sampaio não o disse exatamente assim, mas foi assim que todos nós fixámos esta frase que nunca foi dita mas se tornou tão famosa por cá como globalmente se popularizou a frase "it"s the economy, stupid". As duas aplicam-se como uma luva à situação portuguesa e as duas revelam um país que parece estar condenado a ter o que não quer e a não ter o que precisa.
O anterior governo andou quatro anos obcecado com o défice e nunca o conseguiu fazer descer abaixo dos famosos 3%. Pelo caminho teve uma dura recessão, inevitável como consequência da crise da dívida soberana e terminou o mandato com o país a crescer pouco e já em fase descendente. Fartos de austeridade, mas conscientes de que o país precisa de boas contas, os portugueses dividiram-se, dando a vitória à direita e a maioria à esquerda. Com a esquerda mudou o registo. Não era do défice que importava falar, mas da devolução dos rendimentos, que iria fazer crescer o consumo interno, que, por sua vez, faria crescer o investimento e, por consequência, a economia. Tudo tão fácil e evidente que não poderia falhar. Falhou.
O país não cresce e a bandeira do governo mudou. O orgulho de António Costa, suprema ironia, é que pode ser visto em Bruxelas como bom aluno, porque é suposto o défice ficar abaixo dos 3%. A restante esquerda prefere lembrar que pôs os funcionários públicos a ganhar mais e a trabalhar menos horas.
Estamos outra vez à volta do défice, sem conseguir pôr a economia a funcionar. Testados os dois caminhos propostos, pela direita e pela esquerda, pode parecer que a economia portuguesa está condenada a viver em recessão ou estagnada. Talvez se tivéssemos estado mais atentos ao que verdadeiramente disse o presidente da República em 2003 não tivéssemos parado ou mesmo andado para trás. O que Sampaio disse foi que havia "mais vida para além do Orçamento". E há. Os problemas estruturais da economia continuam por resolver e o investimento continua a faltar.
Soluções políticas como mandar para o lixo, ou reenviar para o BES o que vai dar no mesmo, obrigações seniores que estavam no Novo Banco, ou reverter as concessões nos transportes, afastam mais depressa o investimento estrangeiro do que umas décimas no défice. De igual forma, a onda de privatizações a baixo preço, feitas pelo anterior governo, podem ter ajudado a baixar a dívida e, por consequência o défice, mas não contribuíram para modernizar a economia. Durante todo este tempo, o máximo que conseguimos foi ter o défice descontroladamente controlado.
Diretor do DN
04 DE SETEMBRO DE 2016
00:03
Paulo Baldaia
Diário de Notícias
O anterior governo andou quatro anos obcecado com o défice e nunca o conseguiu fazer descer abaixo dos famosos 3%. Pelo caminho teve uma dura recessão, inevitável como consequência da crise da dívida soberana e terminou o mandato com o país a crescer pouco e já em fase descendente. Fartos de austeridade, mas conscientes de que o país precisa de boas contas, os portugueses dividiram-se, dando a vitória à direita e a maioria à esquerda. Com a esquerda mudou o registo. Não era do défice que importava falar, mas da devolução dos rendimentos, que iria fazer crescer o consumo interno, que, por sua vez, faria crescer o investimento e, por consequência, a economia. Tudo tão fácil e evidente que não poderia falhar. Falhou.
O país não cresce e a bandeira do governo mudou. O orgulho de António Costa, suprema ironia, é que pode ser visto em Bruxelas como bom aluno, porque é suposto o défice ficar abaixo dos 3%. A restante esquerda prefere lembrar que pôs os funcionários públicos a ganhar mais e a trabalhar menos horas.
Estamos outra vez à volta do défice, sem conseguir pôr a economia a funcionar. Testados os dois caminhos propostos, pela direita e pela esquerda, pode parecer que a economia portuguesa está condenada a viver em recessão ou estagnada. Talvez se tivéssemos estado mais atentos ao que verdadeiramente disse o presidente da República em 2003 não tivéssemos parado ou mesmo andado para trás. O que Sampaio disse foi que havia "mais vida para além do Orçamento". E há. Os problemas estruturais da economia continuam por resolver e o investimento continua a faltar.
Soluções políticas como mandar para o lixo, ou reenviar para o BES o que vai dar no mesmo, obrigações seniores que estavam no Novo Banco, ou reverter as concessões nos transportes, afastam mais depressa o investimento estrangeiro do que umas décimas no défice. De igual forma, a onda de privatizações a baixo preço, feitas pelo anterior governo, podem ter ajudado a baixar a dívida e, por consequência o défice, mas não contribuíram para modernizar a economia. Durante todo este tempo, o máximo que conseguimos foi ter o défice descontroladamente controlado.
Diretor do DN
04 DE SETEMBRO DE 2016
00:03
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