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O laboratório do futuro fica no Alentejo?

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O laboratório do futuro fica no Alentejo? Empty O laboratório do futuro fica no Alentejo?

Mensagem por Admin Dom Set 07, 2014 2:42 pm

O laboratório do futuro fica no Alentejo? 871883?tp=UH&db=IMAGENS&w=1440&act=resize


Tamera, a comunidade de energia solar e amor livre, é um laboratório da nova organização social, económica, política e afectiva, e o ponto de partida da revolução mundial. Mas antes de tudo é preciso aprender a sua linguagem.


Uma mulher descalça aproxima-se de um rapaz alto com uma trança. “Preciso de um abraço”, diz ela. O sino toca para o almoço. Três jovens explicam ao grupo que se concentrou na esplanada como cozinharam aquele cuscuz com couve-flor e salada de alface. Mais pessoas vão chegando à grande sala de refeições ao ar livre. Servem-se, antes de se sentarem nas mesas corridas de madeira. A mulher descalça agradece ao rapaz — “És tão bom abraçador.” 

A comida, totalmente cozinhada com sol, está uma delícia. Os habitantes de Tamera saboreiam-na com gemidos de prazer. É um hábito, aqui. Um arrulhar de felicidade acompanhando todos os momentos de agrado, que são muitos. Quando se sentam, quando se levantam, quando bebem um chá, quando olham em redor, os tamerianos fazem “mmmmm, nham”. É um dos elementos da sua linguagem própria, tal como dizer “ele tem boa frequência” ou “isso faz parte do campo morfogenético” ou “aquilo tem um imenso poder de cura”.

Numa mesa de oito pessoas, uma rapariga de olhos verdes faz confissões, ao rapaz à sua frente, sobre a sua vida amorosa. Não a incomoda que todos estejam a ouvir. A certa altura detém-se e depois diz, bastante alto: “E se ele amanhã de manhã me ligar e disser: ‘Tens de escolher. Ou Tamera ou eu!’ O que é que eu faço?”

Os comensais levantam os olhos dos pratos, fitam a rapariga e de bom grado a ajudariam, assim estivessem de posse de todos os dados do problema. Ela fornece-os. “Eu tinha acabado a relação com ele há meses, e pensava que era definitivo, mas ontem ele enviou-me uma mensagem, e eu fiquei tão feliz. Vejam o meu prato. Nem consegui tocar na comida.” E continua, explicando como de repente lhe ocorreu uma maneira de poderem ficar juntos de novo, apesar de ele estar na Estónia e ela aqui, em Tamera, no meio do Alentejo. A rapariga é uma visitante temporária da comunidade, pelo que ninguém a conhece, mas nem por isso deixam de produzir palpites e tiradas filosóficas a propósito do caso, enquanto mastigam alface com couve-flor. “Mmmm. Nham.”

8 portugueses vivem permanentemente em Tamera, comuniadde com 150 pessoas, a maioria alemães

A transparência é um dos lemas de Tamera. Tudo se discute e partilha com a comunidade, dos assuntos práticos aos íntimos. “Os problemas deixam de existir ou ficam muito mais leves, a partir do momento em que os partilhamos”, diz Isabel Rosa, 46 anos, a viver em Tamera há dois e meio. “Vamos aprendendo a tirar as coisas para fora de nós. Vamos perdendo o medo.” Trabalhou em publicidade, em algumas grandes agências, depois como freelancer. A busca de uma vida mais livre e mais autêntica levou-a a várias comunidades na Europa, onde passou temporadas, trocando trabalho por alojamento. Foi nessa fase que passou 15 dias em Tamera. Voltou mais tarde, para ficar. 

É um dos oito portugueses, entre os cerca de 150 habitantes permanentes de Tamera (quase 90 por cento dos quais são alemães). Procurava uma forma de vida alternativa e encontrou-a. Até certo ponto, é possível, num país da civilização ocidental, não estar submetido às leis do mercado, à competição, à mentira e injustiça dominantes, à exploração e à guerra. Não ser cúmplice nem vítima, nem agir contra a Natureza, a humanidade e a nossa consciência. É possível viver fora do sistema. Isabel sente-se bem, sente-se “curada”. De início, pagava os 15 euros mensais exigidos aos “noviços” e que dão direito a alojamento e alimentação. Depois passou ao regime normal, de colaboradora. Trabalha nos serviços administrativos, ajuda nos contactos com os portugueses. Não paga nada e também não recebe (para além de um simbólico pocket money). Em Tamera, não precisa de comprar coisas. Tem dormida, comida, amigos, uma vida cheia e a sensação de estar a participar numa experiência importante, que determinará o futuro dos seres humanos no planeta.

O laboratório do futuro fica no Alentejo? 871617?tp=UH&db=IMAGENS&w=780
As tarefas são divididas pela comunidade, desde "cozinheiros do dia" aos voluntários para lavar a loiça

É uma vida despojada, que muitos veriam como primitiva, mas que para ela e todos os tamerianos significa uma etapa mais avançada, superior, irreversível. Encontram-se no novo campo morfogenético. Às perguntas ignaras que o repórter, ao seu modo arcaico, vai colocando, Isabu, como lhe chamam em Tamera, responde com um sorriso condescendente: “Nós já não dizemos isso. Já não utilizamos essa linguagem.”

