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A Alemanha precisa de uma nova política externa
Olhar Sines no Futuro :: Categoria :: Mundo :: Europa :: Alemanha
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A Alemanha precisa de uma nova política externa
A Alemanha procura inspiração para uma nova política externa, mas dizer que o executivo de Angela Merkel abraçou este desafio com entusiamo seria um exagero.
Vinte e cinco anos depois da queda do Muro de Berlim, a maior parte dos alemães prefere continuar a esconder-se atrás da História. Vender carros e maquinaria ao estrangeiro é uma coisa, assumir um papel activo num mundo desordenado é outra. A marcha da Rússia sobre a Ucrânia não deixou margem de escolha à chanceler.
Mas quem está a responder pelo Ocidente ao revanchismo de Putin? Angela Merkel. Os EUA e o seu presidente têm mais em que pensar e, para todos os efeitos, a Ucrânia fica em território europeu. Assim sendo, quem liga para Moscovo é Merkel e não Obama. A vida era mais simples no tempo da Guerra Fria, mas desde a queda do muro sucessivos governos têm aliviado a apertada malha constitucional que proíbe a Alemanha de se envolver em guerras estrangeiras. Apesar de ter enviado tropas para o Afeganistão e participado em missões de policiamento em África, Berlim não mudou de registonem de mentalidade. Ou seja, a passividade mantém-se.
A anexação da Crimeia pelo presidente russo e as suas incursões na região leste da Ucrânia mudaram as regras do jogo geopolítico. Putin subverteu o princípio tácito da segurança europeia no pós-guerra, segundo o qual as fronteiras nacionais nunca mais seriam alteradas recorrendo à força. A geografia e o relativo peso económico - bem como a ausência de liderança dos EUA - ditaram o novo papel da Alemanha.
Frank-Walter Steinmeier, ministro dos Negócios Estrangeiros alemão, defende a necessidade de o país actualizar a sua visão do mundo. A Alemanha é demasiado grande e tem uma economia demasiado forte para continuar "a ser um espectador passivo perante o desenrolar dos acontecimentos mundo fora". Steinmeier quer sensibilizar uma opinião pública céptica para a necessidade de o país se envolver activamente nas questões internacionais, mas sem quebrar a tradição do consenso que sempre caracterizou a república federal.
A chanceler tem sido elogiada pela forma como tem conduzido a aplicação das sanções à Rússia. No início foi bastante lenta a reagir, mas desde então tem actuado com firmeza e determinação. No entanto, e mau grado a habilidade diplomática, falta qualquer coisa tanto na forma prudente como Steinmeier procura moldar a opinião pública como no esforço de Merkel em manter a Europa unida. Falta romper com o discurso tradicional que se limita a veicular o sentimento predominante e imprimir uma liderança capaz de traçar um rumo e de fazer escolhas.
O consenso ajuda, sem dúvida, mas não substitui as escolhas políticas. Corremos, pois, o risco de a resposta da Europa à Ucrânia ser motivada pelo menor denominador comum e não por um esforço pragmático para travar Putin. É verdade que o percurso político de Merkel se fez de prudência e reflexão - nunca agir antes de ponderar todas as opções -, e que nunca se deu mal com essa abordagem. Porém, para liderar a política externa europeia é preciso mais do que isso.
É preciso perceber que não fazer nada pode ser mais perigoso do que fazer alguma coisa.
Philip Stephens
00.05 h
Económico
Vinte e cinco anos depois da queda do Muro de Berlim, a maior parte dos alemães prefere continuar a esconder-se atrás da História. Vender carros e maquinaria ao estrangeiro é uma coisa, assumir um papel activo num mundo desordenado é outra. A marcha da Rússia sobre a Ucrânia não deixou margem de escolha à chanceler.
Mas quem está a responder pelo Ocidente ao revanchismo de Putin? Angela Merkel. Os EUA e o seu presidente têm mais em que pensar e, para todos os efeitos, a Ucrânia fica em território europeu. Assim sendo, quem liga para Moscovo é Merkel e não Obama. A vida era mais simples no tempo da Guerra Fria, mas desde a queda do muro sucessivos governos têm aliviado a apertada malha constitucional que proíbe a Alemanha de se envolver em guerras estrangeiras. Apesar de ter enviado tropas para o Afeganistão e participado em missões de policiamento em África, Berlim não mudou de registonem de mentalidade. Ou seja, a passividade mantém-se.
A anexação da Crimeia pelo presidente russo e as suas incursões na região leste da Ucrânia mudaram as regras do jogo geopolítico. Putin subverteu o princípio tácito da segurança europeia no pós-guerra, segundo o qual as fronteiras nacionais nunca mais seriam alteradas recorrendo à força. A geografia e o relativo peso económico - bem como a ausência de liderança dos EUA - ditaram o novo papel da Alemanha.
Frank-Walter Steinmeier, ministro dos Negócios Estrangeiros alemão, defende a necessidade de o país actualizar a sua visão do mundo. A Alemanha é demasiado grande e tem uma economia demasiado forte para continuar "a ser um espectador passivo perante o desenrolar dos acontecimentos mundo fora". Steinmeier quer sensibilizar uma opinião pública céptica para a necessidade de o país se envolver activamente nas questões internacionais, mas sem quebrar a tradição do consenso que sempre caracterizou a república federal.
A chanceler tem sido elogiada pela forma como tem conduzido a aplicação das sanções à Rússia. No início foi bastante lenta a reagir, mas desde então tem actuado com firmeza e determinação. No entanto, e mau grado a habilidade diplomática, falta qualquer coisa tanto na forma prudente como Steinmeier procura moldar a opinião pública como no esforço de Merkel em manter a Europa unida. Falta romper com o discurso tradicional que se limita a veicular o sentimento predominante e imprimir uma liderança capaz de traçar um rumo e de fazer escolhas.
O consenso ajuda, sem dúvida, mas não substitui as escolhas políticas. Corremos, pois, o risco de a resposta da Europa à Ucrânia ser motivada pelo menor denominador comum e não por um esforço pragmático para travar Putin. É verdade que o percurso político de Merkel se fez de prudência e reflexão - nunca agir antes de ponderar todas as opções -, e que nunca se deu mal com essa abordagem. Porém, para liderar a política externa europeia é preciso mais do que isso.
É preciso perceber que não fazer nada pode ser mais perigoso do que fazer alguma coisa.
Philip Stephens
00.05 h
Económico
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