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Esta política não é para novos
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Esta política não é para novos
Um dos meus filhos esteve a ver os sites dos partidos políticos para se inscrever num. Tremi. Escolher partidos políticos através de um site é o mesmo que escolher fruta por telefone. Diz ele que quer participar na vida pública do país para começar a interferir. E pergunta-me para que é que os partidos servem. Esta deve ter sido a pergunta mais difícil feita pelos meus filhos depois daquela em que um deles quis saber onde estava antes de nascer. Para que servem os políticos na perspetiva de um miúdo de 16 anos? Para nada. O que os políticos dizem, os temas de que falam e os problemas que se propõem a resolver são sobre assuntos que estão mais distantes dos jovens do que Marte da Terra. A TSU, a sustentabilidade da Segurança Social, a privatização da CGD ou o drama do dono da Padaria Portuguesa são polémicas que têm tanto a ver com os interesses e vida dos nossos filhos quanto as guerras napoleónicas. Hogwarts está mais perto. Um miúdo de 16 anos tem duas certezas: que o mundo não acaba em Badajoz e que o seu futuro depende dele. Sabe que é com trabalho que se vai sustentar e tem ânsia de criar alguma coisa nova. Eles admiram quem arrisca em novos negócios, quem se aventura com uma mochila às costas para tirar fotografias à vida animal da Nova Zelândia, quem tem o mundo como casa e quem constrói. São estes os seus heróis. Todos eles querem deixar uma pegada no mundo e admiram quem já deixou.
No entanto, o que é que eles ouvem quando por azar param o zapping num noticiário? Ouvem que é o Estado que lhes dá emprego, que é do Estado que depende a rentabilidade das empresas, que a emotividade dos debates está no número de horas de trabalho semanal e que o mundo do trabalho divide-se entre patrões e trabalhadores e não em criação de emprego, criatividade ou rentabilidade. O mundo das notícias é uma fila na repartição de Finanças e o mundo visto pelos miúdos é aquele onde se trabalha no que se gosta e em que o céu é o limite. E neste mundo os partidos fazem o quê? Nada. No máximo são as máquinas das senhas das repartições de Finanças. Os jovens hoje só estão na política quando o discurso é emotivo e o discurso emotivo é o da contestação. A política só os quer para o discurso destrutivo, só os resgata na luta contra alguma coisa, seja ela o Trump, a União Europeia ou o dono da Padaria Portuguesa (porque é patrão e patrão ainda rima com glutão). Para o resto, despreza-os. A política e os jovens são duas realidades que hoje não se cruzam e o facto de o meu filho achar que é pelo site que se escolhe o partido diz tudo sobre esta distância.
28 DE JANEIRO DE 2017
00:01
Inês Teotónio Pereira
Diário de Notícias
No entanto, o que é que eles ouvem quando por azar param o zapping num noticiário? Ouvem que é o Estado que lhes dá emprego, que é do Estado que depende a rentabilidade das empresas, que a emotividade dos debates está no número de horas de trabalho semanal e que o mundo do trabalho divide-se entre patrões e trabalhadores e não em criação de emprego, criatividade ou rentabilidade. O mundo das notícias é uma fila na repartição de Finanças e o mundo visto pelos miúdos é aquele onde se trabalha no que se gosta e em que o céu é o limite. E neste mundo os partidos fazem o quê? Nada. No máximo são as máquinas das senhas das repartições de Finanças. Os jovens hoje só estão na política quando o discurso é emotivo e o discurso emotivo é o da contestação. A política só os quer para o discurso destrutivo, só os resgata na luta contra alguma coisa, seja ela o Trump, a União Europeia ou o dono da Padaria Portuguesa (porque é patrão e patrão ainda rima com glutão). Para o resto, despreza-os. A política e os jovens são duas realidades que hoje não se cruzam e o facto de o meu filho achar que é pelo site que se escolhe o partido diz tudo sobre esta distância.
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00:01
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