A sineta soa novamente para os cozinheiros do dia fazerem o pedido do final da refeição: “Hello lovely people! Precisamos de seis voluntários para lavar a loiça. Anunciamos que há um bolo magnífico como sobremesa, mas temos o dever e a honra de informar que não será servido enquanto não tivermos os seis voluntários.”

Modelo para o mundo

Tamera é uma comunidade de vida alternativa constituída maioritariamente por cidadãos alemães, situada na zona de Odemira, no Alentejo. Ocupa desde 1995 uma propriedade de 136 hectares chamada Monte do Cerro e assume-se como uma grande eco-aldeia, uma comunidade tendencialmente auto-sustentável em termos energéticos e alimentares, um laboratório de energia solar e permacultura e de novas formas de relacionamento humano, que incluem a partilha comunitária e o amor livre. É definida como Centro Internacional de Pesquisa para a Paz, Modelo para o Futuro, Paraíso em Construção e está organizada no terreno por áreas com funções determinadas, como numa cidade, ou melhor, num país. As ruas de terra batida que levantam nuvens de poeira à passagem dos veículos ligam a Cidade do Sol, a Aldeia da Luz, os reservatórios de retenção de água, o Espaço de Arte, o Ashram Político e, situado no ponto mais alto e central, o monumento e retiro espiritual e simbólico designado por Círculo de Pedras.  

Há dez anos, o Monte do Cerro era uma propriedade árida, em acelerado processo de desertificação, à semelhança do que sucede em muitas outras zonas do Alentejo. Hoje, é verde e fértil, pontilhado por lagos aparentemente naturais, que aspergem frescura a toda a volta. Produz a maior parte dos alimentos que consome e tem potencial para muito mais, segundo os especialistas que aqui investigam e trabalham.


Este é o grande exemplo que Tamera tem para mostrar. A experiência impressionante que faz deste local um modelo. “Paremos aqui. Sintam a frescura!”, diz um dos convidados de Bernd Muller, o coordenador principal da Ecologia de Tamera. O grupo de visitantes, ligado a projectos agrícolas na Índia, é levado por um passeio entre os lagos, para aprender as técnicas utilizadas. Bernd, um alemão de 52 anos e olhos azuis faiscantes, explica com rigor e entusiasmo como funcionam os ciclos da água, como a acção do homem tem contrariado esses ciclos, impedindo a permeabilidade dos solos, levando à desertificação e à miséria em muitas regiões do mundo. E como aqui se respeitou a água, devolvendo-lhe o espaço e a liberdade, para que ela possa retribuir com a sua riqueza e poder curativo.

Não devemos contrariar o que a água quer, o que a água gosta. É ela que desenha a forma destes lagos e os canais, sinuosos, que lhe permitem viver.”

Bernd Muller

Parece que estes lagos, ladeados por socalcos verdejantes, sempre aqui estiveram, mas não. A terra era seca, apesar de abundante em chuva no Inverno. A água esvaía-se para outros terrenos, seguindo os declives, transformando o vale numa zona seca, apesar de haver cheias no Inverno. “Esta terra só era produtiva quatro meses por ano”, diz Muller. “Por isso, era preciso importar quase tudo. E o local estava a ser abandonado, como tantos outros nesta e tantas regiões do Sul da Europa.”

Em 2009, fez-se a grande obra. É difícil imaginar o pandemónio que terá sido. Estes pacatos amantes da natureza trouxeram escavadoras, gruas e camiões, e não deixaram podre sobre pedra. Abriram valas profundas, construíram diques e socalcos. Bernd Muller vai explicando com precisão de relojoeiro. Escavado o buraco, ergueu-se o dique de cinco metros de altura, impermeabilizado, numa profundidade de mais de 3,5 metros, com o barro e pedras usados nas primeiras camadas. Por cima, recolocou-se o solo e depois a vegetação. A mesma técnica serviu para os socalcos, construídos em calculado declive, para que a água deslize para o lago, e aí fique retida pelo dique, e entretanto se vá infiltrando no solo adjacente, tornando-o húmido e fértil. “A água nunca salta o dique e encontra o seu caminho”, descreve Bernd, com forte acento poético. “Não devemos contrariar o que a água quer, o que a água gosta. É ela que desenha a forma destes lagos e os canais, sinuosos, que lhe permitem viver.”

A paisagem foi totalmente transformada, com a criação de mais de uma dezena de lagos (deve dizer-se “reservatórios de retenção de água”, porque as regras da União Europeia não permitiriam a criação de lagos artificiais), mas reconstituída segundo os seus próprios processos, com as respectivas camadas de argila, pedras e solo fértil. A água mantém-se agora todo o ano nestes charcos, permitindo o cultivo de árvores e outras plantas nas margens, sem recurso a irrigação.

