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Uma oportunidade única para construir o futuro
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Uma oportunidade única para construir o futuro
Em duas semanas, passei uns dias em Berlim e outros em Paris. Viajei sem o menor problema ou dificuldade, de cartão de cidadão na mão e bilhetes de avião carregados no telemóvel. Nem um papel, nem uma contrariedade. Zero confusão. Porque ambas são capitais europeias, quando precisei de pagar contas ou levantar dinheiro limitei-me a usar o cartão que uso diariamente. Sem espinhas.
Como eu, milhões de cidadãos de países da União Europeia viajam diariamente dentro do espaço comunitário - o aumento da concorrência baixou tremendamente os preços dos bilhetes e até às comunicações são hoje simples e baratas, se não gratuitas, mesmo entre diferentes países. Nem todos são turistas, há uma grande parte destas viagens que é feita em negócios - e as trocas comerciais delas resultantes ganharam escala e vantagens indizíveis com a integração de Portugal no espaço europeu.
São estes exemplos pequenos de quão melhor ficou a vida dos portugueses - também dos cidadãos dos restantes países da União Europeia, mesmo os mais ricos - com a integração, a moeda única e as políticas de Bruxelas. E, no entanto, as queixas e acusações que todos os dias se ouvem por aí, do café à Assembleia da República, parecem resultar de uma visão bem diferente. Quase julgamos que a construção europeia só trouxe dependência, obrigações, regras incrivelmente rígidas e inconsequentes.
A verdade é que a União Europeia trouxe largamente mais vantagens do que dificuldades, ainda que, evidentemente, haja regras a que é preciso adaptarmo-nos. Mas nenhum casamento é feito só de festa e lua-de-mel. E nesta relação há francamente mais pontos positivos do que negativos. E que não se esgotam nas questões económicas, na moeda única e na liberdade de circulação de pessoas e bens dentro do espaço comum - ainda que estes sejam aspetos muito relevantes.
Neste momento, está lançada a discussão sobre o que os Estados membros desejam ter na sua União Europeia. E esse debate devia ser feito dentro de cada país, com cada grupo de cidadãos, de forma a criar uma base o mais alargada possível de opiniões, sugestões e cenários. Queremos que fique tudo como está? Preferíamos ter mais independência e menos vantagens (uma coisa implica necessariamente a outra)? Ou antes estamos dispostos a fazer mais sacrifícios numa primeira fase para garantir melhores condições para todos? É esta a discussão que devia estar a ser feita no país - e não o vigésimo capítulo do episódio dos sms da Caixa ou a falta de candidatos autárquicos às eleições que só acontecem depois do verão. E, no entanto, nem se ouve falar do assunto. O tema mais importante para o futuro do país, que vai determinar o futuro das gerações dos nossos filhos e netos, é todos os dias deixado para trás em nome de mais uma novidade da espuma dos dias.
O que estamos a fazer é a deixar nas mãos de outros a decisão fundamental sobre o que queremos que Portugal venha a ser. E nem sequer é muito claro quem são esses outros, visto que a classe política parece totalmente alheada da importância deste assunto e nada interessada em lançar o debate.
Continuando assim, vamos deixar passar meses até entendermos sequer que existe uma discussão a ser tida e quando quisermos começar a entender o que está em causa será demasiado tarde para tomar uma atitude.
Demasiado tarde para tomarmos parte na construção do nosso próprio futuro. E o pior que pode acontecer é descobrirmos que o nosso desinteresse e alheamento contribuíram para a desintegração do melhor projeto em que estivemos integrados.
A União Europeia não é só vantagens e qualidades. Claro que não. Mas neste momento - numa altura em que já experimentámos o que tem de melhor e conhecemos o que tem de pior - temos uma oportunidade de ouro para intervir e ajudar a reconstruir uma comunidade mais à nossa imagem, mais à medida das nossas necessidades e desejos. Não podemos deixá-la passar.
16 DE MARÇO DE 2017
00:02
Joana Petiz
Diário de Notícias
Como eu, milhões de cidadãos de países da União Europeia viajam diariamente dentro do espaço comunitário - o aumento da concorrência baixou tremendamente os preços dos bilhetes e até às comunicações são hoje simples e baratas, se não gratuitas, mesmo entre diferentes países. Nem todos são turistas, há uma grande parte destas viagens que é feita em negócios - e as trocas comerciais delas resultantes ganharam escala e vantagens indizíveis com a integração de Portugal no espaço europeu.
São estes exemplos pequenos de quão melhor ficou a vida dos portugueses - também dos cidadãos dos restantes países da União Europeia, mesmo os mais ricos - com a integração, a moeda única e as políticas de Bruxelas. E, no entanto, as queixas e acusações que todos os dias se ouvem por aí, do café à Assembleia da República, parecem resultar de uma visão bem diferente. Quase julgamos que a construção europeia só trouxe dependência, obrigações, regras incrivelmente rígidas e inconsequentes.
A verdade é que a União Europeia trouxe largamente mais vantagens do que dificuldades, ainda que, evidentemente, haja regras a que é preciso adaptarmo-nos. Mas nenhum casamento é feito só de festa e lua-de-mel. E nesta relação há francamente mais pontos positivos do que negativos. E que não se esgotam nas questões económicas, na moeda única e na liberdade de circulação de pessoas e bens dentro do espaço comum - ainda que estes sejam aspetos muito relevantes.
Neste momento, está lançada a discussão sobre o que os Estados membros desejam ter na sua União Europeia. E esse debate devia ser feito dentro de cada país, com cada grupo de cidadãos, de forma a criar uma base o mais alargada possível de opiniões, sugestões e cenários. Queremos que fique tudo como está? Preferíamos ter mais independência e menos vantagens (uma coisa implica necessariamente a outra)? Ou antes estamos dispostos a fazer mais sacrifícios numa primeira fase para garantir melhores condições para todos? É esta a discussão que devia estar a ser feita no país - e não o vigésimo capítulo do episódio dos sms da Caixa ou a falta de candidatos autárquicos às eleições que só acontecem depois do verão. E, no entanto, nem se ouve falar do assunto. O tema mais importante para o futuro do país, que vai determinar o futuro das gerações dos nossos filhos e netos, é todos os dias deixado para trás em nome de mais uma novidade da espuma dos dias.
O que estamos a fazer é a deixar nas mãos de outros a decisão fundamental sobre o que queremos que Portugal venha a ser. E nem sequer é muito claro quem são esses outros, visto que a classe política parece totalmente alheada da importância deste assunto e nada interessada em lançar o debate.
Continuando assim, vamos deixar passar meses até entendermos sequer que existe uma discussão a ser tida e quando quisermos começar a entender o que está em causa será demasiado tarde para tomar uma atitude.
Demasiado tarde para tomarmos parte na construção do nosso próprio futuro. E o pior que pode acontecer é descobrirmos que o nosso desinteresse e alheamento contribuíram para a desintegração do melhor projeto em que estivemos integrados.
A União Europeia não é só vantagens e qualidades. Claro que não. Mas neste momento - numa altura em que já experimentámos o que tem de melhor e conhecemos o que tem de pior - temos uma oportunidade de ouro para intervir e ajudar a reconstruir uma comunidade mais à nossa imagem, mais à medida das nossas necessidades e desejos. Não podemos deixá-la passar.
16 DE MARÇO DE 2017
00:02
Joana Petiz
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