Porto de Sines foi o único a crescer em Portugal até Julho

O porto de Sines é o único responsável por o sector portuário nacional ter conseguido registar um acréscimo de 0,8% nas mercadorias movimentadas entre Janeiro e Julho deste ano, em comparação com o período homólogo.

De acordo com os dados da AMT – Autoridade da Mobilidade e dos Transportes, a que o Jornal Económico teve acesso, o porto liderado por João Franco conseguiu um acréscimo de 9,6% nas mercadorias movimentadas no período em apreço, o que correspondeu a um aumento de 2,5 milhões de toneladas face aos primeiros sete meses do ano passado.

Este comportamento traduz o reforço da posição de líder do porto de Sines no sector portuário nacional, passando a representar uma quota de mercado de 53,8% entre Janeiro e Julho deste ano.

O porto de Sines movimentou nesse período 28,6 milhões de toneladas de mercadorias.

Ao contrário todos os restantes portos nacionais de maior dimensão – Leixões, Aveiro, Lisboa e Setúbal – tiveram comportamento que nos primeiros sete meses de 2015.

O porto de Lisboa foi o que registou pior comportamento, com uma quebra de 1,25 milhões de toneladas de mercadorias movimentadas no período em análise, uma perda de 18,5%, que terá nas recentes greves de estivadores uma das principais explicações.

A AMT assinala ainda as quebras observadas no porto de Aveiro (-9,6%), de Leixões (-2,9%) e de Setúbal (-2,4%).

Também os portos da Figueira da Foz (-3,3%), Viana do Castelo (-10,6%) e Faro (-36,2%) estiveram do lado negativo nos primeiros sete meses de 2016.

No total, o sector portuário nacional registou 53,2 milhões de toneladas movimentadas nos primeiros sete meses deste ano, o que representou um novo recorde absoluto.

“É importante destacar que o comportamento dos portos de Leixões e de Sines é influenciado pela circunstância de o Terminal Oceânico de Leixões se encontrar paralisado para manutenção em estaleiro da monoboia praticamente desde o início do ano, implicando a redução da capacidade do Terminal Petroleiro de Leixões”, explica uma análise da AMT a que o Jornal Económico teve acesso.

A entidade reguladora do sector dos transportes acrescenta que “o impedimento de receber navios de grande porte daqui resultante tem levado, naturalmente, ao acréscimo de desembarque de petróleo bruto no porto de Sines e até um reembarque para Leixões em navios de menor dimensão, que conduz a um acréscimo de 35,6% no porto de Sines e a uma quebra de 18,1% em Leixões”.

Segundo a instituição presidida por João Carvalho, “esta circunstância induz um movimento portuário anormal de petróleo bruto que globalmente regista um acréscimo de 21,2%, refletindo o embarque de 1,1 milhões de toneladas, quando, tradicionalmente, a operação de embarque de petróleo bruto tem um volume nulo ou insignificante”.

A seguir a Sines, o porto que ocupa a segunda posição em Portugal continua a ser Leixões com uma quota de 19,6% do total, seguido de Lisboa que mantém o seu peso em 10,3% (7,1 pontos percentuais desde 2012, ano em que, no período homólogo, representava 17,4%) e Setúbal que mantém um volume de carga correspondente a 8,5% do total.

O tráfego de contentores registou no período em análise um movimento ligeiramente superior a 1,5 milhões de TEU (medida-padrão equivalente a contentores com 20 pés de comprimento), a que corresponde uma quebra de 1,7% face ao período homólogo de 2015, tendo, em número, independentemente da sua dimensão, registado uma quebra de 3,1%.

Este comportamento negativo do mercado de contentores foi, mais uma vez, determinado pelo porto de Lisboa que regista uma quebra de 34,1% no volume de TEU movimentado, que os portos de Setúbal (+42,7% de TEU movimentados), Leixões (+8,1%), Figueira da Foz (+3,5%) e Sines (+1,6%) não conseguiram anular.

Em termos globais, o porto de Sines mantém a posição de líder no mercado de contentores, registando 54% do total de TEU movimentados, seguindo-se Leixões com 26,1%, Lisboa com 12,6% e Setúbal com 6,5%.

A carga embarcada, na qual se incluem as exportações nacionais, registou um volume de cerca de 22,7 milhões de toneladas, inferior em 0,6% ao valor realizado no período homólogo de 2015, e representa 42,7% do total da carga movimentada.

O volume da carga desembarcada atingiu 30,5 milhões de toneladas, ultrapassando em 1,9% o valor registado no período homólogo de 2015, constituindo valor mais elevado de sempre.

“Os portos que registaram um volume de carga embarcada superior ao volume de carga desembarcada, apresentando um perfil de porto ’exportador’, continuam a ser Viana do Castelo, Figueira da Foz, Setúbal e Faro, cujos ‘ratios’ de carga embarcada sobre total, apurados no período em análise, apresentam os valores 78,4%, 63,9%, 59,8% e 100%, respetivamente, embora com dimensões de volume muito distintas”, destaca a análise da AMT.

Nuno Miguel Silva
 15:10
Jornal Económico