A obra foi realizada sob a inspiração e supervisão do visionário austríaco Sepp Holzer, um dos inventores do conceito de permacultura, que preconiza a criação de sistemas agrícolas e comunitários sustentáveis. Mas estão presentes outras influências teóricas, como a do australiano David Holmgren, que desenvolveu a teoria dos sistemas sustentáveis, ou de Victor Shauberger, um agricultor austríaco que concebeu técnicas de irrigação baseadas na ideia de que a água é um ser vivo. Bernd di-lo várias vezes, na sua exaltação, a água é um ser vivo, tem certas formas em que gosta de viver, irrita-se se lhe coarctamos os movimentos, provocando inundações, estagna e morre se a forçamos a ficar parada. “A água tem os seus desejos. Se os respeitarmos, se lhe dermos liberdade, ela responderá com um tal vigor e riqueza, que a humanidade inteira nunca mais terá escassez de nada”, remata ele, em palavras que, esvaziadas do fervor poético, talvez deixassem também ir pelo ralo o rigor científico.

A quantidade anual de precipitação em Tamera é idêntica à de Berlim, refere Bernd. “O problema não é a falta de água.” Não há portanto razão para que uma região seja mais próspera do que a outra. “Portugal tem recursos para ser o país mais rico da Europa. E no entanto importa 80 por cento dos alimentos que consome”, acrescenta, numa alusão à eventual incapacidade intrínseca dos seus habitantes, se quiséssemos usar uma lógica reaccionária e obsoleta da linguagem. Nas palavras de Tamera, isto significa que as técnicas aqui usadas podem transformar um deserto numa terra fértil e resgatar da pobreza milhões de seres humanos.


Uma Universidade Solar

Uma riqueza ainda mais óbvia do Alentejo é o sol. Existe aqui a maior exposição solar de toda a Europa. Jurgen Kleinwachter é um cientista de 70 anos que sonha vir a mover o mundo a energia solar. Ele e o pai, Hans, criaram na Alemanha um centro de investigação de astronáutica e energia nuclear cujas invenções viriam a ser usadas nas indústrias bélica e nuclear. A partir dos anos 1980 decidiram dedicar-se apenas à ciência para fins pacíficos e à criação de uma central de energia solar.

“Todos os dias o sol produz energia 15 mil vezes superior à que a humanidade necessita”, diz Jurgen, sentado, com o seu chapéu de cowboy, numa das mesas ao ar livre da Praça do Campo Experimental. Explica como o sol é a origem de tudo, do próprio carvão e do petróleo, usados como combustíveis em fases atrasadas da evolução. Aproveitando a energia directa do sol, o desperdício é muito menor, nada se perde.
Jurgen, que vive na Alemanha e cuja empresa vende painéis solares para aquecimento da água de piscinas e outras funções pouco altruístas, montou em Tamera o seu centro de investigação, em 2001. Que “progride aqui mais rapidamente do que se estivesse ligado a uma universidade”, porque o que se inventa é experimentado e aplicado imediatamente, e exportado para outros lugares onde necessário.

Protocolos com várias universidades permitem estágios e visitas, circulação de investigadores. “O que estamos a criar em Tamera é uma Universidade Solar”, diz Jurgen. Alguns dos seus colaboradores trabalham na criação de um pequeno espelho com uma forma especial, desenvolvida por uma aplicação informática, que permite obter uma temperatura de 1500 graus Celsius.

Mas muitos dos dispositivos criados ou desenvolvidos por Jurgen têm aplicação prática quotidiana em Tamera. No Verão, as cozinhas trabalham com um forno solar. Paul Gisler, o director do grupo de investigação solar de Tamera, mostra a simplicidade de funcionamento do forno. Um grande espelho parabólico acompanha o movimento do sol com a ajuda de um relógio pendular construído com peças de uma velha bicicleta. O espelho concentra os raios de luz na cavidade aberta do forno, que faz ferver um panelão de água em dois minutos. Um pedaço de madeira apanhado do chão fica instantaneamente em chamas, quando Paul o aproxima do ponto de concentração dos raios solares.

Outros espelhos, com recurso a motores Stirling, que utilizam as diferenças térmicas para fazer mover um êmbolo ligado a um pistão, estão ligados a bombas de água ou a produtores de electricidade. O sistema usado na estufa é mais sofisticado. Uma lente em forma de tira ao longo das paredes transparentes faz incidir luz concentrada num tubo por onde circula óleo vegetal. Este óleo quente é usado em motores, ou para cozinhar à noite, ou quando não há luz solar directa. Nos fogões das cozinhas pode ainda ser usado biogás, obtido em reservatórios para onde são conduzidos os dejectos orgânicos, como os restos de comida ou fezes humanas. A fermentação liberta o gás, canalizado para os fogões, além de um líquido fedorento usado como fertilizante. Tudo sem recurso a electricidade exterior ou petróleo, mas apenas a engenho humano e labor de microrganismos na decomposição da matéria. Um verdadeiro projecto multinacional, segundo o comentário de Jurgen, que talvez na linguagem tameriana seja politicamente correcto: “É uma colaboração entre técnicos e cientistas alemães e britânicos e bactérias portuguesas.”

Continuar a ler a chique aqui.

PAULO MOURA (Texto) e MIGUEL MANSO (Fotografia)
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